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Sherazade moderna
Como uma Sherazade moderna, que inventa histórias pra sobreviver, conto uma a cada noite e tenho
mil e uma noites pela frente,
é preciso seduzir para entreter.
Sei o risco que me custa essa aventura e sei também o imenso prazer. Investigo os olhos das pessoas,
atenta a segredos que consigo ler
e cada um transformo num amigo.
Nada nesse mundo me dá medo,
pelo contrário, vou em busca do perigo. Sei me adaptar bem a qualquer situação. Trabalho com o mais fino dos engenhos, com o talento de tocar o coração.
Trago memórias de um tempo distante que aconteceu antes de eu ter vindo são tantas as camadas que carrego.
Já fui bruxa em cima da fogueira
fui santa, cruzei mares, fui guerreira,
fiz tatuagens com símbolos sagrados, fui escrava, fui vendida nos mercados, fui cigana e escondi ouro na saia,
bailarina, dancei de graça nas praças, pirata, naufraguei em outras praias.
Fui mendiga, espiã e fui amante de alguém muito influente.
Já subi muito e muito de repente e também já caí feio na sarjeta. Já fui espalhafatosa e fui discreta.
Fui um anjo que caiu e fui poeta, deusa em alguma mitologia,
papisa de uma sociedade secreta, revolucionária, ativista e artista
de um teatro mambembe de revista.
Conheci todo tipo de amor
e sei que cometi todos os pecados. Atravessei desertos e mares, carreguei cruz nos altares
depois fui ao fundo do poço.
Trago marcas no pescoço do mais belo dos vampiros, que atravessou o tempo. Deixei versos em papiros
e nas escrituras sagradas.
Posso contar minha jornada lembrando cada camada
do que trago na memória
e assim vou sobrevivendo de saber contar histórias.
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