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Capela de Nª Srª da Guia
Capela de Nª Srª da Guia
É muito provável que a capela de Nossa Senhora da Guia corresponda à ermida de São Julião, existente junto à foz do rio Ave, e referenciada na documentação do século XI, mais precisamente, no inventário dos bens pertencentes ao Mosteiro de Guimarães, com data de 1059.
A sua edificação é, portanto, anterior à primeira metade do século XI, tendo incluído, posteriormente, um forte para assegurar a defesa da barra.
Não se sabe, ao certo, a época de construção da igreja que hoje conhecemos, mas tudo indica tratar-se de um imóvel Seiscentista, de arquitectura depurada, e que foi objecto de diversas campanhas de época barroca. Os azulejos da nave assim o indicam, pois o seu padrão de laçarias, identificado por Santos Simões, no seu corpus da azulejaria do século XVII, como P41, é próprio da primeira metade desta centúria, conhecendo-se outros exemplos da sua aplicação, datados de 1636.
A grande reestruturação, ou reedificação do templo deverá remontar, então, a este período, muito embora a depuração arquitectónica que se observa em todo o edifício dificulte cronologias mais precisas. A sua estrutura, com duas naves, e sacristia ao lado da capela-mor, pode denunciar, exactamente, as adaptações e reaproveitamentos de que o imóvel foi alvo.
Por outro lado, a abóbada que cobre a capela-mor, não deixa de recordar a próxima capela do Socorro, edificada no início de Seiscentos. Já do século XVIII são os azulejos figurativos da capela-mor, de fabrico coimbrão. Representam o Pentecostes e Nossa Senhora que, rodeada por anjos, protege um barco à deriva num mar revolto.
Não é possível determinar a ocorrência de mais do que uma campanha de obras, mas o corpo correspondente à sacristia deverá ser posterior ao da capela-mor, pois a parede Norte foi demolida, não apresentando os azulejos de padrão que originalmente teria possuído.
Por seu turno, estas alterações estão presentes, também, no "(...) beiral de pedra, que hoje está dentro da sacristia, mas antes das obras deveria ter pertencido à parte exterior da capela, mostram que sofreu um grande aumento".
Se as fachadas exteriores não apresentam elementos dignos de nota, o interior surpreende pela profusão de azulejos, talha e pintura, definindo um espaço claramente barroco.
O tecto da nave é coberto por caixotões com pinturas de episódios bíblicos, e do lado do Evangelho encontra-se um púlpito com balaustrada de madeira. O arco triunfal, com duas colunas e arco de volta perfeita, integra-se numa composição de talha dourada sobre fundo branco, que engloba os altares colaterais.
Na capela-mor, o retábulo apresenta as mesmas tonalidades, mas é mais tardio, pois a sua linguagem depurada aproxima-se já do neoclássico.
Por fim, o enquadramento envolvente foi alvo de beneficiações, em 1940, com a colocação da cruz no topo da escadaria de acesso a esta ermida, implantada junto ao rio.
Musica: Kitaro - Song for Peace