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Grande Internação
Contexto Histórico e Filosófico
No século XVII, a sociedade europeia passou por uma transformação significativa na maneira como tratava a loucura e a pobreza. Durante a Renascença, havia uma certa liberdade para a loucura, vista como uma condição de erro ou sonho. No entanto, com a era clássica, especialmente com Descartes, houve uma mudança. Descartes separa a loucura de outros tipos de erro e sonho, alegando que, ao contrário de erros sensoriais e sonhos, a loucura não pode afetar o pensador racional, pois é uma condição que impossibilita o pensamento racional.
Criação do Hospital Geral
Em 1656, foi fundado o Hospital Geral em Paris, um estabelecimento não médico que atuava como uma entidade administrativa e judicial. Esta instituição não se destinava apenas a cuidar dos doentes, mas também a recolher, alojar e, de certa forma, controlar os pobres, mendigos, desempregados, e, eventualmente, os loucos. Em toda a França, essas casas de internamento se multiplicaram, criando uma rede de instituições destinadas a lidar com a pobreza e a ociosidade.
Função Social e Econômica
Essas instituições foram uma resposta à crise econômica que atingiu a Europa no século XVII. O internamento tinha a função de reprimir a ociosidade e obrigar os internados a trabalhar, buscando controlar o desemprego e os preços de produção. No entanto, esses esforços muitas vezes falharam em seus objetivos econômicos e produtivos, transformando-se em locais de ociosidade obrigatória.
Perspectiva Moral e Ética
A sociedade clássica via o trabalho como uma solução moral e ética para a pobreza e a ociosidade. O trabalho era visto como um remédio para todos os males sociais, uma penitência necessária para redimir a alma humana após a queda de Adão. A ociosidade, por outro lado, era percebida como a maior de todas as revoltas contra Deus, e a obrigação do trabalho nos hospitais gerais era uma forma de impor uma disciplina moral.
Impacto na Loucura
A loucura, vista sob o prisma da ociosidade e da pobreza, foi incluída nessa grande internação. Os loucos foram misturados com pobres e ociosos e submetidos às mesmas regras de trabalho forçado. Com o tempo, a loucura começou a ser percebida e tratada de forma diferente, mas o internamento marcou o início de uma nova sensibilidade e abordagem em relação aos desajustados sociais.
Conclusão
A grande internação foi um evento decisivo na história da loucura, marcando a transição da percepção da loucura de uma condição quase mística para uma questão social e moral. A criação dos hospitais gerais e a política de internamento refletiram uma tentativa de impor uma ordem moral rígida e controlada, onde a loucura e a pobreza eram tratadas como desordens a serem corrigidas através do trabalho e da disciplina.