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Um convite que, por si só, pressupõe o outro, mesmo que ele não esteja ali. A língua nos toca, nos envolve. O estopim de Brilha como vida, de Maria Grazia Calandrone, é uma revelação que lhe é feita ainda quando criança por sua mãe: “Mãe revelou Eu não sou a sua Mamãe Verdadeira”. Qual o peso dessas palavras para quem as pronuncia e para quem as escuta? Essa frase do romance concentra toda uma tensão expressada e demarcada pela escolha do uso das letras maiúsculas e dos termos Mãe e Mamãe Verdadeira. Aqui inicia o desequilíbrio da relação, um descompasso que não tem como ficar de fora e é absorvido pela língua literária de Calandrone. A partitura da relação é desestabilizada, os compassos são desfeitos para que se possa seguir com outros andamentos. Talvez por isso a contaminação entre prosa e poesia seja um de seus elementos.