"Os Gigantes": Entenda o que são os "mega municípios" dominados pelo agro e seu impacto ambiental

O dossiê "Os Gigantes", produzido pelo De Olho Nos Ruralistas, traz à tona preocupantes descobertas sobre o impacto ambiental e social dos maiores municípios do Brasil. O relatório examina as políticas ambientais dos cem maiores municípios em extensão territorial, que representam 37% do território nacional, uma área equivalente ao tamanho da Índia e maior que todos os países da Europa Ocidental.
Esses gigantes, que atuam principalmente nos setores do agronegócio, mineração e energia, estão no centro de ações que promovem o desmatamento, poluem rios e esgotam recursos naturais. Entre janeiro de 2021 e julho de 2024, esses municípios perderam 22 mil km² de vegetação nativa, o que representa 38,4% do desmatamento total no Brasil nesse período - uma área do tamanho de El Salvador.
Entre os trinta municípios que mais emitiram gases de efeito estufa (GEE) em 2023, 17 fazem parte da lista dos "Gigantes". A principal causa dessas emissões é a conversão de florestas em pastagens para o agronegócio.
Além da degradação ambiental, o relatório destaca a vulnerabilidade de milhares de pessoas que vivem nessas áreas. Dos cem maiores municípios, 77 estão em regiões suscetíveis a deslizamentos, enxurradas e inundações. Cerca de 195 mil pessoas vivem em áreas de risco, muitas delas em comunidades tradicionais, como indígenas e quilombolas, que dependem de seus territórios para subsistência e enfrentam deslocamento forçado pela destruição ambiental.
Outro ponto levantado é a concentração de poder nas mãos de prefeitos ligados ao agronegócio e à mineração. Dos prefeitos eleitos em 2020 nos cem maiores municípios, 39 são fazendeiros ou empresários do setor, o que reforça o conflito de interesses e a falta de compromisso com a proteção ambiental.
Além disso, trinta dos cem municípios analisados estão na rota dos grandes projetos do Novo PAC, como a expansão da fronteira agropecuária na região Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia) e o colapso hidrológico no Pantanal com a construção da hidrovia Paraná-Paraguai.
Confira a entrevista completa com Bruno Bassi, coordenador de projetos do De Olho Nos Ruralistas, no KZbin do Observatório de Justiça e Conservação. Acesse o link na bio.