FERNANDO PESSOA, Não Sei Quantas Almas Tenho (1930), O Poeta Maior em Sua Fase Mais Exuberante

Incontáveis Almas em uma breve vida. Mais uma obra prima de Fernando Pessoa. Em sua
fase de plena maturidade, floresce a pergunta simples mas inquietante: "quantas almas eu
tenho"? Quantas almas nós temos? Ótimas reflexões, muito obrigado pela companhia!
NÃO SEI QUANTAS ALMAS TENHO (1930)
Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem achei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,
Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem,
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.
Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: «Fui eu?»
Deus sabe, porque o escreveu.
AXISMUNDI CHANNEL vídeo 010
Literatura, Pensamentos, Filosofia
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[@lenifeijo5344]

Profundo!

[@axismundichannel-brasil]

Muito Obrigado ! Até os próximos lançamentos!

[@laudicenia715]

E. Isso. Ainda. Tem. Quem. Diga. Conhecer. A. Solidão

[@axismundichannel-brasil]

Solidão é a palavra de ordem (ou uma delas) de FP. Impressionante! Obrigado pela interação e grande abraço poético!