Fórum do Campo Lacaniano de Florianópolis

Пікірлер

@LAURUFFIER Ай бұрын

Mais um ótimo encontro! Muito obrigada aos envolvidos e por compartilharem aqui! Fiquei refletindo e gostaria de compartilhar algumas ideias. Concordo que a escansão pode ser um recurso muito interessante para pontuar, de forma enfática, algo que se destacou na fala do paciente. A partir da surpresa provocada pelo corte, o paciente pode permanecer com o que foi dito e trabalhar seu inconsciente entre uma sessão e outra. Gostei também da discussão sobre os limites e cuidados no uso da escansão. Acho interessante considerar que muitos analistas lacanianos podem acabar esquecendo que a escansão está, na verdade, relacionada à surpresa gerada pela variabilidade da duração das sessões, e não a um outro tipo de enquadre com previsibilidade rígida (i.e., sessões curtas). Como resultado, podem transformar as sessões muito curtas em rotina, o que gera efeitos contrários ao desejado para a análise e para o paciente, como ansiedade ou angústia. Algo que gostaria de acrescentar - e convido quem ler aqui a discutir - é sobre a importância de, em primeiro lugar, privilegiar o encontro entre paciente e analista, antes de aplicar rigidamente qualquer técnica. O que quero dizer com isso? Apesar de achar a técnica da escansão super válida e interessante, considero essencial que, antes de tudo, o analista esteja realmente em contato com o paciente à sua frente e com o momento específico que ele está atravessando, mesmo que já esteja em análise há algum tempo. Reflito que o uso da escansão pelo analista deve (assim como da interpretação) estar, acima de tudo, fundamentado na transferência e exigir muita, mas muita, atenção à contratransferência. Forçar a aplicação da técnica para que o paciente trabalhe seu inconsciente em um momento de crise, por exemplo, pode ser contraproducente e levar à quebra da transferência estabelecida, resultando em uma evasão definitiva do paciente. Penso que, muitas vezes, é necessário escutar de forma acolhedora e reforçar a transferência, para, só então, em um momento mais oportuno, intervir. Esse cuidado evita que o analista, tomado por afetos contratransferenciais - inclusive por sua própria arrogância -, imponha o que acredita que o paciente "deve" ou "pode" enfrentar, ignorando seu contexto de crise. Bom, são apenas reflexões que tenho também como analisanda, a partir dos ressoares positivos e negativos de múltiplas escansões e interpretações que ficaram em mim.