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João Terra - Enquanto Isso
Enquanto olhos ingênuos contemplam o céu
Outros sedentos dos bens que a Terra produz
Destroem rios, sorrisos e selvas
Sem ver o direito de todos aos frutos que brotam do chão
Que brotam do chão
Enquanto mãos calejadas trabalham o chão
Outras mãos desocupadas dividem o mel
E o suor da colheita sumiu e brotou no olhar
No lugar da fartura ficou solidão
Ficou solidão
Mas, se todo sofrer tem seu rumo
Nós vamos lutar pra sorrir
Se a mágoa deságua no nada
Pro nada não queremos ir
Então faz sentido o abraço
É força o aperto de mão
Se tudo isso conduz à vida
Então o viver tem razão
Enquanto tiram do pobre o teto e o pão
Nesse renasce a febre e a fé de lutar
E de dentro do sofrer nasce um riso que é luz
Que é sol, que é nova semente brotando no chão
Brotando no chão
Enquanto alguns imbecis inda plantam o mal
O povo inteiro se banha no brilho do amor
E uma nova emoção toma conta do tempo e do espaço
Fazendo de novo cada coração amar outra vez.
Vídeo - Gopala Filmes / Cinedoc Brasil
@CineDocBrasil
@Felipe.Scapino
João era natural de Tapiratiba, interior de São Paulo, mas ainda muito jovem se mudou para a capital paulista, vivendo sobretudo entre a Vila Brasilândia e a Freguesia do Ó, onde era conhecido por ser um grande agitador cultural e mobilizador social, justamente nos chamados “Anos de Chumbo” em que a repressão ao pensamento e à organização popular eram duramente combatidas pelo regime de exceção.
Por anos levou uma vida semi-nômade, no auge do movimento hippie, o que permitiu que ele conhecesse o Brasil e que o Brasil o conhecesse.
Desde 2007 vivia em Ubatuba, cidade onde costumava ser sempre convidado para se apresentar na temporada de verão. No litoral, desde então, tornou-se uma grande referência e liderança para a arte local.
Morreu na madrugada desta sexta-feira (02/07/2023), vítima de um tumor no cérebro descoberto em março de 2020. João tinha 62 anos, deixa cinco filhos (Lênin, Vanessa, João Carlos, Ângela e Valentim), cinco discos gravados (Terra, Pé na Estrada, Ciclos do Tempo, Todas as Áfricas, Reggae Mesmo), um livro publicado (Flagrante Forjado), uma multidão de fãs e muitos amigos por onde passou.