Рет қаралды 208
Hoje no @explicandu uma linda homenagem ao meu amigo e Avô 'Tiquinca' (Joaquim Gonçalves).
No final do ano de 2023, Tiquinca deixou nossos corações cheios de saudades e desde então tenho pensado em um jeito de confortar meu coração...e foi tocando em seu cavaquinho que canção "A filha do Antônio" nasceu. Assim como "Diante do Sacrário" e "Os sete Sacramentos". Sim! as três canções surgiram enquanto eu tentava alguns acordes no cavaquinho do Tiquinca.
Fazendo uso de uma cacofonia (ruídos desagradáveis e/ou feios de uma união harmônica de sons produzidos por palavras) popular muito usada no passado, a qual meu avô chorava de rir em repetir, eu inspirado por ela construí "A filha do Antônio".
Espero que essa música também traga boas lembranças aos corações de vocês, pois provavelmente um avô, avó, tios mais velhos já citaram esses versos! Se gostar, curta o vídeo e compartilhe ;) Abaixo está a letra com e sem a cacofonia e também seus sentidos.
A filha do Antônio (cacofonia popular)
Eu fui na cerca pra poder tirar o boi
E não sei como é que foi que tudo aconteceu
A ‘fia’ do ‘Antônho’ ‘evinha’ vindo
E pela cara da ‘muié’, o melão virou pepino.
Ela disse: _meu ‘cumpade’ eu tô indo para
Um julgamento, pois não sou jumento
pra ninguém tratar assim.
O dia ‘tava’ nublado, o café tava ‘cuado’
Só ‘farto’ a companhia.
Eu fui ‘cum’ ‘mia’ ‘fia’ e ‘cumade’ ‘cá’ dela
‘Tomemo’ café e ‘fumo’ e apressava ela...
‘Cá’ vara de ‘tocá’ gado eu topei dando
‘Seu’ juiz deixa eu ir ‘mi’ já que tá pingando! (BIS)
Depois eu entendi o que aconteceu,
Naquele dia choveu e as ‘muié’ ‘moiô!’
Pegaram emprestado a minha vara
Pra tocar boiada e meu cavalo marchador.
A ‘fia’ do ‘Antônho’ passou mal depois
Que se ‘alembrou’ que tinha cobertor
E muita roupa no varal.
O juíz de boca aberta:
_’Muié,’ que conversa é essa?
E a ‘fia’ do ‘Antônho’ repetiu assim:
Eu fui ‘cum’ ‘mia’ ‘fia’ e ‘cumade’ ‘cá’ dela
‘Tomemo’ café e ‘fumo’ e apressava ela...
‘Cá’ vara de ‘tocá’ gado eu topei dando
‘Seu’ juiz deixa eu ir ‘mi’ já que tá pingando! (BIS 2x)
(declamado)
Ôh! ‘Cumpá’ ‘Quinca’, num é que ‘ustrurdia’
Topei ‘cum’ juíz Zeca ‘Gome’ e nem fé deu!
Ah, ‘mai’ ‘cum’ a vara de ‘tocá’ gado eu topei dando!
Agora ninguém me segura!
Acho que agora eu vou pra frente!
REMOVENDO A CACOFONIA E O ‘MINEIRÊS’
Eu fui à cerca pra poder tirar o boi
E não sei como é que foi que tudo aconteceu
A filha do Antônio estava vindo
E pela cara da mulher, o melão virou pepino.
(sentido - A filha do Antônio trazia no rosto uma expressão de braveza, raiva, etc.)
Ela disse: _meu compadre eu estou indo para
Um julgamento, pois não sou jumento
pra ninguém tratar assim.
(sentido - tratada com indiferença, ela busca justiça e apresentar-se-á diante de um juiz)
O dia estava nublado, o café tava coado,
Só faltou a companhia.
Eu fui com a minha filha e a comadre com a dela
tomamos café e fomos e apressava ela...
Com a vara de tocar gado eu topei dando
Senhor juiz deixa eu ir-me já que está pingando! (BIS)
(sentido - acompanhada das filhas, após um apressado café, montamos nos cavalos e fazendo uso de uma vara destinada a tocar o gado com um leve toque ou espetada, topamos a dar, ou seja, demos varadas nos cavalos para fazê-los correr devido á pressa. O pingar remete ao início de uma chuva).
Depois eu entendi o que aconteceu,
Naquele dia choveu e as mulheres molharam!
Pegaram emprestado a minha vara
Pra tocar boiada e meu cavalo marchador.
A filha do Antônio passou mal depois
Que se lembrou que tinha cobertor
E muita roupa no varal.
O juiz de boca aberta:
_Mulher, que conversa é essa?
E a filha do Antônio repetiu assim:
(sentido - A filha do Antônio desejava chegar rápido em casa, pois queria remover a roupa do varal para evitar que a chuva as molhasse, por isso pede ao juiz para se retirar do tribunal, pois ela percebeu que já estava pingando - início da chuva)
Eu fui com a minha filha e a comadre com a dela
tomamos café e fomos e apressava ela...
Com a vara de tocar gado eu topei dando
Senhor juiz deixa eu ir-me já que está pingando! (BIS 2x)
(sentido - acompanhada das filhas, após um apressado café, montamos nos cavalos e fazendo uso de uma vara destinada a tocar o gado com um leve toque ou espetada, topamos a dar, ou seja, demos varadas nos cavalos para fazê-los correr devido á pressa. O pingar remete ao início de uma chuva).
(declamado)
Ôh! compadre Tiquinca, não é que outro dia
Eu topei com o juiz Zeca Gomes e ele nem fé deu!
Ah, mais com a vara de tocar gado eu topei dando!
Agora ninguém me segura!
Acho que agora eu vou pra frente!
(sentido - o personagem Tiduca, que narra à história, conversa com seu parceiro Tiquinca e conta que em um determinado dia, após o julgamento, encontrou-se com o juiz Zeca e que o mesmo não demonstrou muita fé diante do caso da filha do Antônio.)
*Toda a canção (letra e melodia) é de autoria de Dudu Rodrigues com exceção do refrão que se trata de uma cacofonia popular muito difundida na primeira metade do século XX.