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Letra, Voz e Instrumental: Virtus
/ johnnyvirtus
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Excertos: Manuela de Freitas em "Poemas de Bibe", 1990.
Gravação/Mistura/Masterização: Johnny Virtus
Vídeo: Pedro Lopes
/ mini.chiks
© 2018 Fosco Records / Sexto Sentido
Letra:
Sou uma espécie de indivíduo
com um défice de interacção num péssimo
lugar que eu dividi
o meu Princípio conduzi-o, não fiz pausas nem corridas
eu não andei adormecido, só estive a acordar para a vida
o meu odor é claustrofóbico,
e o meu teor já não tem tópicos
´tou sozinho a tratar do meu piso
quantos não pagam o meu riso
´tou só a contar os trocos
desliguem os holofotes que eu também quero dormir
Lá fora o que não deste, vês como uns dão
na combustão que a rotina faz,
mas nela vês como uns estão
Parto a cavilha a meio e medito, fico à deriva
à medida que eu vejo tropas
trocarem o euro por libra
de repente não há remendo que a distância suporte
ou te dás com quem te rodeia
ou tornas-te um redor
eu estou indoor mesmo que a ida regresse ao mesmo:
passar do centro das atenções ao Centro de Emprego
É que também prestei serviço
à espera que a Luci visse
eu a agarrar numa medalha
mas tanta tralha fez-me ser vice
É a gravidade do não,
ter um vazão no vazio
e “Doze Nós numa Corda" p´ra ficar por um fio
Não há o meu quando sem como
não fiz primeiro o meu cume
sem ter primeiro pensado nisso um segundo
Não me exijam competências e rumos
ou mais assuntos,
mais inúmeras coisas que ficam coisas com números
Eu resisto ao que me acorda
Se isto é só uma prova
eu corro o risco
e não deixo o meu sítio
Eu fiz do sono a minha cova
p´ra assumir a minha obra
Descanso em paz se ficar onde eu fico
Não há uma escrita que me dê
essa coerência que medeia
e muda o plano que se vê
para um adulto que planeia
Pior que duro é durar
numa canseira sem freio
pensar na sorte em sorteios
para não pensar
"Dum spiro spero" não te alicia
se não andasses mais a viver a esperança média de vida
A retina viu um sofá para quem a preguiça é óbvia
eu vi-te com a fé ferida
a perder a fome em paróquias
Há um silêncio que me engasga,
nos separa
me supera e me rasga
e me força a força para uma lástima,
mãe,
viste uma fórmula e não matéria
achavas que encher a pança com filhos tira a barriga de misérias?
Actos fazem-nos vê-los, brigas são novelos
na casa onde a culpa grita
os ouvidos têm paredes
Está dito e ponto
mas noto que é um ponto e meio
eu nem sei se ´tou meio pronto
p ́ra partir uma ponte a meio
Enquanto a mão coça a barba e eu rodo o pé dum copo,
há uma incerteza que eu sacudo
para onde eu não olho
agora remóis num relógio por quem se ausenta
as portas que o tempo bate, perderam as maçanetas
ficar só não é esforço, mas necessário
a muitos ajudo mais solitário
do que solidário
vi-me passar de honesto a modesto e a aprender “outros modos”
bro, eu já tive opções, agora vivo hipóteses
Eu
sinto um auge que paralisa
eu estou no caos da "Anomalisa"
com as pernas frias sentadas nos degraus
E depois?
Passei bocados aos montes que não se juntam
E então?
São resultados de encontros que não resultam
É que eu sei, pessoas já são muitas
as que vêem as nossas montras
dançam nos nossos bares
fumam nas nossas ruas
A nossa história podia ser como nos filmes
mas foram tantos os filmes por saber de histórias tuas
Eu resisto ao que me acorda
Se isto é só uma prova
eu corro o risco
e não deixo o meu sítio
Eu fiz do sono a minha cova
p´ra assumir a minha obra
Descanso em paz se ficar onde eu fico.