Parece-me que a cada dia que passa o conceito de espectro tem sido mais utilizado nas ciências da saúde. Especialmente no que tange às chamadas doenças crônicas ("meu diabetes está bem controlado e é mais leve que o do outro paciente "; "minha enxaqueca há muito me provoca senão leves dores de cabeça, bem mais brandas que ano passado "; o espectro das doenças autoimunes etc...) No modelo tradicional de doente/ não doente, positivo /negativo ficam no meio do caminho "estados fronteiriços ou da zona cinzenta ou na penumbra " que seriam órfãos de "diagnóstico " e,consequentemente, de tratamento . Isso tudo nas chamadas doenças "orgânicas ". Quando adentramos o universo das "doenças mentais", aí então se manifesta a complexa singularidade de cada sujeito mais que nunca...o subjetivo deixa o clínico qual investigador que encontra base na literatura científica porém,a cada novo passo em direção ao ser que sofre diante dele , um paradoxal aumento do controle sobre o diagnóstico e terapêutica mas um certo desalento sobre a subjetiva apresentação do sintoma. Bater o martelo parece muito mais uma necessidade do que uma verdadeira determinação do rótulo nosologico. Donde se conclui que é uma permanente experimentação. Sugestão de leitura " O normal e o patológico " (Canguilhem).