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Cinedebate sobre o filme 'Lei da Água', de André D’Elia
Realizado pela 'Associação Filosófica Scientia e Studia' e por 'Outras Palavras'
Debatedores:
A jornalista Ângela Pappiani, que vive há décadas em contato com populações indígenas e cujo trabalho tem natureza antropológica (veja seus artigos em Outras Palavras), falará sobre a relação entre os povos originários e o clima. Ela relatará como, em suas própria atividades produtivas, estes povos estabelecem com a natureza uma relação em que não a veem como “recurso”. Por isso, respeitam limites há muito ultrapassados nas sociedades em que a ética dominante é a dos mercados. Ângela também narrará algo grave: os diversos casos, vividos por ela, em que as mudanças climáticas já perturbam comunidades indígenas. No Alto Xingu, por exemplo, secas extraordinárias já inviabilizaram a produção de mandioca dos Mehinaku, que têm nesta planta seu alimento essencial. Ventos nunca antes vistos, em forma de ciclone, extirpam o teto de palha das grandes ocas comunitárias.
Márcio Automare, economista e pesquisador associado ao Grupo de Pesquisa Filosofia, História e Sociologia da Ciência e da Tecnologia do Instituto de Estudos Avançados (IEA/USP), reportará sua pesquisa sobre a evolução (?) das leis ambientais brasileiras, desde a chegada dos europeus. Ele afirma, por exemplo: “Nossas milhares de regulações começam 1503, sendo no meu entender a melhor editada o Felipe II (1605), durante período que a Espanha reinou/governou Portugal. Simplesmente Felipe II proibiu a extração e exportação do Pau-brasil. Tal medida durou até 1640, quando os portugueses retomaram o governo das suas colônias e de imediato cassaram tal proibição, voltando a exportar o Pau-brasil. Trazendo para o contexto atual, semelhante ao que você faz hoje a agricultura e pecuária industrial, comandado pelo trágico agronegócio”. Márcio também mostrará as diferença entre o Código Florestal que vigorou até 2012 e o atual, assinado por Dilma Roussef, atropelado permanentemente pelos ruralistas. Ainda há pouco, o senador Flávio Bolsonaro, tentou dispensar a necessidade de se manter áreas de reservas florestais em propriedades rurais.
Já Gerson Oliveira, que integra a coordenação estadual do MST-SP e é um dos coordenadores do Acampamento Marielle Vive, poderá abordar um assunto que desperta cada vez mais atenção entre o público urbano: a proposta dos sem-terra para uma reorganização completa da Agricultura brasileira. Ela implica, é claro, a desconcentração da propriedade rural, por meio de uma Reforma Agrária. Mas vai muito além do combate ao latifúndio. Sugere o cooperativismo como forma principal de propriedade; a produção orgânica, ao invés do uso maciço de agrotóxicos; impostos sobre a exportação de commodities, para estimular a produção de alimentos. Este projeto já está em prática, em diversas regiões do Brasil. É ele, por exemplo, que converteu o MST no maior produtor de arroz orgânico da América Latina; ou que produziu um evento de enorme repercussão - a Feira Nacional de Reforma Agrária. Proibida este ano, pelo governador de São Paulo, João Dória, ela voltará com ainda mais força, em 2020.