José Monir Nasser - Miguel de Cervantes - Dom Quixote (Curitiba) - parte 4/4

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Mental Food

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Күн бұрын

José Monir Nasser - "Dom Quixote" de Miguel de Cervantes. Curitiba, 2007. Quarta parte.

Пікірлер: 10
@lucascc1913
@lucascc1913 6 жыл бұрын
Poderia colocar os áudios num arquivo torrent? Seria ótimo!
@Matheuslschimuneck
@Matheuslschimuneck 6 жыл бұрын
Poxa, acabou na melhor parte.
@Antonio-tt3wf
@Antonio-tt3wf 6 жыл бұрын
Matheus Lins : Verdade. rsrs Terminou no momento da polêmica.
@r.c.7793
@r.c.7793 4 жыл бұрын
"Quixotesco: sujeito que tem um grau de expectativa do mundo muito diferente do que o mundo é capaz de fazer; deixa-se guiar por ilusões. Algumas personagens quixotescas: Alceste (do Molière), príncipe Michkin (O Idiota), Mr. Pickwick (Charles Dickens). A ciência do Renascimento é apenas uma ciência matematizada em que vc imagina poder capturar um determinado processo da natureza dentro de uma fórmula, só isso. Na primeira edição da obra, na capa há um escudo com o dístico "Após as trevas, espero a luz." Que são as trevas, que é a luz? Numa forma mais óbvia de responder, as trevas seriam aquele mundo de monstros, de magias, de ilusões, de fantasias (primeira parte do livro) e a luz seriam as coisas que são perpassadas pelo raciocínio, pela racionalidade humana, que é o mundo do Renascimento (segunda parte): império da racionalidade frente à imaginação. Dom Quixote é louco ou não é? Heroísmo: capacidade de morrer pela sua honra pessoal: o Sansão Carrasco (que é um positivista, racionalista) acha que D. Quixote é louco, e que por isso precisa neutralizá-lo quanto ao uso das armas. Dom Quixote tem ou não tem razão? Ele está errado com relação à Terra (é um perigo ambulante), mas está completamente certo com relação ao Céu. Os valores que ele defende são os valores do Céu, são os que nós julgamos serem os valores mais altos, mais duráveis, que fazem a humanidade ser humanidade. Dá para conceber uma existência humana sem os valores que D. Quixote está usando? Os valores humanos verdadeiros, quer dizer, o que é que faz com que o ser humano tenha valor? Honestidade, lutar pelo que é melhor, o sacrifício - não são esses os valores que transformam a vida humana numa vida com capacidade de nobreza? Esses são valores essenciais e profundos, mas eles não são valores sociais, são valores da transcendência (do Céu, em imagem poética), valores que estão além de nós, que estão acima desse mundo, permanecem válidos durante todos os tempos, transcendem o curso da história, não ocorrem no âmbito da história, ocorrem fora dela. Os valores que D. Quixote defende são os maiores valores humanos que vc pode imaginar, e que não podem ser destruídos; sob o ponto de vista do Céu, ele está completamente certo. Há duas etapas envolvendo a história da personagem: a primeira é a etapa da Terra, a etapa que é tomada, em que ele é completamente derrotado pelos novos valores sociais do Renascimento, que é a ideia de que a racionalidade comanda tudo, em última análise: tudo que não for racional, não tem direito de existir. É esse mundo aí que Cervantes percebe como sendo o mundo que vem, e que enterra o mundo que sai; o mundo anterior, que não é mais viável nesse mundo novo. Então com isto ele demonstra, com uma certa insistência, com uma certa evidência, que aquele mundo da cavalaria é o mundo que não pode mais existir, que não existe mais na prática, que não tem mais viabilidade. No entanto, os valores da cavalaria que D. Quixote defendia continuam válidos no Céu; mesmo que derrotados socialmente, de alguma maneira eles continuam precisando existir, a não ser que nós desejemos fazer o rebaixamento ontológico da espécie humana. O que acontece como pano de fundo nessa história é que vc tem - com o processo chamado humanismo, ao qual o Renascimento representou um grande impulso - uma redução dos valores do Céu para valores da Terra, os valores do Céu passam a ser os valores da Terra, são substituídos pelos valores da Terra, que são os valores humanos racionais. John Milton, no Paraíso Perdido (1667), diz assim: a nossa mente pode transformar o Céu em Inferno, mas também pode transformar o Inferno em Céu. Não esquecer que a humanidade, a ideia de contar apenas com a mente humana, é de todas a maior ilusão, porque a palavra mentira tem origem na palavra mente; quer dizer, a sua mente é capaz de construir qualquer espécie de construção lógica, a nossa mente consegue comparar, criar consistência, mas de alguma maneira, a nossa mente, aquilo que nós chamamos de inteligência mental, não consegue perceber a verdade. O que a nossa mente é incapaz de fazer é perceber o certo e o errado, o que ela consegue perceber é o que é consistente e o que não é consistente. A palavra mentira vem da mente, porque eu posso inventar alguma coisa que é completamente absurda, e que no entanto não corresponde à verdade. Por isso existe por aí uma tendência a se achar, sobretudo nos círculos de engenharia, que tudo que é lógico tem que funcionar: esse é um dos enganos básicos da mente humana, pq isso é o que gera, por exemplo, essa diarreia de leis que há no Brasil. O que parece ser o bom senso é fazer o contrário, imaginar assim: tudo aquilo que funciona, provavelmente tem alguma coisa de lógico. Então, se vc tem por exemplo na história a preservação dessas, digamos, leis do Céu, que são leis de natureza transcendente ao ser humano, isso deve ter algum sentido intrínseco, enfim, e não devemos nós nos meter a extinguir, abolir essas coisas daqui, e que determinados valores humanos têm que ser preservados. O que me parece aqui com clareza nesta história é o grande debate entre as leis do Céu e as leis do homem, no sentido das leis da Terra, mas não no sentido de que as leis do homem são aquelas geradas pelos processos racionais humanos que o Sansão Carrasco representa no segundo livro." ...
@r.c.7793
@r.c.7793 4 жыл бұрын
"Todos os ciclos heroicos, entre eles o ciclo de cavalaria, o Bill Wolf (?), o ciclo arturiano, todos esses ciclos são essencialmente demonstrações de heroísmo humano para que a partir daquele heroísmo possa se construir uma civilização. Quer dizer, tudo isso está acima; o ciclo de cavalaria quer dizer assim: olha, se nós formos capazes de termos esses valores aqui, nós podemos ter uma civilização embaixo. Os valores civilizatórios de natureza humana propriamente ditos não têm poder de civilização. ... Ele (D. Quixote) no fundo fracassa, é um fracasso amargo no final, isso tudo desapareceu do mundo (as referências transcendentes), o que viria em seguida é a tentativa, provavelmente infrutífera, de gerar referências humanas para coisas humanas, e isso não dá para fazer; só dá para fazer coisas humanas a partir de referências que as transcendam, não tem outro jeito. Pois o nosso D. Quixote continua tendo toda a razão em relação ao Céu, mas a Terra o rejeitou. ... a derrota dos maiores valores humanos, todos esses sintomas que há hoje: uma igualdade que não é uma igualdade, que é meramente um truque, tratar os desiguais como iguais; criou-se uma sociedade uma perversão e decadência dos verdadeiros valores. A derrota de Dom Quixote sob o ponto de vista civilizacional é a derrota dos maiores valores humanos. ... Este programa aqui, Expedições pelo Mundo da Cultura, permite que a gente faça uma expedição por aqueles conteúdos humanos permanentes, por aquilo que define a condição humana. Quando eu digo para vocês que não é possível imaginar a constituição humana a não ser a partir de valores que a transcendem, estou dizendo que a engenharia humana só é possível quando ela é vista assim, porque no fundo quem tem razão é o D. Quixote porque não é possível conduzir a vida fora do quadro de valores permanentes transcendentes, porque isso não é basicamente humano. Agora, se a sociedade faz esse empreendimento, que é o caso de hoje, que a gente hoje estabelece que a obra divina é uma obra incompetente, e a gente acha que o SUS e INSS vão fazer melhor do que Deus. O que a ONU quer fazer? A ONU quer substituir Deus. A ONU quer primeiro substituir todos os governos do mundo, uma espécie de governo central em que só ela manda, e em seguida vai dizer: olha, não precisa de Deus e religião porque já existe aqui nós, que estamos pensando no sucesso. Mas isso é o que está acontecendo. O nome desse fenômeno chama-se Nova Ordem Mundial. É neste mundo que nós estamos vivendo. Esse mundo começa com os Sansões Carrascos, como Descartes, o sujeito que acha que só existe aquilo que ele é capaz de pensar, então a primeira coisa que Descartes faz é dizer que a nossa mente tem um poder demiúrgico, se só existe aquilo que eu sou capaz de pensar, então a minha mente é que constrói a realidade. A partir de Descartes vc vai subindo numa série de outros, até que chega no Kant que diz que é isso mesmo. Então nenhum outro filósofo foi tão claro com isso de dizer que aquilo que a gente acha que o mundo é é um constructo, não é verdadeiramente como o mundo é, o mundo fora de nós não existe. O que existe é um troço que eu vejo porque a minha mente vê assim, é apenas a interpretação das formas a priori. Não há as coisas em si. O que as coisas são são dados brutos da realidade que a minha mente dá a forma que quiser. Quando eu vou por esse caminho, na verdade eu acho já que não há valor universal nenhum, que valores universais são ideológicos, são estratagemas políticos. A negação dos valores universais é o primeiro passo para vc construir uma sociedade sem os valores do Céu, do que havia de legítimo na sociedade medieval, que é a transcendência , é a derrota sem sangue, pq o Sansão Carrasco é muito simpático, é um cavalheiro, não quer machucar ninguém, é uma derrota condescendente, feita até mesmo com carinho, com dedicação; é a criação dos componentes do mundo moderno, que são todos componentes homocêntricos no sentido humano, humanocêntricos, os quais não só não explicam o ser humano, pq não somos invenção de nós mesmos. Se tivéssemos inventado nós mesmos, nós saberíamos explicar nós mesmos. Como não fomos nós que nos inventamos, então nunca saberemos quem de fato somos. Sempre encontrarei uma explicação humana, e sempre irei degradar qualquer valor alto, pq se não há valores elevados, então sempre baseado na nossa porca capacidade de explicação. A gente não é capaz de explicar coisa nenhuma, a gente não explica nenhum processo verdadeiramente, apenas aspectos das coisas, mas não tudo. Essa é a história que Cervantes quis contar para nós. D. Quixote está errado em relação à Terra, mas ele está completamente certo em relação ao Céu. Como nós temos um pé em cada lado, então a nossa vida é essa complicação interminável, completamente insolúvel, de estarmos sempre subordinados um pouco ao valor de um lado, e um pouco aos valores do outro. Como é que eu resolvo esse problema? Ah, eu simplifico assim: não tem Céu nenhum. Pronto. Como eu acabei de destruir a possibilidade de transcendência, desse momento em diante a minha vida ficou fácil, pq aí de fato eu acho que um burocrata de um centro de saúde é capaz de resolver os problemas das doenças humanas; quando eu dispenso o Céu, imediatamente coloco outra coisa em seu lugar. Eu dispensei o Céu, o que que eu fiz? Divinizei o Estado."
@rguimatorres
@rguimatorres 4 жыл бұрын
Quando a cosmovisão de referência de Quixote é simbolicamente eliminada na história, abre-se uma brecha para que um novo terceiro modelo entre em cena (extremo cético / niilista). E, então, o modelo representando o Renascimento toma o lugar de ambiguidade do escudeiro, que passou a ser o outro extremo (místico), como em um deslocamento da janela de Overton.
@claudioviniciusdemorais6447
@claudioviniciusdemorais6447 6 жыл бұрын
Fala aê, Mental Food. Os áudios do José Monir seguem uma ordem? Você sabe qual é essa ordem? Poderia me dizer? O Monir segue aquela lista do EXPEDIÇÕES PELO MUNDO DA CULTURA? O áudio de Como Ler um Livro, Mortimer Adler é o primeiro na ordem? No site oficial do Jose Monir há uma outra ordem que começa por Ilíada de Homero. Ela é a ordem correta? Existe um grupo de transcrição dos áudios? Gostaria de fazer parte
@ewerton2401
@ewerton2401 6 жыл бұрын
No site www.monir.com tem a listagem das aulas, na ordem, e os arquivos pra baixar.
@ewerton2401
@ewerton2401 6 жыл бұрын
Mas, a bem da verdade, é só uma ordem de exposição, ao que parece, pois as aulas não costumam necessitar da referência da outra. A exceção é O Pato Selvagem e O Rinoceronte, aulas nas quais ele faz referência das obras entre si.
@r.c.7793
@r.c.7793 5 жыл бұрын
@@ewerton2401 Acompanhando o Monir em poucas aulas, por enquanto, ele recomendou ler Um inimigo do povo, de Ibsen, antes d'O Rinoceronte; O Pato Selvagem próximo ao Tartufo, e Madame Bovary antes da Ana Karênina.
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