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“Partir” - Faixa nº 9 do álbum “Cabeça a Prémio” (Deau, 2021).
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Créditos (Áudio):
Letra e Voz: Deau
Produtor: D-One
Gravação, Mistura e Masterização: D-One
Artwork: Projeto Ruído e Ivan Alves
Letra:
REFRÃO:
Já não há nada a fazer
A não ser deixar partir.
Custa a crer mas é verdade,
Preciso saber deixar cair
O que não soubemos construir.
Tinha de acontecer um dia mais tarde.
Até alguém se encher e dizer adeus,
Preencher essa cama com cheiros meus.
Rumos opostos, cada um com os seus.
Quem levou os sonhos, nunca devolveu-os.
O drama estabeleceu os contornos,
Fontes doces brotam novos sais nos ombros.
Diferentes horizontes são o cenário do que somos,
Não me peças mais que represente o que fomos.
Preciso de outra personagem por cima,
Não consigo despir a que eu tinha.
Esgotei os recursos dos quais dependia,
Aplausos não convenceram a crítica.
Saio para novos restaurantes na cidade,
Ainda tens mesa naqueles que eu mais gostava
E quem de costume nos atendia, pergunta por ti
E ainda é difícil dizer a sorrir que tu não vais voltar.
E eu preciso dessa amnésia.
É normal que julgues, mas talvez percebas mais tarde
O que é ter olhos com vertigens
E o medo ao subir as pontes não ser deixar de sentir as pernas,
Mas sim, não resistir a saltar.
Desculpa se eu nem isso fiz,
Não vales tanto.
E o meu objectivo é chegar ao cimo da montanha.
O nevoeiro é grande, nem dá para ver o tamanho
Mas assim conheço ao pormenor aquilo
Que um dia do topo a vista alcança.
(REFRÃO x2)
A chama do tempo vai derretendo
Partes do corpo como cera
E o que eu pretendo é conceber com liberdade
O que exprimo assim como o que me esprema.
Aos poucos vou-me apercebendo,
A solução origina o próximo problema.
Uma peça só encaixa com outra por excelência
Quando ambas são iguais na mesma diferença.
É um princípio inveterado
Ninguém inverter há-de
Se no fim verter água e sal
Não tem mal, é dever ter algo
Se para ti o que escrevo é óptimo,
Imagina se lesses ao contrário
O que faço no final de um dos versos
Conforme o acordo ortográfico.
Muito aprendi eu sem querer,
Se Deus olhou por mim
Surpreendi-o sem crer.
Eu ainda escrevo a giz, é fácil de apagar
Tudo aquilo que o quadro negro conter.
Tu não ligues, é tarde,
Nem repares no que fumo e bebo,
Estou a ver se me deito cedo.
Vem, dita, a vida maldita
E outras coisas que eu não percebo.
Só escrevi o que foi ditado,
Mas cometi mais do que um erro.
Antes de apontares o dedo
Tu soletra a palavra CU em frente ao espelho.
(REFRÃO x2)