O que você precisa saber sobre a Gramática

Nesta conversa sobre a arte da Gramática, os professor Mário Carbonera e Eduardo Rocha falam sobre a função da arte, tão mal compreendida nos dias de hoje, vítima que é da confusão mental, muitas vezes acadêmica. Alguns, querendo problematizar, problematizaram mesmo, e tornaram a função da Gramática, que é simples e cristalina, em algo desnecessariamente obscuro.
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[@pensecomgil]

Muito boa a conversa. O ponto em que vocês se referem à necessidade de fazer bom uso da gramática como a aplicação da concordância de número e como isso pode afetar a clareza do texto é a explicação que sinto ser mais pertinente ao uso da gramática mesma. Sendo o texto uma representação simbólica da realidade e considerando a densidade que ele pode assumir em diversos casos, a ordem, a clareza etc. devem ser seguidas para ordenar a representação do objeto em nossas mentes. A construção intelectual não pode ser feita apenas com a intuição - sem conhecimento explícito de gramática, porque a densidade formal da língua simplesmente nos paralisa em alguns momentos, impedindo que do texto intelijamos algo.

[@mariolucascarbonera1788]

No caso, concordância é apenas um aspecto, mas não o mais importante, da gramática. Ele é muito atacado por professores na academia, alguns dos quais pregam que não é lá algo sem importância alguma. Por isso mencionamos. Mas a gramática, e até a sintaxe, vai muito além disso.

[@pensecomgil]

@@mariolucascarbonera1788 Concordo, professor. Quis fazer referência a como a gramática é uma ferramenta indispensável de análise semântica dos textos para com isso refletir a realidade. E seu exemplo da concordância foi uma pequena amostra de toda densidade semântica presente em cada morfema, sem mencionar as relações sintáticas dos termos da oração ou a relação das orações em si. Parabéns pelo trabalho.

[@simpson402]

é de menino que torce o pepino. eu fui analfabetizado em 1981, comecei a estudar orações em 1984 e, apesar da boa vontade da Tia Márcia, tinha um problema lá, a saber: ou ela não sabia ensinar ou eu não sabia aprender, logo precisaríamos de duas ações: eu aprender e ela ensinar.

[@mariolucascarbonera1788]

De fato, mas eu recebi o que considero uma educação gramatical precária (que fez um par perfeito com minha falta de interesse na época), mas com o tempo a fui consertando na medida do possível.

[@moacirbarbosacastro8923]

​@@mariolucascarbonera1788 Li muito em inglês, por muitos anos, e desenvolvi minhas habilidades no inglês a níveis muito mais altos do que em português. Através do inglês eu consigo pensar e me expressar muito bem, enquanto que no meu idioma nativo eu travo. Mas uma coisa interessante disso tudo é que eu não estudei a gramática inglesa para atingir esses níveis mais altos de compreensão e produção no idioma estrangeiro. Eu fui lendo tantos textos cada vez mais complexos e bem escritos que acabei absorvendo as estruturas gramaticais. Em português eu soo analfabeto funcional enquanto que em inglês meus textos saem bem organizados, limpos, com recursos linguísticos e uso das palavras adequados. I've read extensively for many years in my second language; english, through which I've came to develop a greater linguistic sensibility than I had in my own native language. I find myself thinking more and more through english, specially objects of a higher order, about which I get confused when approaching from my native language. Funny thing though, I didn't study a single concept of the english grammar. I've just read extensively in ever-increasing difficulty, observing and learning incidentally. I can think more clearly and logically in english than I can in portuguese. But I'm resolute on remediating these. I believe my potential for higher and better thoughts are bigger in my native language. Hence my decision to educate myself through the liberal arts framework.

[@leticiapeterson8250]

Amei! Parabéns a vocês! 👏❤️

[@leandroaraujo1731]

Excelente. Ao estudar o trivium devemos começar pelo aprofundamento da gramatica do Portugues com os poetas classicos ou focar em aprender o basico do latim pra estudar junto os conceitos da gramatica latina?

[@mariolucascarbonera1788]

A nosso ver, uma coisa não exclui a outra. Você pode começar o latim e, juntamente, decorar poesias e ler muita literatura em português. Agora, quando a pessoa recebeu uma instrução muito ruim em português, é preciso retificar isso antes do latim, em geral. Não parece ser o seu caso.

[@leandroaraujo1731]

@@mariolucascarbonera1788 Certo, muito obrigado professor.

[@caiorubim117]

Parabéns!

[@-.-Matheus-.-]

Professores, Obrigado pela conversa, mas ficou uma dúvida, que não tem muito a ver com o tema do vídeo. A dúvida é a seguinte: a lógica é distinta da dialética, ou não? Falo isso, porque, a meu ver, a lógica seria como uma forma de estruturação do nosso pensamento, ou percepções; enquanto a dialética é como se fosse a retórica, só que com uma outra finalidade, sendo que esta última busca a persuasão, enquanto aquela outra, a opinião mais certa, sendo cada uma delas com suas peculiaridades. Do trivium, muitas vezes, ouço as pessoas falando que ele é composto pela dialética; já outros, trocam esta pela lógica. Ai fica dúvida: esses dois são a mesma coisa? Se não são, por qual delas a gente deve começar?

[@mariolucascarbonera1788]

Sim, podemos dizer que a lógica, enquanto disciplina, é mais ou menos o que está nos tratados das Categorias, da Interpretação, nos dois Analíticos e nas Refutações Sofísticas, de Aristóteles. Enquanto a dialética, é o que está no tratado dos Tópicos, e é a famosa contraparte da retórica, nas palavras do próprio Estagirita. Na prática, na arte liberal, se estudava um resumo de tudo isso, por isso às vezes ela é chamada de Dialética, às vezes de Lógica.

[@pensecomgil]

Eu entendo que a dialética é a aplicação de princípios lógicos rigosos para depuração de um discurso, por isso, sua aplicação na retórica. Já a lógica em si mesma é a disciplina que sistematiza o conhecimento da área.

[@avickyferreira]

Quando estará disponível novamente a coleção das artes liberais. Está indisponível no site 😕

[@mayroalmeida]

Também tenho interesse, mas não tinha dinheiro suficiente na época para comprar... Creio que depois de um bom tempo estará disponível de novo, mas, se quiser em PDF para você ver por dentro o conteúdo, eu deixo aqui o link para você

[@santosantos-d7l]

🇧🇷🇧🇷💯💯🇧🇷🇧🇷

[@LuizFelipe-zl3xx]

32:16 não seria "pōculum parvum est"?

[@NoInicioEraOVerbo]

Eu sempre intui que o "sujeito" dos verbos de fenômenos da natureza se encontrariam na própria raiz do verbo. Seria um sujeito "siamês, Rsrsrs

[@marcosyong1871]

Poderia trocar a capa do vídeo tem uma palavra errada

[@souza8555]

Confuso

[@ricardoluiz527]

então.. é bacana a ideia... mas olha, a coisa ta muito feia. Os 3 anos de inferno de pandemonio acabou com essa geração que ta entre 8 e 11 anos agora mais ou menos... eu vejo aqui em casa... é quase como se a criança de 11 estivesse no conteúdo de 8 anos... ai nao da. E a base, a raiz ta ali. Dificil corrigir. E olhando os livros escolares, desanima. O que tenho tentado passar em casa é o conhecimento, mas ja digo, naõ sirvo pra ser professor, sei a coisa mas nao sei passar pra criança entender.

[@moacirbarbosacastro8923]

Suas crianças leem?

[@ricardoluiz527]

@@moacirbarbosacastro8923 sim, mas não é grande coisa.

[@moacirbarbosacastro8923]

@@ricardoluiz527 Faça com que leiam cada vez mais, em dificuldade cada vez maior. Neste momento o mais importante é expandir o horizonte do imaginário delas. Estimule-as à leitura de todo tipo de romance.