Eu demorei tanto para descobrir que ler Machado é bom! Ele foi genial.
@Dom_Fabio Жыл бұрын
Hoje é 15/08/2023. Foi num 15 de agosto de 1909 que Euclides da Cunha morreu quando confrontou o amante de sua esposa. Faço esse comentário porque o senhor Euclides foi amigo de Machado de Assis, tendo inclusive estado presente no dia final de Machado, que morreu em 1908.
@josebittencourtsilva9742 Жыл бұрын
... E os amantes foram felizes para sempre na eternidade.
@farofeira4 жыл бұрын
Nunca deixar de escutar o instinto.
@Aparecidacfs3 жыл бұрын
Ótima narração! Obrigada, ajudou minha filha acompanhar a leitura do livro... só lendo estava difícil de entender.
@josemeireles6670 Жыл бұрын
Senhor abençoe os que lêem esta mensagem, familiares e entes queridos, com a tua infinita bondade, torne-as plenas de paz, de amor , saúde e harmonia, derrame tuas infinitas Graça, Luz; Sabedoria e Prosperidade, de tudo de melhor nas vidas deles... - Lord bless those who read this message, family and loved ones, with your infinite goodness, make them full of peace, love, health and harmony, pour out your infinite Grace, Light; Wisdom and Prosperity, all the best in their lives... - Señor, bendiga a los que leen este mensaje, familiares y seres queridos, con tu infinita bondad, hazlos llenos de paz, amor, salud y armonía, derrama tu infinita Gracia, Luz; Sabiduría y Prosperidad, todo lo mejor en sus vidas ...
@VivaemJesus5 ай бұрын
Jesus te ama para todo o sempre!!Saiba que você é muito valioso (a) para Ele!!! :))💗
@josesilva80583 жыл бұрын
O instinto e a morte , vida ou a solidão absoluta , a coisas que a filosofia nem sonho em explicar .
@iskilzinho2 ай бұрын
Eu gostei do final
@kaykyrocon13953 жыл бұрын
Acho q a cartomante era capanga do Vilela.
@lucca27562 жыл бұрын
Ou, ela tinha um caso com o Vilela
@meuincrivelcanal Жыл бұрын
@@lucca2756 não faria sentido, se fizesse Vilela não teria motivo para ficar brabo com Rita e Camilo.
@MateusHanyery5 ай бұрын
@@lucca2756puta sabedoria desbalançeada bixo, muito top tua especulação.
@silhdhc1419 Жыл бұрын
Excelente narrativa!
@mariaribeiro3343 Жыл бұрын
Essa é a mesma cartomante que atendeu Macabéia
@luisarocha5745 ай бұрын
Me ajudou muito, sério!
@skroktifufdesuzanawebberal4852 жыл бұрын
Obrigado Leonardo pela sua leitura e viva o grande mestre Machado em
@marianabinda2023 Жыл бұрын
Parabéns prla linda narrativa
@elainesouto4803 Жыл бұрын
PARABÉNS PELO TRABALHO
@Dom_Fabio4 жыл бұрын
Mas que hora o sujeito escolheu para voltar a crer em superstições. Se bem que é preciso mesmo crer em fantasias para correr o risco de aventura como esta do conto, e esperar que tudo termine bem.
@giovannadanciuc8826 Жыл бұрын
Parabéns pela ótima narração Ajudou muito !!
@djowpeter34452 жыл бұрын
EXELENTE NARRAÇÃO
@umaprof Жыл бұрын
que legal! ótimo narrador!
@licafontana14914 жыл бұрын
Adorei. Obrigada
@leehsouzinha63482 жыл бұрын
Você arrasou moço , me ajudou muiitoooi !
@Unfair54 жыл бұрын
Valeu bro
@marcelocaio97823 жыл бұрын
Excelente narração!
@hildemariodamasceno7039 Жыл бұрын
Muito obrigado!✨
@beatrizmendes55872 жыл бұрын
Leitura para quem precisar!! HAMLET observa a Horácio que há mais cousas no céu e na terra do que sonha a nossa filosofia. Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de novembro de 1869, quando este ria dela, por ter ido na véspera consultar uma cartomante; a diferença é que o fazia por outras palavras. - Ria, ria. Os homens são assim; não acreditam em nada. Pois saiba que fui, e que ela adivinhou o motivo da consulta, antes mesmo que eu lhe dissesse o que era. Apenas começou a botar as cartas, disse-me: "A senhora gosta de uma pessoa..." Confessei que sim, e então ela continuou a botar as cartas, combinou-as, e no fim declarou-me que eu tinha medo de que você me esquecesse, mas que não era verdade... - Errou! interrompeu Camilo, rindo. - Não diga isso, Camilo. Se você soubesse como eu tenho andado, por sua causa. Você sabe; já lhe disse. Não ria de mim, não ria... Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo. Jurou que lhe queria muito, que os seus sustos pareciam de criança; em todo o caso, quando tivesse algum receio, a melhor cartomante era ele mesmo. Depois, repreendeu-a; disse-lhe que era imprudente andar por essas casas. Vilela podia sabê-lo, e depois...
@beatrizmendes55872 жыл бұрын
- Qual saber! tive muita cautela, ao entrar na casa. - Onde é a casa? - Aqui perto, na Rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca. Camilo riu outra vez: - Tu crês deveras nessas cousas? perguntou-lhe. Foi então que ela, sem saber que traduzia Hamlet em vulgar, disse-lhe que havia muita cousa misteriosa e verdadeira neste mundo. Se ele não acreditava, paciência; mas o certo é que a cartomante adivinhara tudo. Que mais? A prova é que ela agora estava tranqüila e satisfeita. Cuido que ele ia falar, mas reprimiu-se. Não queria arrancar-lhe as ilusões. Também ele, em criança, e ainda depois, foi supersticioso, teve um arsenal inteiro de crendices, que a mãe lhe incutiu e que aos vinte anos desapareceram. No dia em que deixou cair toda essa vegetação parasita, e ficou só o tronco da religião, ele, como tivesse recebido da mãe ambos os ensinos, envolveu-os na mesma dúvida, e logo depois em uma só negação total. Camilo não acreditava em nada. Por quê? Não poderia dizê-lo, não possuía um só argumento: limitava-se a negar tudo. E digo mal, porque negar é ainda afirmar, e ele não formulava a incredulidade; diante do mistério, contentou-se em levantar os ombros, e foi andando. Separaram-se contentes, ele ainda mais que ela. Rita estava certa de ser amada; Camilo, não só o estava, mas via-a estremecer e arriscar-se por ele, correr às cartomantes, e, por mais que a repreendesse, não podia deixar de sentir-se lisonjeado. A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagcm para a casa da cartomante. Vilela, Camilo e Rita, três nomes, uma aventura e nenhuma explicação das origens. Vamos a ela. Os dois primeiros eram amigos de infância. Vilela seguiu a carreira de magistrado. Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público. No princípio de 1869, voltou Vilela da província, onde casara com uma dama formosa e tonta; abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado. Camilo arranjou-lhe casa para os lados de Botafogo, e foi a bordo recebê-lo. - É o senhor? exclamou Rita, estendendo-lhe a mão. Não imagina como meu marido é seu amigo, falava sempre do senhor. Camilo e Vilela olharam-se com ternura. Eram amigos deveras. Depois, Camilo confessou de si para si que a mulher do Vilela não desmentia as cartas do marido. Realmente, era graciosa e viva nos gestos, olhos cálidos, boca fina e interrogativa. Era um pouco mais velha que ambos: contava trinta anos, Vilela vinte e nove e Camilo vinte e seis. Entretanto, o porte grave de Vilela fazia-o parecer mais velho que a mulher, enquanto Camilo era um ingênuo na vida moral e prática. Faltava-lhe tanto a ação do tempo, como os óculos de cristal, que a natureza põe no berço de alguns para adiantar os anos. Nem experiência, nem intuição. Uniram-se os três. Convivência trouxe intimidade. Pouco depois morreu a
@beatrizmendes55872 жыл бұрын
mãe de Camilo, e nesse desastre, que o foi, os dois mostraram-se grandes amigos dele. Vilela cuidou do enterro, dos sufrágios e do inventário; Rita tratou especialmente do coração, e ninguém o faria melhor. Como daí chegaram ao amor, não o soube ele nunca. A verdade é que gostava de passar as horas ao lado dela, era a sua enfermeira moral, quase uma irmã, mas principalmente era mulher e bonita. Odor di femmina: eis o que ele aspirava nela, e em volta dela, para incorporá-lo em si próprio. Liam os mesmos livros, iam juntos a teatros e passeios. Camilo ensinou-lhe as damas e o xadrez e jogavam às noites; - ela mal, - ele, para lhe ser agradável, pouco menos mal. Até aí as cousas. Agora a ação da pessoa, os olhos teimosos de Rita, que procuravam muita vez os dele, que os consultavam antes de o fazer ao marido, as mãos frias, as atitudes insólitas. Um dia, fazendo ele anos, recebeu de Vilela uma rica bengala de presente e de Rita apenas um cartão com um vulgar cumprimento a lápis, e foi então que ele pôde ler no próprio coração, não conseguia arrancar os olhos do bilhetinho. Palavras vulgares; mas há vulgaridades sublimes, ou, pelo menos, deleitosas. A velha caleça de praça, em que pela primeira vez passeaste com a mulher amada, fechadinhos ambos, vale o carro de Apolo. Assim é o homem, assim são as cousas que o cercam. Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita, como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca. Ele ficou atordoado e subjugado. Vexame, sustos, remorsos, desejos, tudo sentiu de mistura, mas a batalha foi curta e a vitória delirante. Adeus, escrúpulos! Não tardou que o sapato se acomodasse ao pé, e aí foram ambos, estrada fora, braços dados, pisando folgadamente por cima de ervas e pedregulhos, sem padecer nada mais que algumas saudades, quando estavam ausentes um do outro. A confiança e estima de Vilela continuavam a ser as mesmas. Um dia, porém, recebeu Camilo uma carta anônima, que lhe chamava imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos. Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela. Este notou-lhe as ausências. Camilo respondeu que o motivo era uma paixão frívola de rapaz. Candura gerou astúcia. As ausências prolongaram- se, e as visitas cessaram inteiramente. Pode ser que entrasse também nisso um pouco de amor-próprio, uma intenção de diminuir os obséquios do marido, para tornar menos dura a aleivosia do ato. Foi por esse tempo que Rita, desconfiada e medrosa, correu à cartomante para consultá-la sobre a verdadeira causa do procedimento de Camilo. Vimos que a cartomante restituiu-lhe a confiança, e que o rapaz repreendeu- a por ter feito o que fez. Correram ainda algumas semanas. Camilo recebeu mais duas ou três cartas anônimas, tão apaixonadas, que não podiam ser advertência da virtude, mas despeito de algum pretendente; tal foi a opinião de Rita, que, por outras palavras mal compostas, formulou este pensamento: - a virtude é preguiçosa e avara, não gasta tempo nem papel; só o interesse é ativo e pródigo. Nem por isso Camilo ficou mais sossegado; temia que o anônimo fosse ter com Vilela, e a catástrofe viria então sem remédio. Rita concordou que
@beatrizmendes55872 жыл бұрын
era possível. - Bem, disse ela; eu levo os sobrescritos para comparar a letra com as das cartas que lá aparecerem; se alguma for igual, guardo-a e rasgo-a... Nenhuma apareceu; mas daí a algum tempo Vilela começou a mostrar-se sombrio, falando pouco, como desconfiado. Rita deu-se pressa em dizê-lo ao outro, e sobre isso deliberaram. A opinião dela é que Camilo devia tornar à casa deles, tatear o marido, e pode ser até que lhe ouvisse a confidência de algum negócio particular. Camilo divergia; aparecer depois de tantos meses era confirmar a suspeita ou denúncia. Mais valia acautelarem-se, sacrificando-se por algumas semanas. Combinaram os meios de se corresponderem , em caso de necessidade, e separaram-se com lágrimas. No dia seguinte, estando na repartição, recebeu Camilo este bilhete de Vilela: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Era mais de meio-dia. Camilo saiu logo; na rua, advertiu que teria sido mais natural chamá-lo ao escritório; por que em casa? Tudo indicava matéria especial, e a letra, fosse realidade ou ilusão, afigurou-se-lhe trêmula. Ele combinou todas essas cousas com a notícia da véspera. - Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora, - repetia ele com os olhos no papel. Imaginariamente, viu a ponta da orelha de um drama, Rita subjugada e lacrimosa, Vilela indignado, pegando da pena e escrevendo o bilhete, certo de que ele acudiria, e esperando-o para matá-lo. Camilo estremeceu, tinha medo: depois sorriu amarelo, e em todo caso repugnava-lhe a idéia de recuar, e foi andando. De caminho, lembrou-se de ir a casa; podia achar algum recado de Rita, que lhe explicasse tudo. Não achou nada, nem ninguém. Voltou à rua, e a idéia de estarem descobertos parecia-lhe cada vez mais verossímil; era natural uma denúncia anônima, até da própria pessoa que o ameaçara antes; podia ser que Vilela conhecesse agora tudo. A mesma suspensão das suas visitas, sem motivo aparente, apenas com um pretexto fútil, viria confirmar o resto. Camilo ia andando inquieto e nervoso. Não relia o bilhete, mas as palavras estavam decoradas, diante dos olhos, fixas, ou então, - o que era ainda pior, - eram-lhe murmuradas ao ouvido, com a própria voz de Vilela. "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora." Ditas assim, pela voz do outro, tinham um tom de mistério e ameaça. Vem, já, já, para quê? Era perto de uma hora da tarde. A comoção crescia de minuto a minuto. Tanto imaginou o que se iria passar, que chegou a crê-lo e vê-lo. Positivamente, tinha medo. Entrou a cogitar em ir armado, considerando que, se nada houvesse, nada perdia, e a precaução era útil. Logo depois rejeitava a idéia, vexado de si mesmo, e seguia, picando o passo, na direção do Largo da Carioca, para entrar num tílburi. Chegou, entrou e mandou seguir a trote largo. "Quanto antes, melhor, pensou ele; não posso estar assim..." Mas o mesmo trote do cavalo veio agravar-lhe a comoção. O tempo voava, e ele não tardaria a entestar com o perigo. Quase no fim da Rua da Guarda Velha, o tílburi teve de parar, a rua estava atravancada com uma carroça, que caíra. Camilo, em si mesmo, estimou o obstáculo, e esperou. No
@beatrizmendes55872 жыл бұрын
fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas. Olhou, viu as janelas fechadas, quando todas as outras estavam abertas e pejadas de curiosos do incidente da rua. Dir-se-ia a morada do indiferente Destino. Camilo reclinou-se no tílburi, para não ver nada. A agitação dele era grande, extraordinária, e do fundo das camadas morais emergiam alguns fantasmas de outro tempo, as velhas crenças, as superstições antigas. O cocheiro propôs-lhe voltar à primeira travessa, e ir por outro caminho: ele respondeu que não, que esperasse. E inclinava-se para fitar a casa... Depois fez um gesto incrédulo: era a idéia de ouvir a cartomante, que lhe passava ao longe, muito longe, com vastas asas cinzentas; desapareceu, reapareceu, e tornou a esvair-se no cérebro; mas daí a ponco moveu outra vez as asas, mais perto, fazendo uns giros concêntricos... Na rua, gritavam os homens, safando a carroça: - Anda! agora! empurra! vá! vá! Daí a pouco estaria removido o obstáculo. Camilo fechava os olhos, pensava em outras cousas: mas a voz do marido sussurrava-lhe a orelhas as palavras da carta: "Vem, já, já..." E ele via as contorções do drama e tremia. A casa olhava para ele. As pernas queriam descer e entrar . Camilo achou-se diante de um longo véu opaco... pensou rapidamente no inexplicável de tantas cousas. A voz da mãe repetia-lhe uma porção de casos extraordinários: e a mesma frase do príncipe de Dinamarca reboava-lhe dentro: "Há mais cousas no céu e na terra do que sonha a filosofia... " Que perdia ele, se... ? Deu por si na calçada, ao pé da porta: disse ao cocheiro que esperasse, e rápido enfiou pelo corredor, e subiu a escada. A luz era pouca, os degraus comidos dos pés, o corrimão pegajoso; mas ele não, viu nem sentiu nada. Trepou e bateu. Não aparecendo ninguém, teve idéia de descer; mas era tarde, a curiosidade fustigava-lhe o sangue, as fontes latejavam-lhe; ele tornou a bater uma, duas, três pancadas. Veio uma mulher; era a cartomante. Camilo disse que ia consultá-la, ela fê-lo entrar. Dali subiram ao sótão, por uma escada ainda pior que a primeira e mais escura. Em cima, havia uma salinha, mal alumiada por uma janela, que dava para o telhado dos fundos. Velhos trastes, paredes sombrias, um ar de pobreza, que antes aumentava do que destruía o prestígio. A cartomante fê-lo sentar diante da mesa, e sentou-se do lado oposto, com as costas para a janela, de maneira que a pouca luz de fora batia em cheio no rosto de Camilo. Abriu uma gaveta e tirou um baralho de cartas compridas e enxovalhadas. Enquanto as baralhava, rapidamente, olhava para ele, não de rosto, mas por baixo dos olhos. Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos. Voltou três cartas sobre a mesa, e disse-lhe: - Vejamos primeiro o que é que o traz aqui. O senhor tem um grande susto... Camilo, maravilhado, fez um gesto afirmativo. - E quer saber, continuou ela, se lhe acontecerá alguma cousa ou não...
@beatrizmendes55872 жыл бұрын
- A mim e a ela, explicou vivamente ele. A cartomante não sorriu: disse-lhe só que esperasse. Rápido pegou outra vez das cartas e baralhou-as, com os longos dedos finos, de unhas descuradas; baralhou-as bem, transpôs os maços, uma, duas. três vezes; depois começou a estendê-las. Camilo tinha os olhos nela curioso e ansioso. - As cartas dizem-me... Camilo inclinou-se para beber uma a uma as palavras. Então ela declarou- lhe que não tivesse medo de nada. Nada aconteceria nem a um nem a outro; ele, o terceiro, ignorava tudo. Não obstante, era indispensável muita cautela: ferviam invejas e despeitos. Falou-lhe do amor que os ligava, da beleza de Rita. . . Camilo estava deslumbrado. A cartomante acabou, recolheu as cartas e fechou-as na gaveta. - A senhora restituiu-me a paz ao espírito, disse ele estendedo a mão por cima da mesa e apertando a da cartomante. Esta levantou-se, rindo. - Vá, disse ela; vá, ragazzo innamorato... E de pé, com o dedo indicador, tocou-lhe na testa. Camilo estremeceu, como se fosse a mão da própria sibila, e levantou-se também. A cartomante foi à cômoda, sobre a qual estava um prato com passas, tirou um cacho destas, começou a despencá-las e comê-las, mostrando duas fileiras de dentes que desmentiam as unhas. Nessa mesma ação comum, a mulher tinha um ar particular. Camilo, ansioso por sair, não sabia como pagasse; ignorava o preço. - Passas custam dinheiro, disse ele afinal, tirando a carteira. Quantas quer mandar buscar? - Pergunte ao seu coração, respondeu ela. Camilo tirou uma nota de dez mil-réis, e deu-lha. Os olhos da cartomante fuzilaram. O preço usual era dois mil-réis. - Vejo bem que o senhor gosta muito dela... E faz bem; ela gosta muito do senhor. Vá, vá, tranqüilo. Olhe a escada, é escura; ponha o chapéu... A cartomante tinha já guardado a nota na algibeira, e descia com ele, falando, com um leve sotaque. Camilo despediu-se dela embaixo, e desceu a escada que levava à rua, enquanto a cartomante, alegre com a paga, tornava acima, cantarolando uma barcarola. Camilo achou o tílburi esperando; a rua estava livre. Entrou e seguiu a trote largo. Tudo lhe parecia agora melhor, as outras cousas traziam outro aspecto, o céu estava límpido e as caras joviais. Chegou a rir dos seus receios, que chamou pueris; recordou os termos da carta de Vilela e reconheceu que eram íntimos e familiares. Onde é que ele lhe descobrira a ameaça? Advertiu também que eram urgentes, e que fizera mal em demorar-se tanto; podia ser algum negócio grave e gravíssimo. - Vamos, vamos depressa, repetia ele ao cocheiro. E consigo, para explicar a demora ao amigo, engenhou qualquer cousa; parece que formou também o plano de aproveitar o incidente para tornar à antiga assiduidade... De volta com os planos, reboavam-lhe na alma as palavras da cartomante. Em verdade, ela adivinhara o objeto da consulta, o estado dele, a existência de um terceiro; por que não adivinharia o resto? O
@raianesantos85843 жыл бұрын
Excelente narração
@mylaaalves Жыл бұрын
Adorei a narração, perfeita!!
@andresantos69633 жыл бұрын
Vim ver os comentários: 😃 Vi um monte de spoiler: 🤡
@im_Hyemi3 жыл бұрын
Não vi nenhum spoiler
@LarissaGomes-qk9dh Жыл бұрын
Após refleti conclui que a moral dessa história é que a verdade não é crueldade mem justifica a crueldade.
@meuincrivelcanal Жыл бұрын
Q?
@vianavi51794 жыл бұрын
O camilo q morreu? Gentiii
@ruankurten10132 жыл бұрын
Vlw mano
@felipetillier4976 Жыл бұрын
Otimo
@ceciliarevisartese95152 жыл бұрын
Ótimo!
@byancamolero77283 жыл бұрын
Pelo menos eles ficaram juntos, mortos, porem juntos kkkkk
@Camila-tb9wd3 жыл бұрын
KKKKKKKKKKKKKKKFJGFDKJKSJKJK
@theonce_3 жыл бұрын
não, mas esse comentário aqui- KKSKSJWKSHKAA
@freitinhas71063 жыл бұрын
Você acha que Hamlet no começo do conto é por acaso? Na verdade é pra fazer referência a outra obra de Shakespeare em que o casal morre junto... aiai, esse Machado de Assis!
@clarencioootimista78313 жыл бұрын
To escultando pq meu professor me obrigou
@alessandrolitrento23563 жыл бұрын
kkkkkkkkk
@Porzelt892 жыл бұрын
Pela sua escrita penso que você deveria agradecê-lo...
@mariadasoledadpenanaval4767 Жыл бұрын
Cara, ouça o seu professor e estude Língua Portuguesa, tá precisando!!!
@brunourbano50362 жыл бұрын
Caralhooo
@LarissaGomes-qk9dh Жыл бұрын
Será vilela é a cartomante estavam combinados ou Vilela desconfiou da Rita e a seguiu e descobriu tudo e a cartomante nada tinha haver com isso?
Machado deve ter se inspirado em Nelson Rodrigues.
@nicolesertoriosilva23743 жыл бұрын
Alguém sabe como o Vilela descobriu a traição?
@alessandrolitrento23563 жыл бұрын
A pista deixada foi que uma comprovinciana da Rita tenha denunciado a traição, já que ela morava na mesma rua onde Camilo e Rita se encontravam. Comprovinciana é a pessoa que vem da mesma província da outra. Então, essa "amiga" ou conhecida da Rita, viu tudo e sabia que ela era casada com Vilela, já que ambas vieram da mesma província. Aí, denunciou a traição.
@mariadasoledadpenanaval4767 Жыл бұрын
@@alessandrolitrento2356, Camilo e Rita usavam a casa da comprovinciana de Rita para os encontros.
@rotbarro4 жыл бұрын
Pelo menos morreu iludido
@alanmatheus58824 жыл бұрын
O cara foi preso?
@jefersonaraujo27384 жыл бұрын
kkkkkkkkkk
@aryanecavalcanti2761 Жыл бұрын
Kkkkkkkkkkkkk
@canaldoga69022 ай бұрын
Alan no passado do Brasil o hábito de marido matar amantes era algo aceitável pela sociedade, leia "Gabriela Cravo e Canela", aborda essa temática