#30 SOBRENATURAL - DO AMOR E OUTROS DEMÔNIOS (GABRIEL GARCÍA MARQUEZ)

O olhar da realidade modificado, a aventura de imaginar o cotidiano com ares de algo sobrenatural. Experimentei essa sensação ao ler Do amor e outros demônios, de Gabriel García Márquez.
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[@valeriapagani4744]

Eu adoro esse livro! Adorei a resenha.

[@talitasabino4105]

Olha, adorei suas considerações. Primeira vez que vejo um fã do Gabo realmente questionar essa questão do relacionamento romantizado com crianças. Eu tento não ser anacrônica, mas não consigo deixar de sentir um incômodo com esse ponto crucial da história. Pra mim, isso é super romantizado sim e acaba prejudicando a minha experiência de leitura e a possibilidade de focar apenas na sensibilidade absurda do autor pra escrever os dramas das histórias de amor. A escrita dele é única e eu amo, mas senti esse mesmo incômodo em Memórias de minhas putas tristes, infelizmente. Não consigo naturalizar.

[@elzaohira9707]

Esse é um livro que, ao mesmo tempo em que gostei muito, também me perturbou um bocado. Posso dizer que o fato da garota ficar "presa" no convento me deixava agoniada, uma sensação ruim pela impotência dessa criança diante da situação em que se encontrava. Depois veio o choque diante do relacionamento que foi se estabelecendo entre ela e o padre. Também me pareceu que isso foi romantizado pelo autor e eu não consegui "engolir" o caso de "amor" entre os dois. Leitura que mexe com a gente, sem dúvida. No caso de Lolita, apesar do assunto pedofilia ser bem pesado e no livro haver passagens muito difíceis, como é narrado em 1ª pessoa, por um personagem consciente de suas fraquezas, a minha percepção foi outra. Posso afirmar que certamente é um dos melhores livros que já li. Nabokov foi genial em sua obra. Perfeita em todos os sentidos. Só uma escrita tão envolvente conseguiria fazer com que a gente acompanhasse até o fim a narrativa de um sujeito tão cafajeste quanto Humbert Humbert, que fala com tanta naturalidade sobre seu passado sórdido. Recomendo a leitura, embora haja muitas pessoas que acabaram abandonando... Gostei do seu vídeo. Boas leituras.

[@SobreoEscrito]

Elza, na metade do seu comentário eu comecei a pensar uma coisa que você logo em seguida já me ajudou a resumir: leitura que mexe com a gente. Também não podemos deixar de considerar que o Gabbo era um gênio literário né, talvez possa ter feito dessa forma justamente pra nos provocar, quem sabe, justamente pra nos alertar... há sempre a possibilidade né. Eu to doido pra ler Lolita! Beijo

[@pedrosantangelo]

Muito bom seu vídeo. Parabéns!! Gostei muito de ler o livro, é daqueles que nos envolve de tal forma que é difícil parar a leitura. Porém, essa questão da pedofilia me incomodou muito e me deixou uma pulga atrás da orelha com o próprio Gabo. Em Cem Anos de Solidão e Amor Nos tempos de Cólera também há episódios de pedofilia (que nojo da parte em que o Florentino utiliza de brincadeiras infantis para que America Vicuña sentasse em seu colo). Mas em dois livros (dos que tenho conhecimento) a trama principal envolve pedofilia - Do Amor e outros Demônios e Memórias de Minhas Putas Tristes. Por que ele retrata tanto a pedofilia, inclusive dessa forma romantizada? Isso me deixou incomodado... terminei o livro hoje e fiquei com isso engasgado logo com meu autor preferido. Ainda estou digerindo essa questão

[@JamesThiagoHP]

Como esse livro é atualíssimo se pensarmos na demonização de tudo que é estranho, incompreensível ou revestido de estigmas. Até hoje as pessoas apelam ao sobrenatural para explicar fenômenos do cotidiano seja porque a função mítica ainda é muito presente seja porque há uma resistência em aceitar explicações científicas por um tradicionalismo religioso estéril. Gabo é maravilhoso. Quero ler tudo dele.

[@SobreoEscrito]

Pois é né, até se for ver a questão da astrologia pra mim é isso: um jeito esotérico de remediar nossas falhas e vislumbrar um futuro melhor para as nossas limitações e incapacidades. Gabbo sempre

[@katiuscianogueira8571]

Gostei muito do livro mas a leitura não é de uma compreensão muito fácil. Também há coisas que ficam nas entrelinhas como o sexo entre Sérvia e o padre, por isso vim aqui.... mas é um livro excelente de reflexões poderosas e profundas. Adorei o vídeo. Grata por compartilhar! Ganhou mais uma inscrita!

[@felipepimenta8516]

Acabei de ler esse livro agora! Estou abalado.

[@lilisempre4338]

Me falaram muito sobre esse livro ....mas ainda não o li 😃

[@Adriana41mega]

O livro é escrito de uma forma muito maluca... Aborda temas pertinentes na época e ligadas àquele povo que foi apresentado pelo Gabo. Existe um bom toque de crítica à Igreja e à manipulação que ela exercia e do jeito ignorante da população que a tudo o que era ruim relacionava à possessão, ou heresia. Dentro desse contexto, ainda temos um relacionamento pedófilo romantizado. O Gabo é verdadeiramente um escritor que gosta de destilar um pouco de polêmica nos seus escritos, mas acho que esse é a função dele nesse universo literário, colocar à nossa frente alguns absurdos para que a gente possa refletir sobre nossa coerência de conduta na vida real. Adorei o vídeo.

[@SobreoEscrito]

Olá, Adriana. Desculpe a demora em responder :) menina, é isso mesmo. É um trem estranho a gente se sentir repelido pelo tema e, ao mesmo tempo, fascinado pela forma como ele coloca as coisas. Concordo com você que a arte é esse lugar pra discutir tais coisas pra refletir positivamente na vida real. Senão não é arte né?

[@karolinesoares4649]

Achei o canal por esta resenha! Adorei o canal!!!!

[@filipecorrea5493]

Você fala sobre o relacionamento sexual do padre e da menina. Mas eles não transam. A relação deles é imaculada. Não consigo ver a problematização à la Lolita.

[@camilarodrigues9432]

Eles transam sim. Mas a única descrição disso é bem sutil, apresenta como um momento de grande sofrimento para o padre, já para Sierva não. tenho o trecho: "Então Cayetano Delaura a beijou nos lábios pela primeira vez. O corpo de Sierva María estremeceu com um gemido, e ela soltou uma tênue brisa marinha e se abandonou à própria sorte. Ele passou por sua pele as gemas dos dedos, tocando-a muito de leve, e viveu pela primeira vez o prodígio de se sentir em outro corpo. Uma voz interior o fez ver quão longe tinha estado do diabo em suas insônias de latim e grego, nos êxtases da fé, nos ermos da pureza, enquanto Sirva María convivia com todas as potências do amor livre na senzala dos escravos. Deixou-se guiar por ela, tateando no escuro, mas se arrependeu no último instante e desmoronou num cataclismo moral.Ficou deitado de costas, com os olhos fechados. Sierva María se assustou com seu silêncio e sua quietude de morte, e o tocou com um dedo. -O que houve? - perguntou. -Deixe-me agora - murmurou ele- estou rezando." P.191-2

[@merencianasibalde6097]

Esse foi o primeiro livro de Gabo que li, e durante muito tempo meu favorito (o parágrafo final ainda é um dos mais bonitos que já vi). Essa questão da pedofilia é algo que me incomoda demais também, bem como em Memória de minhas putas tristes e no relacionamento de Aureliano com Remedios em Cem anos... e me dá um nó e uma angústia por não entender muito bem em que grau e de que forma esse incômodo se instaura em mim. Mas Gabo é em disparada meu autor favorito!

[@SobreoEscrito]

Temos a mesmíssima sensação, Merenciana. Acho que é difícil entender o que provoca na gente né, mais difícil ainda tentar entender a intenção do autor quando escreveu... obrigado bjoo

[@kleineschwarz8991]

No primeiro instante sempre sinto ojeriza no que concerne à pedofilia, mas precisamos nos conscientizar do século dos fatos... muito comum as relações/casamento na mais tenra idade. Se bem que hodiernamente TAMBÉM é uma realidade. Não vejo romanização do caso, mas uma pitada cáustica do Gabo 😂😂👍

[@_monique_amaral]

Eu li recentemente e cheguei no seu vídeo justamente por ficar meio perturbada com esse ponto e querer saber da leitura de outras pessoas. Foi um livro q mexeu um pouco aqui, e por eqto (tbm to há umas semanas remoendo) o que me pacificou um pouco foi o próprio nome do livro, sugerindo que o amor é um dos demônios, ou pelo menos o que algumas pessoas chamam de amor (e aí creio que cabe na história uma crítica ao próprio "amor cristão"). Então nesse caso esse "amor" de delaura seria um dos demônios, mas ainda assim é difícil de engolir a romanização. Já li 100 anos e putas tristes mas faz tempo e não lembro de praticamente nada (só do arrebatamento depois de terminar o 100 anos e achar incrível)

[@ingritt18]

Oiee, Esse foi um dos primeiros livros que li na vida. Eu devia ter uns 8, 9 anos. Sempre gostei de ler mas n fui incentivada na infância e n venho de uma família de leitores, então eu lia livro de adulto mesmo. Preciso reler esse livro, não me lembro de muita coisa. Mas eu me lembro que na época eu fiquei impressionada por ela estar tendo um relacionamento com um padre hahahahahahah. O fato dela ter 12 anos não me impressionou. Esse livro se passa no século 18, então o fato de um homem se relacionar com uma menina de 12 anos não é algo que me impressione. Meninas casavam mto novas nessa época. Em muitas culturas isso acontece até hj. Não estou dizendo que acho certo, é absurdo. Mas é o que acontecia. Por isso não me choca. Enfim, adoro seus vídeos! Parabéns pelo canal!

[@SobreoEscrito]

Pois é Ingrit, eu tive que me esforçar em muitos momentos pra ter essa mesma reflexão que você Agora nossa jamais conseguiria ler esse livro aos 12 anos pelo mesmo motivo que você (não era incentivado, não venho de família de leitores). Mas Gabbo, né, Gabbo maravilhoso sempre.. Obrigado, beijo! >:D

[@camilarodrigues9432]

Eu acho que ele quis escrever um romance histórico e deve apresentar as coisas na época e no período narrado, esse relacionamento era menos absurdo do que a presença ou ausência do demônio na vida das pessoas. Dai, talvez, ele não faça críticas tão diretas. Não sei, penso assim.

[@katiuscianogueira8571]

Também penso assim...

[@renataqueiroz_]

Também não é do meio feitio presentear pessoas com livros que eu ainda não li, mas acho que García Márquez vale o risco, rs. Estou lendo A Incrível e Triste História da Cândida Eréndira e da sua Avó Desalmada, conhece, Mickael? É um livro de contos dele. Tá bem gostosa a leitura. García Márquez e seus títulos lindos e poéticos, aí, aí... :) Olha, eu ainda não li Do Amor e Outros Demônios, mas o que você disse sobre a forma como García Márquez conduz o enredo me deixou bem de orelha em pé. Se você diz que ele romantizou algo dessa natureza, isso me deixa bem preocupada. Eu sempre digo para as pessoas que vão ler Lolita que leiam tendo em mente que Nabokov NÃO é o Humbert. Lolita contém uma das narrativas mais genais e bem construídas de toda a literatura, só que infelizmente nem todo mundo sabe dissociar devidamente enredo de narrativa. Beijo, querido! Vídeo excelente, como sempre. :)

[@SobreoEscrito]

Pois é, menina, ele vale sempre o risco! E olha que, na época em que eu dei esse livro de presente, ainda tinha lido dois livros dele só hahaha mas é aquela coisa né: o livro surge na leitura da pessoa, pode ser que outros possam prestar atenção em outras coisas além dessas que eu prestei (e me indignaram) né? Aff eu to vendo que Lolita vai ter de sair em 2018 de qualquer jeito hahahaa obrigado! :)))

[@Placeboish]

Olá! Eu AMO a literatura do Gabo, muito mesmo. Pra mim, não tem melhor contador de histórias. Mas, infelizmente, essa romantização desse tipo de relacionamento é algo comum nos livros dele. (Também posso comentar o mesmo sobre a Isabel Allende). :/ A ponto de estar afetando negativamente as últimas leituras que fiz dos autores. Acabei de ler 'Do amor...' e de novo terminei uma leitura de um livro de um dos dois incomodada. :/

[@SobreoEscrito]

Olá, Cy! Desculpe a demora em responder. Pois é, isso é fato, mas também prefiro encarar que a arte é o lugar certo pra que essas disputas, essas polêmicas, essas guerras de sentido sejam feitas pra gente poder refletir sobre elas no terreno além do real né. Bjoo

[@mutimferro]

Eu me peguei com a mesma questão sobre romantização do relacionamento de uma menina com um adulto, e não é única vez q esse tipo de relacionam aparece na obra de Garcia Márquez, também aparece em memorias das minhas putas tristes e em amor nos tempos do cólera (dos q já li)

[@SobreoEscrito]

Memória de minhas putas tristes é ainda mais polêmico né, porque é inspirado diretamente naquele livro A casa das belas adormecidas, do Yasunari Kawabata. E tinha mesmo no Amor dos tempos do cólera, aquela que fazia amor chupando o dedo né? Eu ainda preciso entender melhor o que essas imagens significam na obra do Gabbo, que sempre deixou claro escrever sobre a memória coletiva da Colômbia...

[@LidosECurtidos]

Pó pó pó pó pó pó...

[@anaclarapecis4725]

Bacana demais o vídeo! Sou muito fã do Gabo, acredita que no primeiro período da faculdade precisei escrever uma resenha de O Outono do Patriarca pra disciplina de História da América Contemporânea? Se tiver curiosidade, tá no link historia-guardada.blogspot.com/2020/07/literatura-e-historia-02-o-outono-do.html

[@gabrielleao2881]

Não achei a pedofilia romantizada, acho que ele retratou de forma imparcial, sem julgar, sem fazer juízo de valor, algo que era muito comum na época, mas como denúncia das várias formas de abuso que essa criança passou. O livro trás muitas críticas a igreja católica, e acho que essa é mais uma delas, contra o celibato, que acaba sempre descambando para esses relacionamentos disfuncionais, tendo como alvo, principalmente, crianças e adolescentes.

[@Leticia-jp8jv]

Oi Mickael... Eu tbem amo Cem Anos de Solidão.. é o melhor livro q já li e por muito tempo o considerei meu escritor favorito. Mas acho q essa questão de sexualizar adolescentes é natural p ele, infelizmente. Eu não li (e nem pretendo) Memória de minhas putas tristes pq o tema já me incomoda. Um senhor de 90 q quer tirar a virgindade de uma menina de 14...Não sei se vc já leu Amor nos tempos do cólera, mas tbem tem uma passagem de um relacionamento de um idoso com uma menina de 13, 14 anos... não me recordo muito bem. Fiquei beeem incomodada c isso quando li. Enfim... fiquei um tanto decepcionada com o Gabo...

[@SobreoEscrito]

Hey Letícia :D eu já li todos esses que você citou, inclusive o Memória de minhas putas tristes é diretamente (e escrachadamente) inspirado no A casa das belas adormecidas, do autor japonês Iasunari Kawabata que também já li. É bem controverso, apesar de não haver relações sexuais e querer tratar sobre a solidão do corpo e da alma na velhice... obras pra serem lidas várias vezes e pesar nossas impressões sobre elas em diferentes momentos da vida, né? No momento em que estou agora, incomodou demais... isso que anos atrás li o Memórias de Minhas Putas Tristes (e o do Kawabata) e não me incomodou, pois fui levado por outro angulo da história, depois aprendi muita coisa e vivi muitas outras na vida e minha visão turvou sobre as obras. Beijo!

[@vanessagoncalves8248]

As colocação de Freud em relação a sexualidade infantil infelizmente é muito mal interpretada, nos três ensaios sobre a sexualidade ele vai mostrar a relação que a criança tem com o prazer e o desprazer, mas devemos entender que o prazer nesta fase não tem a ver com sexo, pois essa consciência do que é sexo é um conhecimento do adulto, nós adultos temos a "mania" de olhar para a criança como se ela fosse um ''pequeno adulto'', mas não é essa a forma mais coerente de entendê-las. Se olharmos para a criança pela perspectiva dela, poderemos encontrar muitos pontos divergentes da nossa perspectiva. Freud coloca que há sim um prazer, há sim a ideia de desejo, mas que tudo isso deve ser bem compreendido. Penso também sobre a moral, por ser uma adolescente com um adulto, pensamos "nossa, que coisa horrorosa" (não estou defendendo esse ato), mas como você mesmo disse, estamos falando sobre uma outra época, e se não me engano, o padre que se apaixonou pela menina decidiu não vê-la mais porque achou errado não serem mais virgens, tanto ele quanto ela, e não o fato dela ser uma adolescente de 12 anos. ME CORRIGEM SE ESTIVER ERRADA, POR FAVOR.