O Homem da Areia, de Hoffmann + O Infamiliar, de Freud + J. G. Merquior | Diário de Leitura

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O Homem da Areia, de Hoffmann (parte da coletânea): amzn.to/3Y0LTMu
O Infamiliar, de Freud (que inclui O Homem da Areia): amzn.to/3H7C4W0
Razão do Poema, de J. G. Merquior: amzn.to/3WEVaZr
Minutagem do vídeo:
0:00 Introdução
0:41 Resumo de O Homem da Areia
12:04 O comentário de J. G. Merquior em Razão do Poema
22:59 O comentário de Freud em O Infamiliar
33:30 Minhas considerações sobre a novela
Obs.: originalmente, este vídeo foi publicado no âmbito do Clube de Leitura de Contos, Novelas e Peças de Teatro do canal.
Diário de Leitura, por Lucas Cafre

[@rick1rj2rj3rj]

Eu me lembro bastante das discussões sobre esses textos no mestrado em Teoria Psicanalítica que cursei na UFRJ, esse retorno de Coppelius é interpretado na psicanálise como o "retorno do recalcado" ou o "retorno do fantasma" (o caso que ocorre com Natanael) que é exatamente um momento que um símbolo externo faz com que tragamos esse trauma do inconsciente para o momento presente como algo "estranho" a nós, já que como trauma, ainda não conseguimos nomear ou representar. O retorno de Coppelius como Coppola é uma composição simbólica (Coppelio-Coppola) desse retorno do fantasma ou do recalcado em forma de repetição, típico do trauma. Interessante também é a simbologia do homem de areia, já que ela nos coloca a questão do olhar, os "olhos que são comidos, devorados", pelo simples fato de se ficar acordado. Portanto, fica a pergunta: o que não pode ser visto no período noturno naquela casa, naquele período? Quanto ao infamiliar, esse "algo" no campo do duplo sentido, campo do obscuro e ( estranho - negativo) e campo do reconhecível (familiar - positivo), esse "algo" familiar na estranheza, esse "algo" passível de ser representado convivendo ao mesmo tempo com o "algo" obscuro e inominável é a própria presença dos conteúdos inconscientes. Estes conteúdos trazem "algo" que nos faz sentir "eu já vi isso antes", mas como está ainda, em boa parte, inconsciente, esse "algo que já vi antes" ainda é estranho, não compreendido. A relação com a perda do pai nesse história é também bastante interessante, pois ela se desloca e se repete. Hoje, como adotei a teoria de Gilles Deleuze acerca do Anti-Édipo, discordo da explicação do Freud sobre a castração e o envolvimento do complexo de Édipo no entendimento do "Homem de Areia", mas isso é uma outra conversa, muito longa. Excelente vídeo, parabéns pelas escolhas textuais e a forma como você as expressou.

Muito obrigado, Rick, seu elogio tão qualificado é muito importante para mim. Adorei quando você pontuou que o ficar acordado ameaça a integridade dos olhos: só esse aspecto é capaz de render toda uma discussão. Forte abraço!

[@dhyanalmasta3829]

Parabéns, Lucas. Excelente exposição desta obra ímpar de um autor dos mais relevantes do romantismo alemão e acertada escolha em trazer o ensaio do Merquior e o célbre texto do Freud. A obra do Hoffmann é profícua e diversificada. Sua verve satírica e lúdica também merece ser ser conhecida, como por exemplo seu livro Reflexõs do Gato Murr.

Obrigado pela lembrança desse livro, Almasta.

[@BlogsLivros]

Eu li O Homem da Areia hoje! indicação fundamental! Sem dúvida, livro que justifica várias interpretações.

Acredito que seja um livro fundamental na formação de um leitor. Que bom que gostou.

[@dina5083]

Obrigada pela resenha, Lucas! Você sempre buscando material de apoio consistente para enriquecer ainda mais a sua leitura subjetiva e própria. Adorei! Tenho o e-book e pretendo ler O Homem da areia em breve. Será um prazer rever esta resenha na ocasião. Abraços

Obrigado pelo reconhecimento sempre, Dina!

[@conceicaocreadocanedo4923]

😊❤

Muito obrigado 🫂

[@ias9308]

Eu entendo que ele de alguma forma buscou "sinais" para concretizar o que ele entendia que deveria ser seu desfecho desde o episodio que lhe aconteceu em criança.

Essa é uma hipótese muito forte, de fato.