A Feira Livre Um Cordel de Chico Fábio de Fortaleza Ceará Vindo de tempos antigos Chegando até o presente A feira livre se impõe De modo resiliente Em muitas localidades No meio a grandes cidades Atraindo muita gente. Quinhentos antes de Cristo Alguns dizem que existia Outros falam que surgiu Pra trocar mercadoria Nos tempos da idade média Nos festejos sem tragédia Que a religião fazia. Chegando pelo Brasil Com os colonizadores As populares quitandas Teve seus mantenedores Pelo Rio de Janeiro Com africano festeiro Ao lado dos seus senhores Mas vamos falar das feiras Desses tempos atuais Descrevendo pro leitor Seus momentos cruciais Cultura em efervescência Pra você tomar ciência Do que consta em seus anais. As mais puras tradições E as culturas verdadeiras Os folhetos de cordeis Cantorias violeiras Artesanatos, folguedos De mamulengos, brinquedos Tudo encontramos nas feiras. Pela feira o cordelista Lê a história no papel Quem escuta vai gostando Da narrativa fiel Mas parando na real Diz : -se quer saber final Compre agora meu cordel. Violeiros cantadores Também andam pela feira Em desafios poéticos Tocando versos primeira Em duelos e pelejas O povo em suas bandejas Põe sua grana costumeira Na feira você encontra Os lindos artesanatos Construido em palha ou barro Pinturas e outros formatos Tapetes e bugingangas Colares ,brincos, miçangas Feitos por artistas natos. Os hortifrutigranjeiros Dos pequenos produtores Expostos pelas barracas Em miscelânea de cores São ofertados aos gritos Na mostra dos mais bonitos Por muito dos vendedores A disputa é acirrada Compre dois e leve três Promoções são ofertadas Menores preços tem vez Verduras, legumes , frutas Peixes, cavalas e trutas Tudo a gosto do freguês. Várias barracas de roupas Calcinhas e moda praia Soutiens, fivelas, cintos Blusas tomara que caia Roupa igual a das novelas Usadas por moças belas Bordados e mini-saia Para os jovens cavalheiros Tem sapato e chinelão Calças blusas , camisetas De toda cor e padrão Bermudas "jeans" e de malha E o xadrez também não falha Para as festas de chitão. Garrafadas para tosse Remédio pra panariço Tem mastruz que cola o osso Simpatias pra feitiço A romã cura a garganta E até espinheira santa Pra intestino com enguiço. Para doença no fígado Chá de boldo é solução Gengibre queima a gordura Pra azia tem limão A casca de emburana É indicação bem bacana Pra curar inflamação . Há centenas de remédios Da medicina caseira Que não posso citar todos Sem levar semana inteira Por isso lhe recomendo Pra você ficar sabendo Dê um pulo até a feira Há peixes ornamentais Animais de estimação Muitos filhotes de gato Pintos, Pato e até Pavão Bodes, cabras e perus Bezerros de bois zebus Bacurins e até barrão. Muitos cachorros de raça Na feira são ofertados Pastores e perdigueiros E cães de rabos cortados Pit buls e raimaranas Pastores belgas bacanas Sem pedigrees, são mostrados. Penicos brancos de ágata Bules e louças diversas Chocalhos e churrasqueiras Tapete do tipo persas Mochilas e cadeados Enxadas, foices, machados De origens controversas. Por lá tem muito eletrônico Pen drives ,rádios, lanternas Vários brinquedos, relógios Caixas de som das modernas Com "bluetooths" transmissores Enviando sons e cores Sem ter fio a bater pernas. Há também as velharias Discos vinis, radiolas Toca CDs, tape decks Gramofones,e vitrolas Muitos rádios gravadores Que travaram seus motores Ou quebraram suas molas. Mas são expostos a venda E vendidos nesse estado Quem comprou que se encarregue De vê-los bem consertado Os outros funcionais Quem quiser, que pague mais Por não estarem quebrados. Dentre as verduras e frutas Há um tipo bem presente São os chamados orgânicos Cultivado em ambiente Livre de todo veneno Ficando isento e bem pleno Pra consumo consciente. Interação social Tem na feira a todo instante Bate papo com amigos Ou com o comerciante Que oferece bom desconto E o freguês compra de pronto Saindo bem radiante. Diferente das vitrines Que existe em supermercados Onde os códigos de barras Já tem seus preços mostrados Fregueses ficam bem tontos Sem pechinchar os descontos Saem de lá estressados. Por isso a feira resiste Até a modernidade Pois lá tem calor humano Proliferando amizade E praticada ao ar livre Quanto a shoppings " Deusulivre" Carecem de liberdade. Na feira tem o bebum Que insultando faz pirraça Sempre pedindo uns trocados Para tomar sua cachaça Quando não é atendido Sai gritando enfurecido Espraguejando desgraça. Tem o freguês brincalhão Tem mendigo e tem artista Tem vendedor precavido Passando tudo em revista Já que sempre tem na feira Um grupo que faz barreira Para ocultar descuidista. Vou lembrar aqui também Da comida regional Que existe em toda feira Com o sabor sem igual Caldo de cana e pastel Cachaça com puro mel Pra levantar seu astral. Panelada , mugunzá Cuscuz e bolo de milho Pé de moleque, cocada Carne assada de novilho Churrasco de costelinha Tem picanha e até maminha com farinha de polvilho. Tudo isso e muito mais Podemos ver pelas feiras Vendedores ambulantes Camelôs e sacoleiras Num espaço bem simpático Seguindo de modo enfático Para um tempo sem fronteiras. Por isso que a tradição Estará sempre presente E as feiras não morrerão por ser livre este ambiente Seguirão rumo ao futuro No seu aspecto mais puro Democrático e consciente. Fim Francisco Fábio Bezerra Tomaz Fone/Zap 85 997039808 Fortaleza Ceará