ELIAS STEIN: o novo sindicalismo em São Paulo e no ABC

Testemunho gravado em 19 de outubro de 2007
Elias Stein chegou em São Paulo de Capivari, cidade de cinco mil habitantes. Tinha formação escolar, mas não tinha profissão. Se emprega na Walita, na Vila Mariana, como apontador de produção de 1959 a 1962. Decide se qualificar no SENAI a noite. Ia a Praça da Sé, que até antes do Golpe de 64 era pura efervescência política. Um contraste com sua pacata Capivari.
Entra para a JOC, Juventude Operária Católica, e desde o começo se liga a Waldemar e Célia Rossi. Trabalha também como escriturário e milita na Oposição Bancária, um polo de toda a esquerda organizada no ascenso de 1968. Fica três anos na Hobart Dayton e milita na Oposição Metalúrgica de SP (OSM-SP), muito orientada pela concepção de trabalho de base e organização no local de trabalho, advinda das reflexões da JOC sobre a ineficiente e cupulista estrutura sindical. Se liga por um período à Ala Vermelha, dissidência do PC do B. Em 72, é o Secretário Geral da chapa da OSM-SP numa eleição fraudada, sem direito a mesário nem fiscal. O resultado leva a uma profunda reflexão: de submergir e organizar os trabalhadores dentro das fábricas.
Em 74, Elias e quatro dezenas de militantes da OSM-SP são presos. Após a prisão, muitos ficam pendurados a fazer a menagem: ter de ir ao DOPS regularmente assinar um livro. Um tipo de liberdade condicional sem haver ainda nenhuma condenação.
Trabalha na Grampos Aço com outro metalúrgico ex-preso político, o futuro deputado do PT, Zico, José Prado de Andrade. Vai trabalhar em São Bernardo como fresador na Equipamentos Villares e, na preparação para a greve dos 40 dias em 1980, onde Lula emerge como grande liderança nacional, será um dos escolhidos pela diretoria para o grupo dos 16, que farão o papel da diretoria cassada e presa.
Com a idade chegando e os empregos rareando, faz vestibular aos 48 anos e se forma no curso noturno de Ciências Sociais na USP. Com a eleição de Erundina em 88, Elias será o chefe de gabinete de Waldemar Rossi, administrador regional na Mooca.

[@oliviagurjao9660]

Uma alegria acompanhar a trajetória do Elias. Parabéns, IIEP. Acompanho os testemunhos dados por vários representantes da luta operária em nosso território. Gratidão pelo trabalho. História viva e pulsante. 💖