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Usina Santa Terezinha
O seu primeiro nome foi Meio Aparelho São Luiz, encravado no Engenho Santa Tereza, às margens do rio Jacuípe, divisão dos Estados de Pernambuco e Alagoas. Fundado pelo alfaiate Luiz Mascarenhas, no município de Água Preta.
O coronel José Pessoa de Queiroz era um grande comerciante de tecidos do Recife, e se fez usineiro comprando, no dia 26 de fevereiro de 1926, o Meio Aparelho São Luiz.
No ano de 1929, o coronel José Pessoa fundou uma nova usina de fabricação americana, EI-LA, gigantesca, eficiente, implantada na melhor área agrícola dos dois Estados (Pernambuco e Alagoas).
Em 1930, a Usina Santa Terezinha já era a terceira em capacidade no país, esmagando diariamente 1.600 toneladas de cana. Somente as Usinas Catende e Tiúma era superiores a ela, que no ano de 1936 inaugurou a destilaria de álcool anidro, a segunda do Estado.
“A Usina Santa Terezinha moeu na safra 1986/87. Mas tudo precariamente. Não há credibilidade em torno do destino final da Usina, que é um arremedo do que foi. Se chegou a esse dramático fim, sem luz do fundo do poço de dificuldades, sobre ela se espalha uma enorme sobra de um gigante que a idealizou, a construiu: José Pessoa de Queiroz, homem extremamente forte e decido. Eu me lembro dele, e a minha memória recua até o ano de 1914, quando num luxuoso automóvel da época, ia ver sua mãe D. Mirandolina, irmã de Epitácio Pessoa, na esquina da Rua do Sebo (Barão de São Borja), onde eu também morava. Vejo-o no seu palacete à Avenida Manoel Borba, durante um lanche que José Adolfo seu filho, e nosso colega na Escola Superior de Agricultura de São Bento, nos ofereceu. Morava num dos prédios maiores e mais luxuosos de Recife. Um dia, seus quadros, seu piano, seus móveis, suas cadeiras Luiz XV, tudo foi saqueado antes do incêndio que as hordas revolucionárias em 1930, atearam contra aqueles que não tinham o aval da Revolução, que venceria logo após. Relembro José Pessoa me procurando em nossa sala, no gabinete do IAA, no Rio de janeiro. Tinha voltado do exílio, retomado a sua usina das mãos da firma norte-americana, que fornecera quase toda a maquinaria da Santa Terezinha. Recebendo José Pessoa numa noite tempestuosa, - raios, relâmpagos, chuvas diluvianas, - juntamente com o advogado Bartolomeu Anacleto, me procurando, perdidos durante muito tempo, nas estradas de Piraí, e Barra do Piraí, no Rio de janeiro, molhado, enlameados afinal chegam à minha Fazenda da Boa Vista, em Piraí. Eu era presidente do Instituto do Açúcar e do Álcool e era fim de semana. Mas acima de tudo, José Pessoa, presidente da cooperativa dos Usineiros de Pernambuco precisava de uma medida urgente do IAA junto ao Banco do Brasil, para salvar uma meia-dúzia de usinas do Estados. O pleito seria deferido prontamente, e famintos era mais de meia noite, José Pessoa e Bartolomeu Anacleto mataram a fome, e comendo salsichas e farofa de girimum. Homem de certa idade, para ele era religião ser ir devotamente à classe que ele dirigia com garra e inteligência. Relembro a minha ida, como presidente do IAA, em 1952 à Usina Santa Terezinha, visitando a fábrica e principalmente o campo onde ele executava uma grande obra de irrigação, melhorando tecnicamente a produção de canas em suas terras. Ele era um dinâmico empresário, um idealizador de planos, um tanto romântico sob muitos aspectos, um fantástico otimista, ele superou muitas dificuldades pelo ânimo que lhe dava um sentido positivo de vida. Tendo deixado as funções públicas, sem poder e sem mando, nunca José pessoa de Queiroz deixou de me procurar no fim do ano, para me desejar felicidades para o Novo Ano que ia começar. Só falhou quando a doença o prostrou e assim, foi definhando, diminuído de corpo aquele homem forte e bom. Morreu desmemoriado, depois de uma longa doença. E Hoje se pode sentir a sua presença naquilo que resta da obra monumental que ele erigiu em Santa Terezinha e nas terras que ele acumulou para a produção de canas de sua usina. Sobre ela se espalha a sombra do gigante, à procura do barulho das moendas que não trabalham como antes, do silvo das caldeiras; das turbinas, e não vê mais as linhas de ferro que venderam como ferro velho. José Pessoa de Queiroz, foi um homem que nunca chorou. A sua sombra de homem triste deve chorar em volta de um sonho em ruína. Santa Terezinha é hoje somente uma lembrança.”
Trecho do livro: História de outra fotografia. Gileno De’ Carli - 1992
O patriarca da família, José Pessoa de Queiroz, faleceu em dia 23 de setembro de 1971, aos 90 anos. Deixou do seu casamento com dona Tereza Cordeiro de Queiroz, falecida dez anos antes do marido, os seguintes filhos: Fernando, José Adolfo, helena, Dulce, Guilherme e Edgar.
Atualmente, apesar da Usina não mais produzir açúcar e álcool, produz arte, produz lazer, movimenta o ecoturismo, gerando emprego e renda para os moradores locais.
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