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Terceira sessão do III Curso de Verão em Literatura, Humanismo e Cosmopolitismo, organizado pelo Centro de Estudos Globais da Universidade Aberta e dedicado ao tema Natureza, que decorreu no dia 21 de junho de 2024.
Da necessidade de um pensamento planetário
Sinopse:
A ideia do “Antropoceno”, de que vivemos numa época singularmente marcada pela nossa espécie ter adquirido o poder inédito, tecnologicamente mediado, de afetar o funcionamento do Sistema Terrestre a todas as suas escalas, incluindo a global, remonta, pelo menos, ao pensamento do biogeoquímico russo Vladimir Vernadsky no final da II Guerra Mundial. Bem antes, portanto, de 2000, ano em que o químico atmosférico holandês Paul Crutzen e o limnologista americano Eugene Stoermer oficialmente cunharam o neologismo e formularam a hipótese de um pós-Holoceno. Desde essa altura até ao presente fomos ganhando uma consciência sempre maior de que a nossa relação com a Terra se transformou profundamente. Essa metamorfose foi apelidada por vários autores (e.g., Spivak, 2003; Elias & Moraru, 2015) “viragem [do terrestre] para o planetário” (planetary turn). Ela impôs uma alteração profunda da condição humana, mas também uma urgência em repensarmos o modo como enfrentamos crescentes e enormes desafios geocivilizacionais. Centrarei a minha conferência na exploração da necessidade de um “pensamento planetário” (planetary thinking), em alternativa ao “pensamento global” (global thinking), para lidarmos com as complexidades do processo de transição do Antropoceno para o pós-Antropoceno. Fá-la-ei à luz da reflexão do historiador indiano Dipesh Chakrabarty sobre essa problemática.
João Ribeiro Mendes é professor auxiliar no Departamento de Filosofia da Universidade do Minho, investigador integrado no CEGOT-Centro de Estudos de Geografia e Ordenamento do Território (Grupo 1: Natureza e Dinâmica Ambiental) da Universidade de Coimbra, e presidente do Instituto de Estudos do Antropoceno, selecionado pela Comissão Europeia para fazer parte da rede Mission for Climate Change Adaptation. As suas atividades de ensino e de investigação concentram-se principalmente nas áreas da Filosofia da Ciência, da Filosofia da Tecnologia e dos Estudos do Antropoceno. É autor de um livro sobre o realismo experimental de Ian Hacking (2015), coeditor de dois livros sobre Filosofia da Tecnologia (2018, 2019) e coeditor de dois livros sobre Estudos do Antropoceno (2019, 2022). Publicou dezenas de artigos, resenhas críticas e capítulos de livros e é coeditor da Anthropocenica: Revista de Estudos do Antropoceno e Ecocrítica.