Impacto da Tese do Conflito nos nossos dias

[@helviov]

O terraplanismo não é preocupante nem totalmente descabido. De facto, terraplanismo é o ponto de partida de qualquer modelo mecânico: • Por experiência, a Terra é localmente plana. • O espaço-tempo assume-se localmente plano (princípio da covariância). • Aliás, toda a geometria diferencial assenta no princípio de que a vizinhança imediata de qualquer ponto é plana. É o ponto de partida, mas não é o ponto final, pois o que é localmente plano não tem de sê-lo globalmente - e não o é! Mas o instinto de duvidar da curvatura da Terra não é mau. Nem o instinto de rejeitar os argumentos de quem pontifica no sentido contrário. Acidentalmente, os terraplanistas têm um espírito cientifico mais aguçado do que os seus adversários: uns defendem ao máximo a hipótese mais nula de todas, enquanto os outros pontificam a majestade da ciência enquanto desrespeitam o valor da hipótese contrária à sua. A ciência moderna também é soberba! É muito fácil abordar a hipótese da Terra plana respeitosa e racionalmente, sem conflito, o que raramente acontece. Uma opinião que não pode ser desafiada não é uma hipótese, mas um dogma. Logo, para evitar a acusação de dogmatismo, o terraplanista tem o ónus de: 1) oferecer *todas* as condições sob as quais a sua hipótese deixaria de ser válida, 2) concordar em não alterá-las posteriormente, para antecipar o _"moving the goal post",_ 3) comprometer-se a aceitar a invalidação da sua hipótese, segundo regras acordadas mutuamente. E é do adversário o ónus de: 1) oferecer este desafio, 2) confirmar que existe mútuo acordo em cada passo dado. ➡ É a resposta a este desafio que determina a boa ou má fé do terraplanista, e não a sua aceitação ou rejeição do consenso científico. ➡ É a oferta deste desafio que determina a boa ou má fé do adversário, e não a sua imposição do consenso científico.