Ser professor em Portugal é, hoje, um ato de resistência. Aquela que deveria ser uma das profissões mais nobres e valorizadas na construção de uma sociedade justa, culta e próspera tornou-se sinónimo de desvalorização, frustração e precariedade. É impossível não olhar para a situação atual dos docentes sem um misto de indignação e profunda tristeza, sentimentos que ecoam não apenas nos corredores das escolas, mas em toda uma sociedade que, cega ou indiferente, negligencia a sua própria base: a educação. Os professores são vítimas de uma marginalização sistemática, como se a sua função fosse menos relevante do que a de qualquer outra profissão essencial ao funcionamento do país. Diariamente, enfrentam o desrespeito dos alunos, a ingerência dos pais - que, em muitos casos, se tornaram tiranos das salas de aula -, e o descaso absoluto dos políticos, que não hesitam em proclamar discursos vazios sobre a importância da educação enquanto continuam a ignorar as reais necessidades das escolas e dos seus profissionais. As infraestruturas escolares, muitas vezes, não são mais do que cadáveres arquitetónicos: edifícios antigos, desprovidos de condições básicas, de segurança e de conforto, a clamar por uma modernização que nunca chega. Em vez de templos do saber, temos ruínas que ilustram de forma cruel o desprezo pela educação. Mas os problemas não terminam nas paredes das escolas. Eles estendem-se aos próprios professores, que, além de lidarem com estas condições deploráveis, se veem atolados em tarefas administrativas incessantes, um verdadeiro labirinto burocrático que não só sufoca a criatividade docente, como também desvia o foco daquilo que deveria ser essencial: ensinar. E o que recebem em troca? Um salário indigno, que mais se assemelha a uma ofensa do que a uma retribuição justa. Para quem dedica a vida a formar cidadãos, a educar crianças e jovens, a preparar o futuro de um país, é uma afronta viver com rendimentos que mal garantem a subsistência. Após décadas de estudo e formação contínua, muitos professores encontram-se estagnados numa carreira que não valoriza o mérito nem reconhece o esforço, perpetuando uma precariedade que é absolutamente inaceitável. Não é exagero dizer que Portugal é uma vergonha mundial no que diz respeito ao tratamento dos seus professores. Esta não é uma questão de retórica, mas de realidade. Em outras nações, a educação é vista como prioridade; os professores são tratados com o respeito que merecem, recebendo salários dignos e sendo incluídos em políticas de melhoria contínua. Aqui, contudo, os docentes são espoliados por uma carga fiscal absurda - um verdadeiro roubo institucional -, que drena ainda mais os já parcos rendimentos. Não é apenas uma questão de injustiça financeira, mas de dignidade humana. Dizer que a educação é a profissão mais importante do mundo não é uma hipérbole: é uma verdade inegável. Sem professores, não há médicos, engenheiros, cientistas, artistas ou políticos. E, no entanto, somos uma sociedade que se permite esquecer esta verdade essencial. As consequências já são visíveis: desmotivação generalizada entre os docentes, perda de qualidade no ensino, abandono da profissão por parte de muitos que não conseguem mais sustentar-se ou suportar a humilhação constante. Até quando continuará Portugal a virar as costas aos seus professores? Até quando permitiremos que a ignorância e a mediocridade dominem as decisões políticas que deveriam, acima de tudo, proteger e promover a educação? É hora de erguer a voz, de lutar por mudanças concretas e de exigir o reconhecimento que os professores merecem. Pois não há futuro possível para um país que abandona os seus educadores. E sem futuro, o que nos resta senão o silêncio da decadência?
@RRodeiaАй бұрын
Então o Montenegro já explicou a isenção dos impostos da sua casa de luxo??
@RRodeiaАй бұрын
E os combustíveis que não param de aumentar??
@Paulasilva-ju5hl2 ай бұрын
Baixar IVA nas touradas????!!!!!😢 A sério????? Por favor baixem IVA nos alimentos essenciais ,isso sim. Haja juízo .
@RRodeiaАй бұрын
E o vosso deputado que alegadamente bêbado atropelou una criança??