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Eu me chamo Madison Bennett e tenho trinta anos. Sou Doutora em Medicina, mais especificamente cirurgiã. Minha vida foi marcada por dedicação intensa aos estudos e por uma família que nunca me agradeceu pelos sacrifícios que fiz. Em mil novecentos e noventa e nove, quando me formei na faculdade de Medicina, passei a sustentar meus pais e minha irmã, embora jamais tenha recebido qualquer gesto de gratidão. Porém, naquela época, eu ainda acreditava que laços de sangue prevaleceriam sobre interesses egoístas. Desde então, tenho arcado com todas as despesas, desde a hipoteca da mansão onde meus pais vivem até as mensalidades escolares dos três filhos de minha irmã, Abigail. Ela é mais nova que eu, porém age como se tivesse o mundo a seus pés. Acredita que meus ganhos são uma fonte inesgotável de luxo. Tudo isso foi aceito por minha mãe, Magda, que sempre a tratou como a filha preferida. No entanto, eu suportava em silêncio, acreditando que a família deveria permanecer unida. Meu senso de responsabilidade nublava minha visão do que era justo. Foi somente neste ano de dois mil e vinte e cinco, quando recebi um telefonema de minha mãe, que percebi que algo não estava certo. Ela me convidou para um jantar de família, mas deixou claro que meu filho, Gabriel, de cinco anos, não seria bem-vindo. Alegou que crianças não deveriam participar de eventos tão ‘sofisticados’. Contudo, ela sempre acolheu os filhos de Abigail sem qualquer restrição. Fiquei surpresa e decidi encarar a verdade por trás dessas aparências. Naquele momento, entendi que a sofisticação do jantar era um pretexto para distinções injustas. Na noite do jantar, vesti meu melhor traje e cheguei sem aviso prévio, segurando minha bolsa e exibindo um semblante impassível. Deixei Gabriel aos cuidados de uma babá de confiança, ainda indignada com a exclusão de meu próprio filho. Assim que atravessei o portão principal, notei as paredes descascadas e a pintura desbotada da mansão. Aquele lugar, outrora símbolo de status, estava entregue à deterioração. Magda e Abigail me receberam com sorrisos tensos, como se quisessem esconder algo. Contudo, bastou um breve vislumbre da sala de estar para eu entender o motivo de tanta encenação. Os três filhos de Abigail brincavam e corriam, sendo paparicados pelos meus pais, como se fossem pequenos príncipes. Olhei para cada rosto presente, desde meu pai, que se mantinha em silêncio, até minha mãe, cuja expressão deixava transparecer um misto de superioridade e constrangimento. Em nenhum momento perguntaram por Gabriel ou demonstraram preocupação com sua ausência. Abigail, por sua vez, deslizava pelo salão exibindo seus filhos como troféus, enfatizando o quanto eram especiais. Senti um aperto no peito, não de tristeza, mas de raiva contida. Era como se todas aquelas gentilezas seletivas fossem direcionadas apenas à família ‘ideal’ que minha mãe tanto venerava. Percebi que eu jamais fizera parte daquele ideal. Então, decidi que era o momento de expor minha insatisfação. Após alguns minutos de conversa superficial, pedi um instante de atenção. Minha voz soou firme, sem tremor algum. Expliquei que me sentia ofendida com a exclusão de Gabriel, especialmente ao ver que os filhos de Abigail estavam ali, sendo tratados como convidados de honra. Magda tentou interromper, mas ergui a mão para silenciá-la. Ainda não era hora de gritos ou lamentações.