Oscar Wilde dizia que um homem dificilmente supera uma mulher em sua vida, depois de aturar a mãe; ainda parafraseio sua opinião sobre o poder das palavras: pouco mais do que palavras são necessárias para uma impiedade - elas são “merciless”. E por final, seu motto de vida: “eu posso resistir à tudo, menos a tentação. O dia começou como todos os outros. Examinei minha medicação, e vi que algo estava entranho. A cama era uma espécie de artefato que conduzia ondas magnéticas, controlando os desígnios do expectador. Sensações de prazer derivadas de filmes eróticos eram punidos; defesa da Igreja Católica também; testei vídeos de transexuais: a procura por excitação no reto refletida na tela era conduzida com movimentos da órbita, de natureza magnética. “Ai que saco, Marco” “Marina, vou te mandar meu editorial” “Manda para meu pai, que tal? Voltei ao bloco de notas, desolado. Catei na estante “Mrs. Dalloway” e pensei em utilizá-lo como base para um conto sobreposto, mas senti preguiça. A Novartis estava contra mim, pensava, iracundo, até que, na rua, uma buzina imitava um grilo ou um frango em síncope. “Paraná em obras, afinal”, denunciei para o espelho, ainda amuado. Resolvi voltar ao trabalho. (...) As narrativas tornavam-se lúgubres, a cada dia. Os “agulhas negras” tinham criado um dispositivo - uma capsula magnética - e muito do que se sabia à respeito disso contemplavam, no máximo, um Dan Brown. “Isso é apenas uma lenda urbana... Daqui a pouco você vai levar até o Olavo de Carvalho a sério!” “Ora, eu aprendi o que é ataque ad hominem com o Olavo. Em 2005, eu o descobri através do blog de Alexandre Soares Silva, e passei a consumir os conteúdos, principalmente aquela palestra com o russo Alexei. Enfim, ele fez de um Messias um presidente...” “Você nunca fala a sério, né André do Val...” “Sou ignaro por demais. Mas sou intenso.” Entrou no facebook: porque Eloisa Bartmeyer incluiu ele na foto? Estaria ela solteira - pensou, cheio de boas intenções. Mandou por messenger uma mensagem: “Me receitas cloroquina. Beijos, sumida, rs rs rs.”