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Excerto do discurso "Reparos à Campanha Eleitoral" proferido a 5 de Novembro de 1965:
"(...) Na verdade o regime em que vivemos depois do 28 de Maio tem sido impermeável à histeria política que vai pelo mundo; e é esse o motivo por que é corrente nas oposições a referência do nosso imobilismo. O vocábulo quer dizer que politicamente não se marcha ao ritmo de muitos países estrangeiros; mas penso que com a justiça não se pode aplicar, como depreciativamente se faz, à Administração nem mesmo ao Governo em Portugal.
Abre uma pessoa o jornal cada manhã e pode perguntar a si mesma se ainda há mais lugares na terra para conspirações, golpes de Estado, revoluções, guerras, intervenções militares, conflitos sociais, assassinatos políticos, depurações partidárias, lutas intestinas. Por toda a África, por toda a Ásia, por toda a América, às vezes na mesma Europa, está aberto e arrasta-se um período de convulsões que muitos absolvem com a ideia de corresponderem tais calamidades à gestação de um mundo novo. Mais ao nível da nossa compreensão diríamos que os acontecimentos são umas vezes devido à inadaptação das instituições ao génio dos povos e outras vezes à teorização do ódio e da violência, levada a efeito por sistemas doutrinários em moda.
Faz-se uma Constituição, elimina-se o Chefe de Estado, demite-se o Governo ou mais expeditamente se assassinam os ministros e as altas autoridades. E, depois de se mandar metralhar o povo extraviado e confuso, nota-se que se errou o caminho e volta-se ao princípio: regressam ao poder forças expulsas e tornam a substituir-se os homens e as instituições, responsabilizadas pelo que só é jogo e luta de interesses, quantas vezes estranhos ao país em que se desenrolam os factos.
Extasiados, muitos não escondem o seu entusiasmo por tais acontecimentos e pela rápida, delirante transferência de poderes; isto, sim, é vida política, activa, dinâmica, progressiva. Pondero singelamente que a desordem pode ser uma fatalidade mas não é nunca um bem. Os políticos imbuídos de teorias, sedentos de poder, enamorados das mutações revolucionárias são na verdade minoria insignificante da Nação. Os elementos estruturais desta têm outras preocupações e necessidades - a garantia do trabalho, a possibilidade da educação, os meios de progressos, a segurança da vida e um pouco de felicidade na terra.
Nós conhecemos, já em tempos idos, essa efervescência política de governos a dias, Chefes do Estado mortos ou destituídos violentamente, homens públicos assassinados. Câmaras a miúde dissolvidas, eleições a tiro, discussões a murro. E, apesar dessa agitação que tanto movimento dava à vida política portuguesa, ninguém hoje ousa dizer que deseja a sua repetição. A razão está em que a agitação política é inimiga do bom governo e não se pode tirar rendimento dos melhores espíritos senão dentro de atmosferas sadias e do funcionamento regular das instituições.
Nós devemos considerar como graça da Providência termos conseguido, nas últimas décadas, desejável equilíbrio à nossa vida política, que continua a processar-se a ritmo normal, com a eleição ou reeleição dos Chefes do Estados nos períodos constitucionais, a formação regular das Câmaras, a estabilidade dos governos e a actividade eficiente da Administração. Não há a pretensão de fazer crer que o bem do povo consiste e se reduz a esta normalidade: mas há o interesse vital de mantê-la, sem prejuízo de adaptações ou renovações necessárias segundo os tempos, para assegurar, com a conveniente resolução dos problemas, a vida e o progresso da Nação.
É deste modo que justifico o pedido a todos os portugueses de votar nas próximas eleições de deputados, com ou sem oposições, firmemente, virilmente, ordeiramente, como afirmação de portuguesismo e profissão de fé."
O discurso publicado na descrição é o do texto original. Eventuais diferenças com o do vídeo são resultado desse facto.
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