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O centenário da Semana de Arte Moderna e o Bicentenário da Independência do Brasil são episódios que nos convidam a refletir a respeito do imaginário brasileiro, a problematizar determinados traumas históricos e a avaliar novas disputas em torno de projetos de nação. Valendo-nos desses marcos históricos como ponto de partida para o desenvolvimento de nossas reflexões, propomos aqui uma revisão crítica a respeito dos conceitos relacionados à modernidade e à identidade nacional em meio à contemporaneidade brasileira. Sob o viés dos estudos literários, em diálogo com outras áreas do conhecimento, procuramos discutir a importância de projetos de nação comprometidos com a expansão da ideia de Brasil e o com o acolhimento de subjetividades regionais historicamente invisibilizadas em meio aos debates midiáticos, culturais e/ou políticos realizados em âmbito nacional. Partindo da compreensão de que nem mesmo a noção de humanidade possui um sentido estático, a filósofa Rita de Cássia Ferreira Lins e Silva, em “O pluralismo e a nova ordem mundial” (2016), propõe um questionamento em torno do conceito de universal que exclui aspectos da identidade e da alteridade. Nesta perspectiva, diante da concepção equivocada relacionada à ideia de universalidade, que silenciou grupos sociais considerados minoritários, ascendem determinadas vozes na contemporaneidade engajadas com a proposição de um outro paradigma de mundo, ancorado no entendimento de sua diversidade. Partindo desta compreensão e cientes da importância da literatura para a formação do imaginário de uma sociedade, propomos aqui uma discussão em torno do revisionismo crítico e de uma possível ampliação do que hoje é compreendido como cânone literário brasileiro. É preciso que propostas de autores advindos de regiões historicamente invisibilizadas em meio a debates acadêmicos, midiáticos e/ou artísticos, realizados em âmbito supostamente nacional, passem a ser avaliadas de forma democrática em universidades de grandes metrópoles do país, assim como escritores de grandes centros urbanos circulam em meio aos currículos escolares e universitários pelas regiões interioranas do Brasil. É preciso que estados como Mato Grosso do Sul, Acre, Tocantins, Roraima e Amapá passem a ser compreendidos como espaços que acolhem sujeitos produtores de conhecimento e de expressões artísticas caso tenhamos o interesse em um projeto de nação diferente daquele que, outrora, pretendia homogeneizar e hierarquizar expressões de uma cultura advinda de relações coloniais de poder. Ao pensar na circulação e na avaliação das produções literárias advindas dessas regiões periféricas em meio às grandes metrópoles brasileiras, propomos um espaço de discussão em torno da efetivação do projeto modernista de horizontalizar e “postular uma reciprocidade de perspectivas em que cada um deles reflete sobre si mesmo e projeta uma imagem” (PASINI, 2022, p. 29) em um mapa literário descentralizado, configurado “em prismas específicos e originais, que iluminam um circuito uno e desigual a partir de ângulos diferentes” (PASINI, 2022, p. 33). Este GT é um dos resultados do projeto Ainda o Regionalismo, nosso contemporâneo?, que conta com apoio financeiro da Fundect/MS, por meio do Termo de Outorga n. 290/2022.