Рет қаралды 2,091
Uma das melhores formas de você envelhecer sem dor, é escutar António Jamal, no Rádio Desporto da Rádio Moçambique, “à caminho das 13”, entre o Índico e o Atlântico. Na velhice não se fala do futuro, o futuro é este presente. Então, tudo o que Jamal tira cá para fora, é o testemunho do passado. Não importa o que vem. O que importa é o edifício que este locutor está constantemente a renovar, com os mesmos materiais, que nunca mudam.
Há músicas que António Jamal toca, e que noutras rádios jamais serão ouvidas. Ele recusa-se a seguir os padrões estabelecidos pelos princípios de radiodifusão, e entra pelo atalho que ele próprio criou, marimbando-se para as regras. Comunica na cabine como se estivesse na mesa com os seus amigos a beber café, em mangas de camisa, numa cavaqueira sem fim. É um marinheiro que prescinde dos remos para levar a sua mwandiya (almadia) ao destino. Os remos são a música. (In Carta de Moçambique)