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Em meio a tantos ruídos estranhos à nossa cultura, alguns bem desagradáveis, a gente descobre que ainda existem coisas diferentes e interessantes para ouvir e aplaudir. Como esta maneira de cantar, nascida nas regiões mineradoras do estado de Minas Gerais: uma mistura de batuques afro-brasileiros, vissungos de ofensa dos escravos e despique português, ou seja, o calango mineiro, que se espalhou ao longo de toda a Estrada Real graças às incansáveis idas e vindas dos tropeiros.
Neste vídeo são apresentadas as músicas: ‘Calango Mineiro na Linha do A’ (Turano, Turany e Eranilson) e trechos de ‘Dança da Minha Terra’ (Turano, Francisco Monteiro e Zé Pitanga) e ‘Ninguém Fala do Calango’ (Turano e Bacarin). Ao mesmo tempo, faz-se uma saudação a todos os calangueiros, desde Luiz Gonzaga e Ernesto Villela até Zé Coco do Riachão, Teo Azevedo e Turano Calangueiro. Todo mundo, incluindo os milhares de calangueiros anônimos e aqueles cujos nomes não tenham sido lembrados. Apesar de inevitáveis, se constatados os imperdoáveis esquecimentos, por favor, usem a parte de comentários para reclamar, mas não se esqueçam de citar os nomes que não deveriam ter sido esquecidos. Numa outra oportunidade, vamos corrigir as falhas.
Quando lançaram o sensacional disco SHOW DE CALANGO, Turano e seus parceiros não planejavam documentar o calango. Fosse essa a intenção, os instrumentos escolhidos teriam sido apenas a sanfona de oito baixos, o violão, o cavaquinho, o pandeiro e, talvez, uma caixa de folia. O que esperavam era somente fazer uma boa música, com boa aceitação. Mas acabou sendo muito mais do que isso. Tornou-se uma referência para o tipo de calango cantado na Zona da Mata Mineira. Virou documento. Na música ‘Calango Mineiro na Linha do A’, Turano Calangueiro, Turany e Eranilson fizeram um ótimo apanhado dos principais temas dessa linha de calango. Esses versos compõem o arcabouço dessa modalidade de desafio de calango. O desafiante lança um desses versos, não importa muito a ordem; e o desafiado responde com uma outra parte do esboço, mas de modo a fazer sentido e, de preferência, que fique engraçado. Muita coisa é inventada na hora.
Por exemplo, em um desafio, Ernesto Villela canta para Curisco:
“Eu nasci de sete meis
Fui criado sem mamá
Eu tenho sessenta ano
Inda tô sem batizá
Quem quisé sabê meu nome
Vá lá em casa meu xará
Eu me chamo tira-prosa
Quem quisé me isprementá.”
E Curisco responde:
“Faço galo botá ovo
Pra galinha descansá
Faço padre dizê missa
Sem vela nem catiçá
Sacristão rezá o terço
Sem tê santo no artá.”
(Revista Cantareira: Revista Discente do Departamento de História da UFF Volume 1 - Número 1 - Ano 2009 www.historia.uf...)
No vídeo Buteco, cachaça e calango (está no KZbin), um dos calangueiros canta:
“Chora calango
Chora calango vem cá
Eu mato sem fazê sangue
Engulo sem mastigá
Eu nasci de sete meis
Fui criado sem mamá
Sete metros de coberta
Inda num deu pra m’enrolá.”
NOTA: vídeo de interesse cultural, sem fins lucrativos.
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