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00:18 - Mapa do Coração
02:42 - O Fado da Procura
04:30 - Os Búzios
08:11 - E Viemos Nascidos do Mar
11:15 - Primeira Vez
14:42 - A Sós com a Noite
"Para Além da Saudade" - Ana Moura no Forte da Trafaria, 2007
Ana Moura (voz)
Custódio Castelo (guitarra portuguesa)
Jorge Fernando (viola fado)
Filipe Larsen (baixo)
__ Mapa do Coração __
Composição: Nuno Miguel Guedes / José Blanc
Não há vocábulo maior
Nem força do universo
Pra traduzir esse verso
Que confunde amor e dor
Albergue de quem é triste
Fortuna do condenado
Que vê no espelho do fado
A alma que em si existe
Queria poder dizer
O que essa voz me diz
Estrela de um dia feliz
Ou de um doce entristecer
Fica-me a louca missão
Desejo mais ousado
De poder cantar num fado
O mapa do coração
__ O fado da procura __
Composição: Amélia Muge
Mas porque é que a gente não se encontra?
No largo da Bica fui-te procurar
Campo de Cebolas e eu sem te encontrar
Eu fui mesmo até à casa do fado
Mas tu não estavas em nenhum lado
Mas porque é que a gente não se encontra?
Mas porque é que a gente não se encontra?
Já estou sem saber o que hei de fazer
Se seguir em frente, ai madre de Deus
Se voltar atrás, ai Chiados meus
E o rio diz: que tarde infeliz
Mas porque é que a gente não se encontra?
Mas porque é que a gente não se encontra?
Já estou farta disto, farta de verdade
Vou beber a bica, sentar e pensar
Ver se esta saudade, ai fica ou não fica
E talvez sem querer, não querem lá ver
Sem te procurar te veja passar
Sem te procurar te veja passar
__ Os Búzios __
Composição: Jorge Fernando
Havia a solidão da prece no olhar triste
Como se os seus olhos fossem as portas do pranto
Sinal da cruz que persiste, os dedos contra o quebranto
E os búzios que a velha lançava sobre um velho manto
À espreita está um grande amor mas guarda segredo
Vazio tens o teu coração na ponta do medo
Vê como os búzios caíram virados p'ra norte
Pois eu vou mexer o destino, vou mudar-te a sorte
Havia um desespero intenso na sua voz
O quarto cheirava a incenso, mais uns quantos pós
A velha agitava o lenço, dobrou-o, deu-lhe dois nós
E o seu pai de santo falou usando-lhe a voz
À espreita está um grande amor mas guarda segredo
Vazio tens o teu coração na ponta do medo
Vê como os búzios caíram virados p'ra norte
Pois eu vou mexer o destino, vou mudar-te a sorte
__ E viemos nascidos do mar __
Composição: Fausto Bordalo Dias
E muito se espantam da nossa brancura
entretanto
e muito pasmavam de olhar
olhos claros assim
palpavam as mãos e os braços
e outras partes
portanto
esfregavam de cuspo minha pele
para ver se era
enfim
uma tinta
ou se era de estampa
uma carne tão branca
vendo assim que era branco
o meu corpo
e a brancura de então
extasiam
e muito se pasmam
de tudo em admiração
E uns escondem as suas vergonhas
cobertas de estopas
e eram grandes e gordos
e baços
e enxutos
os pretos
pelas ventosidades
confundem traseiros e bocas
e tapam aqueles e estas
dobram calafetos
e os mais pardos
lá vão quase nus
vão ao léu gabirus
e de tetas até à cintura
há mulheres crepitantes
tão desnudas
meneiam na dança
o seu corpo dançante
E éramos brancos de assombro
e nascidos do mar
pelas naves
guiados pelos ventos do céu
e pelo voo das aves
__ Primeira vez __
Composição: Mário Raínho / Frederico de Brito
Primeiro foi um sorriso
Depois quase sem aviso
É que o beijo aconteceu
Nesse infinito segundo
Fora de mim e do mundo
Minha voz emudeceu
Ficaram gestos suspensos
E os desejos imensos
Como poemas calados
Teceram a melodia
Enquanto a lua vestia
Nossos corpos desnudados
Duas estrelas no meu peito
No teu meu anjo perfeito
A voz do búzio escondido
Os lençóis ondas de mar
Onde fomos naufragar
Como dois barcos perdidos
Os lençóis ondas de mar
Onde fomos naufragar
Todos os nossos sentidos
__ A sós com a noite __
Composição: Jorge Fernando
A luz que se arredonda
Alongando-me a sombra sozinha
A saudade a bater
Uma dor que ao doer é só minha
Um desvio inquieto
Um olhar indiscreto na esquina
Um rapaz de blusão
Arrastando pela mão a menina
Passa um velho a pedir
Incapaz de sorrir p´los passeios
Um travesti que quer
Assumir-se mulher sem receios
O alarme de um carro
Um cigarro apagado indulgente
Um cheiro inusitado
O semáforo fechado p´ra gente
Sobe o fado de tom
E o fadista que é bom improvisa
Estão em saldos sapatos
Desce o preço dos fatos de cor lisa
Um elétrico cheio
Uma voz de permeio vai chover
Bate forte a saudade
Como é grande vontade de te ver
“Música feita em Portugal”
Criei este canal apenas para divulgar a música nacional, a língua portuguesa e a cultura lusófona. A seleção do repertório retrata uma opção estética meramente pessoal… Como não pretendo ganhar qualquer dinheiro com os vídeos, todos os benefícios são rentabilizados pelos “proprietários dos direitos de autor”.