Clarice Lispector- Contos #9 Ele me Bebeu (Audiobook)

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Canecas Books

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Күн бұрын

Пікірлер: 29
@hiranpinel9898
@hiranpinel9898 6 жыл бұрын
lindo demais... duas deusas: Lispector e Balabanian
@marcoscamargo3026
@marcoscamargo3026 4 жыл бұрын
Cada vez mais, ao ouvir um conto surpreendente de Clarice Lispector, sinto que há um renascimento. Alguma coisa já não permanece a mesma. Fez-se a magia.
@ratimbumshow
@ratimbumshow 6 жыл бұрын
Conto sobre o amor proibido que Clarice teve por um homossexual ❤️
@Euthaiscristina_
@Euthaiscristina_ 5 жыл бұрын
Exato assim, que comecei a ouvir ja soube na hora que era sobre ele
@maumarcel
@maumarcel 4 жыл бұрын
Beber alguém até esvaziá-la. Obrigar a renascer. Grandioso conto.
@beatrizdumbra1518
@beatrizdumbra1518 3 жыл бұрын
É. Aconteceu mesmo. Serjoca era maquilador de mulheres. Mas não queria nada com mulheres. Queria homens. E maquilava Aurélia Nascimento. Aurélia era bonita e, maquilada, ficava deslumbrante. Era loura, usava peruca e cílios postiços. Ficaram amigos. Saíam juntos, essa coisa de ir jantar em boates. Todas as vezes que Aurélia queria ficar linda ligava para Serjoca. Serjoca também era bonito. Era magro e alto. E assim corriam as coisas. Um telefonema e marcavam encontro. Ela se vestia bem, era caprichada. Usava lentes de contato. E seios postiços. Mas os seus mesmos eram lindos, pontudos. Só usava os postiços porque tinha pouco busto. Sua boca era um botão de vermelha rosa. E os dentes grandes, brancos. Um dia, às seis horas da tarde, na hora do pior trânsito, Aurélia e Serjoca estavam em pé junto do Copacabana Palace e esperavam inutilmente um táxi. Serjoca, de cansaço, encostara-se numa árvore. Aurélia impaciente. Sugeriu que dessem ao porteiro dez cruzeiros para que ele lhes arranjasse uma condução. Serjoca negou: era duro para soltar dinheiro. Eram quase sete horas. Escurecia. O que fazer? Perto deles estava Affonso Carvalho. Industrial de metalurgia. Esperava o seu Mercedes com chofer. Fazia calor, o carro era refrigerado, tinha telefone e geladeira. Affonso fizera quarenta anos no dia anterior. Viu a impaciência de Aurélia que batia com os pés na calçada. Interessante essa mulher, pensou Affonso. E quer carro. Dirigiu-se a ela: - A senhorita está achando dificuldade de condução? - Estou aqui desde as seis horas e nada de um táxi passar e nos pegar! Já não agüento mais. - Meu chofer vem daqui a pouco, disse Affonso. Posso levá-los a alguma parte? - Eu lhe agradeceria muito, inclusive porque estou com dor no pé. Mas não disse que tinha calos. Escondeu o defeito. Estava maquiladíssima e olhou com desejo o homem. Serjoca muito calado. Afinal veio o chofer, desceu, abriu a porta do carro. Entraram os três. Ela na frente, ao lado do chofer, os dois atrás. Tirou discretamente o sapato e suspirou de alívio. - Para onde vocês querem ir? - Não temos propriamente destino, disse Aurélia cada vez mais acesa pela cara máscula de Affonso. Ele disse: - E se fôssemos ao Number One tomar um drinque? - Eu adoraria, disse Aurélia. Você não gostaria, Serjoca? - É claro, preciso de uma bebida forte. Então foram para a boate, a essa hora quase vazia. E conversaram. Affonso falou de metalurgia. Os outros dois não entendiam nada. Mas fingiam entender. Era tedioso. Mas Affonso estava entusiasmado e, embaixo da mesa, encostou o pé no pé de Aurélia. Justo o pé que tinha calo. Ela correspondeu, excitada. Aí Affonso disse: - E se fôssemos jantar na minha casa? Tenho hoje escargots e frango com trufas. Que tal? - Estou esfaimada. E Serjoca mudo. Estava também aceso por Affonso. O apartamento era atapetado de branco e lá havia escultura de Bruno Giorgi. Sentaram-se, tomaram outro drinque e foram para a sala de jantar. Mesa de jacarandá. Garçom servindo à esquerda. Serjoca não sabia comer escargots e atrapalhou-se todo com os talheres especiais. Não gostou. Mas Aurélia gostou muito, se bem que tivesse medo de ter hálito de alho. Mas beberam champanha francesa durante o jantar todo. Ninguém quis sobremesa, queriam apenas café. E foram para a sala. Aí Serjoca se animou. E começou a falar que não acabava mais. Lançava olhos lânguidos para o industrial. Este ficou espantado com a eloqüência do rapaz bonito. No dia seguinte telefonaria para Aurélia para lhe dizer: o Serjoca é um amor de pessoa. E marcaram novo encontro. Desta vez num restaurante, o Albamar. Comeram ostras para começar. De novo Serjoca teve dificuldade de comer as ostras. Sou um errado, pensou. Mas antes de se encontrarem, Aurélia telefonou para Serjoca: precisava de maquilagem urgente. Ele foi à sua casa. Então, enquanto era maquilada, pensou: Serjoca está me tirando o rosto. A impressão era a de que ele apagava os seus traços: vazia, uma cara só de carne. Carne morena. Sentiu mal-estar. Pediu licença e foi ao banheiro para se olhar ao espelho. Era isso mesmo que ela imaginara: Serjoca tinha anulado o seu rosto. Mesmo os ossos - e tinha uma ossatura espetacular - mesmo os ossos tinham desaparecido. Ele está me bebendo, pensou, ele vai me destruir. E é por causa do Affonso. Voltou sem graça. No restaurante quase não falou. Affonso falava mais com Serjoca, mal olhava para Aurélia: estava interessado no rapaz. Enfim, enfim acabou o almoço. Serjoca marcou encontro com Affonso para de noite. Aurélia disse que não podia ir, estava cansada. Era mentira: não ia porque não tinha cara para mostrar. Chegou em casa, tomou um longo banho de imersão com espuma, ficou pensando: daqui a pouco ele me tira o corpo também. O que fazer para recuperar o que fora seu? A sua individualidade? Saiu da banheira pensativa. Enxugou-se com uma toalha enorme, vermelha. Sempre pensativa. Pesou-se na balança: estava com bom peso. Daí a pouco ele me tira também o peso, pensou. Foi ao espelho. Olhou-se profundamente. Mas ela não era mais nada. - Então - então de súbito deu uma bruta bofetada no lado esquerdo do rosto. Para se acordar. Ficou parada olhando-se. E, como se não bastasse, deu mais duas bofetadas na cara. Para encontrar-se. E realmente aconteceu. No espelho viu enfim um rosto humano, triste, delicado. Ela era Aurélia Nascimento. Acabara de nascer. Nas-ci-men-to.
@alexandremarcos1843
@alexandremarcos1843 6 жыл бұрын
Clarice , cada vez mais me apaixono por você . És IMORTAL !
@pedrocmpns
@pedrocmpns 4 жыл бұрын
Não me canso de ouvir isso...perfeito demais como tudo de Clarice.
@laismenddesouza
@laismenddesouza 4 жыл бұрын
perfeito continue com os audiobooks dos contos pfv
@marciosonyc7152
@marciosonyc7152 4 жыл бұрын
Encantado!!
@lunnam.m3239
@lunnam.m3239 4 жыл бұрын
É uma hora a gente precisa acordar!
@aertonsantos2127
@aertonsantos2127 5 жыл бұрын
MAGNIFICAS
@beaterueoli519
@beaterueoli519 7 жыл бұрын
Qué maravilla '' Muito obrigada
@solangesoares4579
@solangesoares4579 4 жыл бұрын
MARAVILHOSO!!!
@guilhermezrenner881
@guilhermezrenner881 7 жыл бұрын
BRAVO!!!
@zisw.9133
@zisw.9133 4 жыл бұрын
Seria pedir muito colocar isso td no Spotify?
@beatrizdumbra1518
@beatrizdumbra1518 3 жыл бұрын
Seria um pedido maravilhoso
@jhusielvessousa9332
@jhusielvessousa9332 5 жыл бұрын
Perfeita!!
@rubiarubiacorreia5484
@rubiarubiacorreia5484 3 жыл бұрын
Amo os Contos da Carisse
@rauancf
@rauancf 3 жыл бұрын
Q lindo
@anaclaudiavieirasilvasimoe2872
@anaclaudiavieirasilvasimoe2872 3 жыл бұрын
Gratidão
@aertonsantos2127
@aertonsantos2127 6 жыл бұрын
formidavel....................................................................
@aparecidarodrigues6824
@aparecidarodrigues6824 5 жыл бұрын
Amo muito todos os contos de Clarice!!!
@aertonsantos2127
@aertonsantos2127 4 жыл бұрын
@@aparecidarodrigues6824 somos dois, e mais um trilhão.....bjs
@jocost.5613
@jocost.5613 4 ай бұрын
Isso sim é ótima narração. Esses audiobooks da Rocco são péssimos. O povo só lê, não dramatiza.
@AmiltoAntonioBrandao
@AmiltoAntonioBrandao 5 жыл бұрын
❤❤❤
@ruthdias8320
@ruthdias8320 3 жыл бұрын
Clarice.....
@julianacamposvictor3755
@julianacamposvictor3755 6 жыл бұрын
04/01/19
@jeanmartins6970
@jeanmartins6970 2 ай бұрын
❤❤❤❤❤❤❤❤
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