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Defendi um irmãozinho preto e pobre da torcida do Coxa e, ao contrário do que muitos da própria torcida diziam, consegui a liberdade dele.
Depois disso, os demais que precisavam de advogado me chamaram querendo me contratar. Fui num domingo de manhã em frente ao estádio, em dia de jogo, falei com eles, trato feito, aperto de mão, alguns clientes a mais.
Ufa! Tava precisando.
Mas logo que saímos fomos enquadrados, eu e meu amigo David Eustachio, ainda ao lado do estádio.
Os policiais disseram que éramos suspeitos de roubar carros nas imediações, revistaram, mandaram tirar tênis, palmilha, meia… tentaram nos humilhar. Mas não cedemos, fizemos tudo que foi pedido, em silêncio e sem deixar qualquer tristeza nos tomar. Era domingo de manhã, sol forte, dia bonito.
Mas os policiais insistiram, e depois da abordagem, enquanto a gente saía arrumando nossas coisas, um dos policiais gritou “sumam daqui seus lixo, tenho nojo de vocês, ainda quero ver vocês enterrados”.
Daí foi demais, não aguentei, falei com meu amigo e virei, apontei o celular para eles e perguntei o porquê de nos chamar de lixo e etc. Contrariados, mas sem negar o que disseram, apontaram arma para nós, tiraram o celular da minha mão à força, me algemaram e ainda disseram a uma testemunha que passava que a gente estava roubando celulares na rua, e por isso da prisão.
Na audiência, o juiz, cúmplice dos policiais racistas, ainda teve a audácia de perguntar o porquê da gente ter voltado e questionado os policiais, já que a gente já estava “liberado”.
E como se não bastasse, os policiais disseram que a gente se valeu de nossa cor para cometer crimes, o mesmo argumento utilizado pela juíza Sibele Coimbra Lustosa ao me condenar a pagar 16 mil reais de indenização a dois policiais que prenderam a mim e a esse meu amigo na praça 29 de Março enquanto jogávamos basquete.
Não é coincidência, é uma política.
Por isso nós continuaremos dizendo não, e pagaremos o preço que for necessário!