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Byung-Chul Han • Hiperculturalidade [20. Soleira]
HAN, B, C. Hiperculturalidade. Petrópolis: Vozes, 2019 [2005].
“Em ‘A coisa’, Heidegger organiza as coisas em quatro grupos: 1) ‘o jarro e o banco, o trapiche, o arado’; 2) ‘a árvore e o lago, o córrego e a montanha’; 3) ‘garça e cervo, cavalo e touro’; 4) ‘espelho e fecho, livro e imagem, coroa e cruz’. A essência da coisa consiste, segundo Heidegger, em espelhar o mundo em si. [...] O primeiro grupo consiste de coisas feitas pelos humanos e reflete o mundo camponês ileso. [...] O segundo e o terceiro grupo de coisas constituem coisas animadas e inanimadas da natureza estritamente selecionadas. [...] O quarto grupo de coisas reúne as coisas-cultura.” (Posição 1233).
“O mundo de Heidegger é, além disso, de modo característico mudo e quieto. Não há algazarra. Essa quietude reforça a impressão da simplicidade da ordem do mundo. Como mônadas, as coisas espelham silenciosamente o mundo a partir de si. Elas não falam umas com as outras. Não olham ao redor. Têm um espelho, mas não janela. O ‘windowing’ ou a ‘intertwingularity’ seriam bastante estrangeiras para as coisas de Heidegger. Elas significam apenas dispersão e decadência.” (Posição 1251).
“A soleira é, segundo a etimologia, a viga fundamental da casa que atravessa, na condição de suporte da construção, também a porta. Assim, a soleira resguarda o interior da casa, sustentando a própria casa. A soleira, em Heidegger, se transforma em um entre-espaço no qual o dentro e o fora se confrontam. Apesar do entre, Heidegger não deixou de ser um filósofo da casa. Sua abertura para o fora restringe-se à abertura da soleira hesitante.” (Posição 1263).