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Quando a água da enchente no Rio Grande do Sul baixar, o que restará além do sofrimento humano serão cerca de 47 milhões de toneladas de entulho. O número é semelhante ao de locais que passam por guerras, terremotos ou tsunamis. O cálculo, obtido pela Agência Pública, foi desenvolvido por Guilherme Marques Iablonovski, cientista de dados espaciais na Rede de Soluções para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (ONU), e Martin Bjerregaard, consultor em resíduos pós-catástrofe do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma).
Ao mesmo tempo, um ponto contraditório dessa história é que justamente as pessoas mais essenciais para o trabalho de limpeza das cidades - os catadores - foram duramente afetadas pelas enchentes. Moradores de regiões periféricas, áreas irregulares ou até mesmo ocupações, são dependentes de políticas sociais e por vezes encontram na reciclagem a única forma de subsistência.
Ao todo, sete das 17 unidades de triagem que fazem a separação de resíduos em Porto Alegre foram alagadas. Além de os galpões terem sido invadidos pela água ou destelhados, a falta de luz deixa equipamentos inoperantes. As estradas bloqueadas impedem o transporte do material para clientes de logística reversa em estados vizinhos. A instabilidade do sistema da Secretaria da Fazenda (Sefaz) dificulta a emissão de notas fiscais, o que torna inviável o processo de compra e venda de sucata.