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Desde 1979, quando se submeteu a uma histerectomia (devido a um mioma que proliferava em seu útero), Clara Nunes começou a fazer tratamento de escleroterapia, que consiste na aplicação, por injeção, de medicamentos diretamente no interior das varizes. Com o decorrer do tempo, o calibre das veias do paciente diminuiu e, consequentemente, os vasos se fecham. O angiologista Antonio Vieira de Mello, renomado médico da área, foi escolhido por Clara para realizar o tratamento por indicação do ginecologista dela, o Dr. Cézar Seminário. Ela desejava tratar algumas veias varicosas salientes que a incomodavam do ponto de vista estético. Atribuía dores que sentia nas pernas às varizes, o que era considerado um exagero por pessoas mais próximas a ela.
Melhorar o visual das pernas acabaria se tornando uma obsessão para Clara, que sempre fora muito vaidosa. Sua preocupação com as pernas ganhou relevância no seu cotidiano a partir do surgimento de varizes mais grossas, que só seriam possíveis de tratar através de uma intervenção cirúrgica. Um episódio emblemático ocorreu em junho de 1982. Após se apresentar no Festival Horizonte Latino Americano de Arte, em Berlim Ocidental, a cantora telefonou para a amiga Bibi Ferreira do quarto de hotel em que estava hospedada para lhe revelar sua preocupação com as varizes. Clara teria dito à amiga que estava dançando na frente do palco quando reparou que todos olhavam para suas pernas, na altura das canelas. Ela disse que havia visto uma "veia estranha, feia mesmo" e comunicou à amiga sobre a decisão de fazer uma cirurgia de remoção de varizes após retornar ao Brasil. Bibi tentou convencê-la de que a preocupação era bobagem, mas disse que ela deveria fazer a cirurgia se estivesse realmente incomodada, já que a anestesia provavelmente seria local ou peridural.