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Embora se desconheça a data exacta da fundação do mosteiro de Seiça, a mais antiga referência documental que se conhece sobre este mosteiro, data de 1162.
Alguns anos depois, em 1175, D. Afonso Henriques emite carta de doação do couto de Barra a D. Pelágio Egas (ou Paio Egas), abade de Santa Maria de Seiça.
Na mesma época, a Ordem de Cister crescia em Portugal, espalhando as suas casas conventuais pelo território então reconquistado.
o reinado de D. Sancho I o estabelecimento de comunidades cistercienses diminuiu, registando-se apenas duas filiações de mosteiros em Alcobaça, Santa Maria de Maceira Dão em 1188, e Santa Maria de Seiça, doado à Abadia de Santa Maria de Alcobaça em 1195.
A partir dessa data Seiça passou para a Ordem de Cister, passando a albergar uma comunidade de monges brancos.
Embora protegido pela Coroa ao longo da Idade Média, devido aos desentendimentos constantes com a casa-mãe de Alcobaça, em 1555 o Mosteiro de Seiça foi suprimido por D. João III e os seus bens foram destinados à Ordem de Cristo, para a edificação de novo mosteiro em Carnide - Lisboa.
Seria D. Sebastião que em 1560 restituiria o mosteiro novamente à alçada da grande abadia cisterciense, através da Bula de Pio IV “Hodie a nobis emanarunt littere” que anulou a extinção do Mosteiro de Santa Maria de Seiça.
Devido à sua proximidade do Colégio de Santa Cruz de Coimbra, o Mosteiro de Seiça passou a funcionar como centro de estudos filosóficos da ordem.
O espaço do transepto, que seria coberto por cúpula, bem como a capela-mor, foram-se degradando depois da saída dos monges, em 1834, ficando completamente ao abandono e à mercê das intempéries e do vandalismo.
Com a extinção das Ordens Religiosas, em 1834, o conjunto arquitectónico foi apropriado pelo Estado, tendo posteriormente sido entregue à Junta de Paróquia de Nossa Senhora do Ó do Paião a Igreja e a Sacristia do Mosteiro de Santa Maria de Seiça, através de Carta de Lei de 22 de Fevereiro de 1861, emitida por D. Pedro V.
Desde então, ao longo de mais de século e meio, o Mosteiro de Santa Maria de Seiça foi sofrendo às mãos dos Homens que nele apenas viam valor económico.
No decorrer do século XIX a Igreja Matriz do Paião necessitava de reparações constantes.
Mal o povo recuperava dos impostos cobrados para obras, já novos restauros eram necessários.
Para fazer face às despesas com a Igreja Matriz, a Junta de Paróquia de Nossa Senhora do Ó do Paião recebeu a igreja e o mosteiro do extinto Mosteiro de Santa Maria de Seiça, em 1861, o qual, em consequência da expulsão dos monges de Cister, ficou votado ao abandono sem qualquer utilização que de algum modo garantisse a sua preservação.
Entre avanços e recuos sobre a construção ou não de uma nova igreja, durante anos foram executadas obras de restauro na existente.
Em 1871 a Junta de Paróquia deliberou a demolição da sacristia do lado Sul e o gigante de pedra do Mosteiro de Seiça para com essa pedra tapar o cemitério e o adro da Igreja Matriz do Paião.
Por outro lado, a construção do troço de caminho de ferro da Linha do Oeste, entre Leiria e Figueira da Foz, em 1888, terá obrigado à demolição das estruturas subsistentes do presbítero e do falso transepto.
Em 1895 a Junta de Paróquia vendeu o Mosteiro de Seiça a particulares e em 1911 o Mosteiro foi vendido novamente. Os novos proprietários transformaram a Igreja do cenóbio em unidade industrial de descasque de arroz, a qual terá terminado a sua laboração por volta de 1976.
Em 2002 o Mosteiro de Santa Maria de Seiça foi classificado como Imóvel de Interesse Público e em 2004 celebrou-se a escritura de compra do Mosteiro de Seiça por parte da Câmara Municipal da Figueira da Foz.
Devoluto desde o encerramento da unidade fabril e dotado ao abandono, o que subsiste do mosteiro de Santa Maria de Seiça encontra-se actualmente em avançado estado de ruína.
Remanescem a igreja, amputada em metade do seu tamanho e sem a abóbada da nave, as alas norte e poente do claustro, os espaços destinados à portaria e hospedaria, parte das celas do dormitório do primeiro piso, o corpo respeitante à cozinha, e refeitório, também amputado em parte, para nascente e parte do segundo claustro.