04. O tratamento do trauma para a psicanálise

Neste vídeo, Leopoldo Fulgencio faz alguns comentários sobre o capítulo 4 do livro de Fulgencio & Humberg
Fulgencio, L. (2024). "O tratamento do trauma para a psicanálise". In: Fulgencio, L., & Humber, L. V. (2024). Desenvolvimento Emocional & Prática Psicoterápica na perspectiva psicanalítica de D. W. Winnicott. São Paulo: Blucher.
No “O tratamento do trauma para a psicanálise” me propus fazer um diálogo com as propostas de Bessel Van Der Kolk sobre a questão do trauma, seus impactos e os modos de tratá-lo ou ultrapassá-lo. Depois de apresentar o problema e caracterizar o ponto de vista de Kolk, me dedico a explicitar as características da noção de trauma em Freud e em Winnicott, para no final fazer um diálogo crítico-comparativo entre as duas propostas. Para Kolk, o trauma deixa marcas no cérebro que acabam por reger sentimentos e comportamentos, dificultando uma vida autônoma; será justamente procurando o controle, o desenvolvimento da autoliderança que ele propõe como tratamento. Mostra-se que Freud concebeu a noção de trauma como uma excitação não descarregada, usando a histeria como modelo, e enfatizando que essa noção de trauma é construída com a ajuda de conceitos especulativos. Em seguida comenta-se que para Winnicott o trauma não é pensado em função do ponto de vista econômico, nem basicamente como sendo de natureza sexual, nem centrado no complexo de Édipo, mas diz respeito às falhas ambientais que interrompem a continuidade de ser. Procura-se, nesse sentido, explicitar que a noção de trauma em Winnicott é concebida em termos da quebra na confiabilidade do ambiente com a aniquilação do self. Ao final, tomando o trauma como um acontecimento que aniquila o self, procura-se explicitar o caminho proposto pela psicanálise, no qual espera-se que a experiência traumática possa ser resignifica e incorporada no campo de domínio do self, fazendo que o indivíduo não precise mais se defender ou controlar as marcas do trauma, dado que esse passa a fazer parte harmônica da sua história.
Sumário
Prefácio
Elias Mallet da Rocha Barros & Elisabeth Mallet da Rocha Barros
Introdução
Leopoldo Fulgencio & Lygia Vampré Humberg
Parte I. Leopoldo Fulgencio
1. A ética do cuidado psicanalítico: a conjunção de uma cura pela palavra com uma cura pela experiência
2. A compulsão à repetição como impulso para reparação
3. Vulnerabilidade e Resiliência
4. O tratamento do trauma para a psicanálise
Parte II. Lygia Vampré Humberg
5. Adicções aos objetos e aos outros
6. Tipos de relacionamentos adictivos
7. Tipos de pessoa e tipos de comunicação no processo analítico
8. A Fobia Persistente: o pavor da aniquilação do self
9. Mães de bebês em UTI neonatal
Parte III. Leopoldo Fulgencio & Lygia Vampré Humberg
10. A busca de si-mesmo e da identidade nas transformações corporais
11. Self-harm: uma ação paradoxal que destrói e busca a simesmo