Tabacaria (Fernando Pessoa - Álvaro de Campos) por Antonio Abujamra

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Matheus Pontes

Matheus Pontes

Күн бұрын

Пікірлер: 51
@israeldcr
@israeldcr 11 жыл бұрын
quem me dera eu pudesse escrever um poema assim, que fosse tão profundo, tão instigante e tão esteticamente harmonioso! todos os versos são lindos! toda a semântica! toda estruturação métrica de versos e estrofes!! e ele, Á. de Campos, escreve assim sua história, para prover que é sublime! já bebi umas taças de vinho e talvez esteja entusiasmado, mas considerando a "metafísica da arte poética em língua portuguesa" - moderna ou não - Fernando Pessoa é deus. ele foi o que mais e melhor criou.
@Mauccampos
@Mauccampos 9 жыл бұрын
Não sei o que arrepia mais: o poema genial de Pessoa ou a declamação espetacular de Abujamra. E nesse dia da sua morte, começo a perceber a falta que fará não ouvir novos textos e poemas interpretados por ele. Uma grande perda para o cenário literário do país.
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Amauri Caetano Campos : Querendo, pode demonstrar sua admiração pelo "bruxo" também aqui : simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2015/04/antonio-abujamra.html Neste meu blog vc irá achar alguns tantos outros textos declamados, sempre genialmente, pelo "Abu". Abraço
@TDJERRYI
@TDJERRYI 10 жыл бұрын
Certamente a melhor coisa escrito por um homem!
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
DJERRY PereirA Olá: Se vc chegou até aqui é pq gostou da dupla Abujamra eFernando Pessoa. Duas pessoas que adoro. Querendo, xerete tb o meu Blog que, apesar do endereço (que foi uma mera provocação da minha parte) é sério e tb muita coisa boa, se posso deixar a modéstia de lado (rs). Não se assuste com o endereço: o Blogger tb é da Google e eles não permitem nada que passe perto de pornografia ou algo do gênero. Endereço, começando pelo Abujamra/Tabacaria (com a letra que não coube aqui): @2013 Abraço
@renattobretas3269
@renattobretas3269 9 жыл бұрын
Abujamra fez a voz desse lindo poema que mostra a efemeridade das coisa. pena que ele se foi e com isso provou o paladar de tabacaria. Deixou saudade esse grande ator e a arte perde mais uma ribalta de talento. Renatto Bretas.´.
@Patalhufas
@Patalhufas 11 жыл бұрын
Uau! Sempre quis ouvir o grande Abujamra recitando este poema, o mais universal da obra de Pessoa (meu poeta preferido)! Clássico! Obrigada por postar! •*¨*•☆ Q sei eu do q serei? Eu q não sei o q sou. Meu coração é um balde despejado (lindo demais!)
@moises19621
@moises19621 9 жыл бұрын
TABACARIA Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada de nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, E à sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa. Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas penso tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando? Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e talvez serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, a sua chava, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos consagro a mim mesmo um desprezo sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, em rol, pra o decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou princesa de trovadores, gentilíssima e colorida, Ou marquesa do século dezoito, decotada e longínqua, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Ou não sei quê moderno - não concebo bem o quê - Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei e até cri, E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses nem cresses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente Fiz de mim o que não soube E o que podia fazer de mim não o fiz. A roupa que vesti era errada. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir a roupa que não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse, E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olho-o com o deconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra, Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou à janela. O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o; é o Esteves sem metafísica. (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu. Álvaro de Campos, 15-1-1928
@lucaspierre1520
@lucaspierre1520 11 жыл бұрын
Genial Fernando Pessa. Genial Abumjara. Poesia forte e realística.
@maxwelnascimentoo
@maxwelnascimentoo 9 жыл бұрын
Essa poesia é tão incrível!
@orlindowagner359
@orlindowagner359 7 жыл бұрын
Esperava uma melhor interpretação... o poema não deixa de ser magnífico!
@lucaspierre1520
@lucaspierre1520 11 жыл бұрын
Genial Fernando Pessoa. Genial Abumjara. Poesia forte e realística.
@thaidereis7869
@thaidereis7869 3 жыл бұрын
Magistral sensibilidade !
@gabriellaamaria4986
@gabriellaamaria4986 9 жыл бұрын
Tão lindo, tão profundo.
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Abc Def Olá: Se vc chegou até aqui é pq gostou da dupla Abujamra eFernando Pessoa. Duas pessoas que adoro. Querendo, xerete tb o meu Blog que, apesar do endereço (que foi uma mera provocação da minha parte) é sério e tb muita coisa boa, se posso deixar a modéstia de lado (rs). Não se assuste com o endereço: o Blogger tb é da Google e eles não permitem nada que passe perto de pornografia ou algo do gênero. Endereço, começando pelo Abujamra/Tabacaria (com a letra que não coube aqui): @2013 Abraço
@joaovictorfilgueira617
@joaovictorfilgueira617 5 жыл бұрын
O poema dos poemas!
@rubempontes36
@rubempontes36 9 жыл бұрын
Já muitos disseram aqui... Este é o mais belo poema de todos os tempos!
@terceiraxxi
@terceiraxxi 9 жыл бұрын
Altamente profundo,provavelmente escrito numa tarde de opio!
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Olá, Vasco. Bom que tenha gostado da dupla Abujamra&Fernando Pessoa. Duas feras mesmo. Querendo ver mais do Abu, do FP e outra sferas, dê uma olhada em meu blog. Tem muita gente boa por lá. Será bem-vindo, Vasco (apesar de eu ser pontepretano - rs). Não se assuste com o endereço do blog. Foi uma mera provocação minha. Eis aqui, mais do Abujamra, do FP e outros : simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2015/04/antonio-abujamra.html Abraço
@interbibi
@interbibi 10 жыл бұрын
Melhor poema de todos. Genial, espetacular!!
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 10 жыл бұрын
Bom gosto, menina! Vasculhe mais o meu blog que, acho, encontrará outras tantas coisas, inclusive do próprio Fernando Pessoa, que, quem sabe, tb sejam do seu agrado. Abraço.
@interbibi
@interbibi 10 жыл бұрын
Vou vasculhar mesmo, amo a literatura! Obrigada!!
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 10 жыл бұрын
Que tal este aqui??simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2013/11/anarquista.html
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 10 жыл бұрын
Bianca Freitas Ou se preferir....ouça o "E Agora José"...declamado pelos "Josés": simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2013/11/e-agora-jose_27.html Bom domingo!!!
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Bianca Freitas Olá: Se vc chegou até aqui é pq gostou da dupla Abujamra eFernando Pessoa. Duas pessoas que adoro. Querendo, xerete tb o meu Blog que, apesar do endereço (que foi uma mera provocação da minha parte) é sério e tb muita coisa boa, se posso deixar a modéstia de lado (rs). Não se assuste com o endereço: o Blogger tb é da Google e eles não permitem nada que passe perto de pornografia ou algo do gênero. Endereço, começando pelo Abujamra/Tabacaria (com a letra que não coube aqui): @2013 Abraço
@spoklog1
@spoklog1 9 жыл бұрын
"A metafísica é uma consequência de se estar mal disposto" \\//_
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Spock Quer ver mais coisa boa do Abujamra e do Fernando Pessoa? Clique aqui (não se assuste com o nome do blog; foi só uma provocação minha - rs). Tem muita coisa boa lá. simbolofalicoeocacete.blogspot.com.br/2015/04/antonio-abujamra.html Abraço
@erectus20
@erectus20 9 жыл бұрын
Spock Não entendi seu comentário, poderá meu caro amigo explicar- me o que vc quer dizer com seu comentário?
@spoklog1
@spoklog1 9 жыл бұрын
francisco de almeida Ferraz É um trecho do poema acima, você pode conferir no minuto 9:56. Concordo plenamente com ele.
@erectus20
@erectus20 9 жыл бұрын
o mundo chora magoas nos outeiros.
@felipealves3821
@felipealves3821 11 жыл бұрын
excelente interpretação
@AlanLuizViana
@AlanLuizViana 10 жыл бұрын
Eu acho que ele grita demais! :S kkkkkk O Poema é lindo!.
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Alan Luiz Viana Olá: Se vc chegou até aqui é pq gostou da dupla Abujamra eFernando Pessoa. Duas pessoas que adoro. Querendo, xerete tb o meu Blog que, apesar do endereço (que foi uma mera provocação da minha parte) é sério e tb muita coisa boa, se posso deixar a modéstia de lado (rs). Não se assuste com o endereço: o Blogger tb é da Google e eles não permitem nada que passe perto de pornografia ou algo do gênero. Endereço, começando pelo Abujamra/Tabacaria (com a letra que não coube aqui): @2013 Abraço
@MrLuarIlleNavar
@MrLuarIlleNavar 11 жыл бұрын
Maravilhoso...
@wmz1900
@wmz1900 11 жыл бұрын
A metafísica é só uma consequência de se estar mal disposto.
@chickomartins4393
@chickomartins4393 5 жыл бұрын
Ki alma atormentada...
@TheKaio19
@TheKaio19 11 жыл бұрын
Duas unanimidades do Mundo: Abujamra e Fernando Pessoa!
@TheVictorice
@TheVictorice 11 жыл бұрын
muito bom PARABENS !
@josepires8807
@josepires8807 9 жыл бұрын
RIP
@ferdinandmensch9950
@ferdinandmensch9950 9 жыл бұрын
Exímio exemplo da sanidade doentia que transcendia em toda misticidade de Pessoa
@gabriellaamaria4986
@gabriellaamaria4986 9 жыл бұрын
Não acho que a "sanidade dele era doentia". Sinto o que ele quis dizer e penso a mesma coisa. Eu tbm n sou ninguém e nunca vou ser, mas posso sonhar. Eu n vou ter existido, pois só existiram as pessoas que foram lembradas (deve ter existido uma Joana Martins em 1879, mas quem foi?), mas eu posso existir enquanto existo.
@ferdinandmensch9950
@ferdinandmensch9950 9 жыл бұрын
Abc Def Como um suposto grande fã de um grande poeta, vc deve saber q existe algo chamado semântica, polissemia, conotação; e q a linguagem é uma inesgotável riqueza de múltiplos valores. Lutar com palavras é a luta mais vã, elas sao muitas e vc pouco, seu nada. Não conteste. Não exista. Não sonhe. Crie!
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Gian Lorenzo Olá: Se vc chegou até aqui é pq gostou da dupla Abujamra eFernando Pessoa. Duas pessoas que adoro. Querendo, xerete tb o meu Blog que, apesar do endereço (que foi uma mera provocação da minha parte) é sério e tb muita coisa boa, se posso deixar a modéstia de lado (rs). Não se assuste com o endereço: o Blogger tb é da Google e eles não permitem nada que passe perto de pornografia ou algo do gênero. Endereço, começando pelo Abujamra/Tabacaria (com a letra que não coube aqui): @2013 Abraço
@desconstruindo7734
@desconstruindo7734 9 жыл бұрын
Também considero esse um dos maiores poemas já escritos. É difícil fazer um poema que realmente preste depois de conhecer Tabacaria.. mas eu arrisquei. Tratei da morte e decidi torná-lo animação. kzbin.info/www/bejne/n6LHYWeEbrqtbqs Não se intimidem pelo meu anonimato, arrisquem também :)
@PauloFernandonovostempos
@PauloFernandonovostempos 9 жыл бұрын
Desconstruindo Olá: Se vc chegou até aqui é pq gostou da dupla Abujamra eFernando Pessoa. Duas pessoas que adoro. Querendo, xerete tb o meu Blog que, apesar do endereço (que foi uma mera provocação da minha parte) é sério e tb muita coisa boa, se posso deixar a modéstia de lado (rs). Não se assuste com o endereço: o Blogger tb é da Google e eles não permitem nada que passe perto de pornografia ou algo do gênero. Endereço, começando pelo Abujamra/Tabacaria (com a letra que não coube aqui): @2013 Abraço
@luizdagustini
@luizdagustini 8 жыл бұрын
TABACARIA Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Janelas do meu quarto, Do meu quarto de um dos milhões do mundo que ninguém sabe quem é (E se soubessem quem é, o que saberiam?), Dais para o mistério de uma rua cruzada constantemente por gente, Para uma rua inacessível a todos os pensamentos, Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa, Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres, Com a morte a por umidade nas paredes e cabelos brancos nos homens, Com o Destino a conduzir a carroça de tudo pela estrada do nada. Estou hoje vencido, como se soubesse a verdade. Estou hoje lúcido, como se estivesse para morrer, E não tivesse mais irmandade com as coisas Senão uma despedida, tornando-se esta casa e este lado da rua A fileira de carruagens de um comboio, e uma partida apitada De dentro da minha cabeça, E uma sacudidela dos meus nervos e um ranger de ossos na ida. Estou hoje perplexo, como quem pensou e achou e esqueceu. Estou hoje dividido entre a lealdade que devo À Tabacaria do outro lado da rua, como coisa real por fora, À sensação de que tudo é sonho, como coisa real por dentro. Falhei em tudo. Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada. A aprendizagem que me deram, Desci dela pela janela das traseiras da casa. Fui até ao campo com grandes propósitos. Mas lá encontrei só ervas e árvores, E quando havia gente era igual à outra. Saio da janela, sento-me numa cadeira. Em que hei de pensar? Que sei eu do que serei, eu que não sei o que sou? Ser o que penso? Mas eu penso ser tanta coisa! E há tantos que pensam ser a mesma coisa que não pode haver tantos! Gênio? Neste momento Cem mil cérebros se concebem em sonho gênios como eu, E a história não marcará, quem sabe?, nem um, Nem haverá senão estrume de tantas conquistas futuras. Não, não creio em mim. Não creio em mim. Em todos os manicômios há doidos malucos com tantas certezas! Eu, que não tenho nenhuma certeza, sou mais certo ou menos certo? Não, nem em mim... Em quantas mansardas e não-mansardas do mundo Não estão nesta hora gênios-para-si-mesmos sonhando? Quantas aspirações altas e nobres e lúcidas - Sim, verdadeiramente altas e nobres e lúcidas -, E quem sabe se realizáveis, Nunca verão a luz do sol real nem acharão ouvidos de gente? O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão. Tenho sonhado mais que o que Napoleão fez. Tenho apertado ao peito hipotético mais humanidades do que Cristo, Tenho feito filosofias em segredo que nenhum Kant escreveu. Mas sou, e serei sempre, o da mansarda, Ainda que não more nela; Serei sempre o que não nasceu para isso; Serei sempre só o que tinha qualidades; Serei sempre o que esperou que lhe abrissem a porta ao pé de uma parede sem porta, E cantou a cantiga do Infinito numa capoeira, E ouviu a voz de Deus num poço tapado. Crer em mim? Não, nem em nada. Derrame-me a Natureza sobre a cabeça ardente O seu sol, a sua chuva, o vento que me acha o cabelo, E o resto que venha se vier, ou tiver que vir, ou não venha. Escravos cardíacos das estrelas, Conquistamos todo o mundo antes de nos levantar da cama; Mas acordamos e ele é opaco, Levantamo-nos e ele é alheio, Saímos de casa e ele é a terra inteira, Mais o sistema solar e a Via Láctea e o Indefinido. (Come chocolates, pequena; Come chocolates! Olha que não há mais metafísica no mundo senão chocolates. Olha que as religiões todas não ensinam mais que a confeitaria. Come, pequena suja, come! Pudesse eu comer chocolates com a mesma verdade com que comes! Mas eu penso e, ao tirar o papel de prata, que é de folha de estanho, Deito tudo para o chão, como tenho deitado a minha vida.) Mas ao menos fica da amargura do que nunca serei A caligrafia rápida destes versos, Pórtico partido para o Impossível. Mas ao menos, ao menos eu consagro a mim mesmo um desprezo, sem lágrimas, Nobre ao menos no gesto largo com que atiro A roupa suja que sou, sem rol, por decurso das coisas, E fico em casa sem camisa. (Tu que consolas, que não existes e por isso consolas, Ou deusa grega, concebida como estátua que fosse viva, Ou patrícia romana, impossivelmente nobre e nefasta, Ou cocote célebre do tempo dos nossos pais, Tudo isso, seja o que for, que sejas, se pode inspirar que inspire! Meu coração é um balde despejado. Como os que invocam espíritos invocam espíritos invoco A mim mesmo e não encontro nada. Chego à janela e vejo a rua com uma nitidez absoluta. Vejo as lojas, vejo os passeios, vejo os carros que passam, Vejo os entes vivos vestidos que se cruzam, Vejo os cães que também existem, E tudo isto me pesa como uma condenação ao degredo, E tudo isto é estrangeiro, como tudo.) Vivi, estudei, amei e até acreditei. E hoje não há mendigo que eu não inveje só por não ser eu. Olho a cada um os andrajos e as chagas e a mentira, E penso: talvez, talvez nunca vivesses nem estudasses nem amasses e nem acreditasses (Porque é possível fazer a realidade de tudo isso sem fazer nada disso); Talvez tenhas existido apenas, como um lagarto a quem cortam o rabo E que é rabo para aquém do lagarto remexidamente Fiz de mim o que não soube E o que podia fazer de mim não o fiz. A roupa que vesti era errado. Conheceram-me logo por quem não era e não desmenti, e perdi-me. Quando quis tirar a máscara, Estava pegada à cara. Quando a tirei e me vi ao espelho, Já tinha envelhecido. Estava bêbado, já não sabia vestir a roupa que eu não tinha tirado. Deitei fora a máscara e dormi no vestiário Como um cão tolerado pela gerência Por ser inofensivo E vou escrever esta história para provar que sou sublime. Essência musical dos meus versos inúteis, Quem me dera encontrar-me como coisa que eu fizesse, E não ficasse sempre defronte da Tabacaria de defronte, Calcando aos pés a consciência de estar existindo, Como um tapete em que um bêbado tropeça Ou um capacho que os ciganos roubaram e não valia nada. Mas o Dono da Tabacaria chegou à porta e ficou à porta. Olho-o com o deconforto, com o desconforto da cabeça mal voltada E com o desconforto da alma mal-entendendo. Ele morrerá e eu morrerei. Ele deixará a tabuleta, eu deixarei os versos. A certa altura morrerá a tabuleta também, os versos também. Depois de certa altura morrerá a rua onde esteve a tabuleta, E a língua em que foram escritos os versos. Morrerá depois o planeta girante em que tudo isto se deu. Em outros satélites de outros sistemas qualquer coisa como gente Continuará fazendo coisas como versos e vivendo por baixo de coisas como tabuletas, Sempre uma coisa defronte da outra, Sempre uma coisa tão inútil como a outra, Sempre o impossível tão estúpido como o real, Sempre o mistério do fundo tão certo como o sono de mistério da superfície, Sempre isto ou sempre outra coisa ou nem uma coisa nem outra. Mas um homem entrou na Tabacaria (para comprar tabaco?) E a realidade plausível cai de repente em cima de mim. Semiergo-me enérgico, convencido, humano, E vou tencionar escrever estes versos em que digo o contrário. Acendo um cigarro ao pensar em escrevê-los E saboreio no cigarro a libertação de todos os pensamentos. Sigo o fumo como uma rota própria, E gozo, num momento sensitivo e competente, A libertação de todas as especulações E a consciência de que a metafísica é uma consequência de estar mal disposto. Depois deito-me para trás na cadeira E continuo fumando. Enquanto o Destino mo conceder, continuarei fumando. (Se eu casasse com a filha da minha lavadeira Talvez fosse feliz.) Visto isto, levanto-me da cadeira. Vou até a janela. O homem saiu da Tabacaria (metendo troco na algibeira das calças?). Ah, conheço-o, conheço-o; é o Esteves, sem metafísica. (O Dono da Tabacaria chegou à porta.) Como por um instinto divino o Esteves voltou-se e viu-me. Acenou-me adeus, gritei-lhe Adeus ó Esteves!, E o universo Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.
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