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O BAIO ENCERADO
Letra: Lauro C. Simões
Música: Nelson Cardoso
Intérprete: Nelson Cardoso
Quem já teve um pingo baio,
sabe o que é estar a cavalo
eu tive um certa vez,
por isto sei do que falo.
Um flete baio encerado
que me deram de regalo.
Por muito tempo parceiros,
bebemos da mesma fonte
quando ainda havia tropas
muitos dias de reponte.
Cruzando vãos e caminhos,
desfazendo os horizontes.
Pelas picadas escuras,
trocando orelhas, arisco
meu baio - gato do mato,
corpo leviano, um prisco
Era um irmão do silêncio
ou a chispa de um curisco.
Que tempo, aquele, meu baio,
das gaúchas comitivas,
a peonada da fronteira
ando de mão "pros" birivas.
Conhecendo os quatro cantos
da nossa pampa nativa.
Só ajeitava os arreios
pra cruzar no Quaraí,
nadava até de cangalha,
como outro igual, nunca vi.
Mal comparando: um capincho
cruzado com surubi.
Nas estradas e realengas
dos corredores gerais
meu baio - lua encardida,
muito chão deixou pra trás.
Ou pelos quartos de ronda
que, hoje, nem existem mais.
Das histórias que deixamos
muitas contei ao meu filho
quando a saudade gaviona
pega em armas no sarilho.
Dois irmãos de reencontram
unidos pelo lombilho.