Manejo de cigarrinha e complexo de enfezamentos na cultura do milho

10 perguntas e respostas sobre o manejo de enfezamentos em milho
Pergunta 1 - Quais os motivos que nos trouxeram a essa problemática?
Vou citar 3 aspectos que considero os mais importantes:
1 - Aumento de área de cultivo. Vejam, em 20 anos, nós saímos de 4 para 20 milhões de hectares, em uma dinâmica que tem safra e safrinha, ou seja, o hospedeiro praticamente o ano todo no campo;
2 - Tecnologia Bt. De 2009 para cá, o único manejo que se fez de pragas no milho foi manejo para percevejo. O que é bom, mas por outro lado, isso pode ter favorecido a adaptação da cigarrinha.
3 - Milho RR. Aumentou a quantidade de plantas voluntárias, dada a dificuldade de controle, o que foi aos poucos agravando a problemática
Pergunta 2 - O que são os enfezamentos? vírus ou bactérias?
A cigarrinha (Daubulus maydis) é vetora/trasmite 3 doenças. O vírus do rayado fino e dois molicutes, o fitoplasma (enfezamento pálido) e espiroplasma (enfezamento vermelho), que são bactérias sem parede celular que precisam de um hospedeiro para sobreviver. Para nossa sorte, o milho (Zea mays) é única espécie que hospeda essas doenças, o que nos permite inferir, algumas estratégias de manejo que vou responder mais a frente. Isso porque o cenário vem se agravando ao longo das últimas safras, o número de plantas enfezadas observadas a campo é grande, e consequentemente a probabilidade de presença do patógeno é muito grande.
Pergunta 3 - Qual nível de ação para controle?
Como é difícil saber se a cigarrinha está ou não infectada, e os sintomas da doença nas plantas de milho demoram de 3 a 5 semanas para aparecer, a tomada de decisão para controle é a presença ou ausência da cigarrinha
Pergunta 4 - Por quanto tempo a cigarrinha sobrevive?
O ciclo biológico, do ovo ao adulto, leva em torno de 25 dias. A fase adulta varia entre 60 a 80 dias. Durante esse período, a cigarrinha faz a postura de mais de 400 ovos, que em 25 dias, estarão na fase adulta e começarão ovopositar. Então vejam, 1 cigarrinha representa milhões de cigarrinhas no período de setembro a janeiro. A literatura cita que indivíduos podem sobreviver por até 4 meses. Mas isso é como nós por exemplo: uma pequena parte da população passa dos 100 anos de vida.
Pergunta 5 - Ocorre transmissão transovariana?
Não, não ocorre.. a cigarrinha ao eclodir não está infectada. Ela precisa se alimentar de uma planta infectada para adquirir o patógeno. Essa aquisição é persistente, ou seja, durante toda sua vida, a cigarrinha vai transmitir os molicutes e o vírus
Pergunta 8 - Qual a porcentagem de cigarrinha infectada?
Difícil dizer porque depende da época do ano. Quando eu começo uma nova safra de verão por exemplo, com baixa pressão de inóculo (veio a geada, controlou o milho guacho)
Pergunta 6 - Quais os sintomas nas plantas?
Enfezamento quer dizer, clorose internerval. Ao colonizar os vasos condutores da planta, ao se alimentar e se reproduzir, ocorre de certa forma o trancamento desses vasos, o que afeta o metabolismo, a fisiologia e a nutrição das plantas. No início da fase de desenvolvimento, até v6-v7, a planta está passando por intensa formação dos componentes de rendimento, formação dos vasos condutores... logo, quanto antes a planta for acometida pela doença, maiores os danos
Pergunta 7 - Quais as principais estratégias de controle? é viável controlar após V7-V8?
Existe a questão do aumento da população da praga para a próxima safra, mas eu diria que se você chegou em V7-V8 com alta infestação, você já perdeu o timing de manejo.
Pergunta 9 - Controle de bordadura funciona e uso de enxofre como desalojante?
Ajuda, porque a cigarrinha, com várias outras espécies, no período das entressafras, busca abrigo em algum lugar. Porém, a corteva fez um monitoramento da capacidade de dispersão da praga, e em pouco dias, ela já havia adentrado praticamente toda a área..
Pergunta 10 - Existe compatibilidade dos herbicidas/inseticidas com biológicos?
Nós estamos acabando de fazer vários testes de compatibilidade entre químicos e biológicos.. se você quer receber essa informação, se inscreve no canal, ativa o sininho, que assim que a gente postar os resultados, você vai receber uma notificação...
Assim, o canal cresce e mais pessoas tem acesso a informação idônea e de qualidade, logo nossa agricultura melhora, cresce de maneira mais sustentável.

[@ricardovigano1450]

Parabéns rico em conhecimento e de muito valia

[@PauloAdami]

Tenho um apreço muito grande por ti meu amigo.. obrigado pelo comentário..

[@pedrobosijunior.5382]

Sempre excelentes informações!

[@dorismararaujo4300]

Parabéns meu amigo....fantastica a aula

[@PauloAdami]

Obrigado pelo elogio.. abs

[@marcosmilhoverde.3119]

Obrigado professor. Essa informação é muito útil. Agora sim posso fazer um controle antecipado para a cigarrinhas.

[@felipegomes830]

Parabéns pelo trabalho professor! A sociedade agradece.

[@PauloAdami]

perfeito.. e eu como funcionário público consigo retribuir o salário que ganho, logo, todos ganhamos juntos.. valeu

[@ivancoltro4186]

Temos aí um exemplo a ser seguido por muitas pessoas. Parabéns Professor Paulo, pelo excelente trabalho.

[@cortesdoagrooficial3174]

Primeiramente parabéns professor pelas informações e pela dedicação para sempre produzir conteúdo de qualidade nesse canal. Atualmente trabalho como RTC pela Bortoluzzi Sementes & Cereais, e gostaria de perguntar ao senhor se haveria possibilidade de realizar alguma palestra voltado a produtores e profissionais na região de Pato Branco? Acredito que o momento é oportuno, pensando em preparar o produtor e porque não os profissionais, para trabalhar esse tema pensando em milho safrinha. Tem algum contato onde poderíamos detalhar mais sobre o assunto?

[@PauloAdami]

Olá Jonas.. legal a iniciativa.. pode me chamar no what’s up (46-999142413) e ai alinhamos por lá.. valeu

[@amiltonricardosteiner1188]

Parabéns professor pelo trabalho, eu trabalho na região de Francisco Beltrão pela sandri agroinsumos e a BALlAGRO é nossa parceria tem dado bons resultados tanto na cigarrinha como no fungo de solo

[@PauloAdami]

Bacana... praga de dificil controle... temos que utilizar mais de uma ferramenta.. valeu

[@RCB087]

Professor só creio que houve um equivoco em dizer que os molicutes são bactérias. Pois não são, eles são como uma bactéria porém sem parede celular. Onde bactericidas não apresentam resultados.

[@PauloAdami]

Perfeito... Mollicutes é uma classe de bactérias que se distingue pela ausência de parede celular... abs

[@victorterra2693]

O único produto que resolve o problema da cigarrinha é o Surround. Quem tiver interesse me procure

[@PauloAdami]

Ola meu amigo.. legal.. Arruma uma amostra.. Vamos avaliar

[@victorterra2693]

@@PauloAdami fala Paulo vou te passar meu e-mail me manda seu contato. Vou te passar o material do produto e fazemos um vídeo conferência e te apresento o produto.

[@tiagobrunetta4441]

Professor e qual seria o posicionamento das aplicações ? Alguns técnicos falam até v6 outros até v8 e alguns até pré-pendoamento, no ponto de vista entre gastos com as aplicações e perdas da produção, até onde seria o ideal esse controle da cigarrinha ?

[@PauloAdami]

Grande Tiago.. se a gente for analisar a nível de ação considerando o custo de controle (uma aplicação de lança-te a 50 reais), preço de milho e as perdas produtivas, e fácil viabilizar 8 a 10 aplicações.. mas não é essa a mns que quero deixar.. até porque já avaliei essa estratégia, e o retorno foi uma fumagina absurda que ajudou a definhar ainda mais o milho.. então penso que os posicionamentos de inseticida, em se observando a presença da praga, devem começar cedo, em v1 já.. até v5 temos mais uns 20 e poucos dias.. vejo que a melhor estratégia e associar químico com biológico.. aí é possível aumentar period entre aplicações de 7 para 10 a 12 dias.. de chegou em V6 e não conseguiu controle.. não vejo muito mais o que pode fazer.. penso que não compensa seguir aplicando… E mais interessante intensificar no início, caso não tenha controle eficiente.. abs

[@daniel13bf]

Se a cigarrinha tem como única fonte alimentar o milho, a cigarrinha é endêmica do Brasil ou veio de outro lugat? Se for, de que se alimentava antes de ter milho no nosso território? A planta do milho também pode se infectar de outra maneira além do vetor cigarrinha?

[@PauloAdami]

Ola.. acabou passando sem responder.. veio América Central.. se alimentava de teosinto.. que também hospeda os molicutes.. não.. a infecção ocorre a partir do vetor - cigarrinha

[@dirceugroff4767]

Tenho um plantio de capiaçu próximo ao milho Tá bem visozo será que pode ser um o ospedeiro de cigarrinha Pq já notei que tem muita cigarrinha

[@PauloAdami]

Opa Dirceu..a única espécie que hospeda a doença - os enfezamentos (bactérias) é o milho.. mas a cigarrinha pode estar sobrevivendo em áreas adjacentes e em outras gramineas..

[@pauloeduardobassetto7371]

Professor a cigarrinha do milho está dando prejuízo no capim tifiton 85 e Coast Cross no feno ,ela começa a secar a planta de baixo para cima perdendo peso e qualidade e a brota sai debilitada com raízes e talos finos, tenho testemunha sem aplicação de inseticida a perca é muito grande

[@PauloAdami]

Olá Paulo.. importante sua observação.. a gente sabe que a única espécie que hospeda os enfezamentos (molinetes/bactérias) é o milho e de que existe um dano direto da cigarrinha não enfezada no milho.. mas esse dano é muito pequeno quando comparado aos danos causados pelo desenvolvimento das bactérias nos vasos do floema da planta.. sob alta pressão, essas danos diretos por sugar a seiva acabam se tornando importantes.. deve ser o que está acontecendo na tifton.. o uso de biológico a base de Beauveria pode ajudar e ser efetivo, quando aplicado sob boas condições de umidade.. imagino que com a colheita das áreas de milho, a praga acabe migrando para outras áreas (tifton) e a utilize como abrigo e alimentação.. situação ficando complicada.. muito desafiador o manejo dessa praga

[@lm6064]

Juvenoide tem sentido para cigarrinha?

[@PauloAdami]

Não controla.. abs