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O CAPITAL NARCÍSICO
A ideia de reduzir o mercado a uma entidade é uma tolice, uma infantilidade de quem imagina poder ser de esquerda sem uma reflexão mais profunda sobre o capitalismo. Quando se pensa assim, antropologizando demais o mercado, pode-se entrar por teorias conspiracionistas. Isso ocorre com facilidade entre marinheiros de primeira viagem no âmbito do pensamento de esquerda.
O capitalismo tem uma lógica: o aumento do capital. Uma meta: o aumento infinito do capital. O capitalismo financeirizado de hoje quer isso de modo selvagem. Trata-se do que os historiadores da economia chamaram de "uma fuga para a frente": se não há mais crescimento do capital pela lógica do capitalismo do Pós-Guerra, então que seja pelo aumento dos papéis, pela lógica de um capitalismo (des)regrado pela capital fictício (Marx). Foi assim que se iniciou a financeirização, pela qual entramos principalmente a partir dos anos noventa, com FHC. O neoliberalismo foi a capa política disso. A internet veio como o meio tecnológico gerado para viver em simbiose com a financeirização. Hoje, ambos estão casados no capitalismo de plataforma e financeirizado.
O governo Lula quer outra lógica? Se sim, então o mercado não quer Lula. Mas e se Lula obedecer o mercado? Ora, nada muda. O mercado não aceita Lula pintado de neoliberal. Lula passa a ideia de que sempre poderá querer o que se quer na esquerda: um capitalismo que imite algo do capitalismo do Pós-Guerra em termos de melhoria da vida de todos na nação. Os objetivos ficaram mais modestos na esquerda. Mas nem por isso as disputas para se conseguir alguma coisa em termos de justiça social ficaram menos duras.
Criou-se nesses anos todos, em meio século de neoliberalismo, uma cultura do imediatismo, do curto prazismo, que é a cultura do capitalismo financeiro. Então, acreditar em governos que, mesmo com perspectiva capitalista, queiram navegar para criar um país mais justo, não coaduna com o crescimento do capital nos níveis exigidos pelo capitalismo financeiro atual. Portanto, o mercado não quer domesticar Lula, não quer governar no lugar de Lula, pois não quer o Brasil. O mercado não quer Lula, e pronto! Pois esse governo fala, AINDA, na existência da nação, e o mercado só vê o crescimento do capital. Se isso levar ao caos, não importa. Os intelectuais neoliberais não pensam que fora do capitalismo há vida.
Não temos mais um capitalismo que precise de uma burguesia. Não há mais burgo, cidade, e o mercado funciona com ricos que não possuem mais razão para governar um país no sentido de cuidar do lugar. Viver em um lugar e cuidar de um lugar não faz mais sentido para os herdeiros sociais do que foi um dia a burguesia. O acúmulo do capital é o objetivo agora único, exclusivo e exclusivista.
Nunca o capitalismo foi de tal ordem narcisista e predador como está se comportando agora.
Paulo Ghiraldelli
Recomendação de leitura:
BELLUZZO E GALÍPOLO. A escassez na abundância capitalista.
ILAN LAPYDA. Introdução a Financeirização. Em: loja.cefaedito...
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