No território brasileiro, existem 266 povos com mais de 150 línguas diferentes. Conforme o Art. 231 da Constituição, são reconhecidos aos índios sua organização social, costumes, línguas, crenças e tradições, e os direitos originários sobre as terras que tradicionalmente ocupam, competindo à União demarcá-las, protegê-las e fazer respeitar todos os seus bens. Atualmente, temos no Brasil o Ministério dos Povos Indígenas, liderado pela ministra Sonia Guajajara. Vanessa é natural do Rio de Janeiro, mas sua ancestralidade é fluminense, goytaca por parte de pai. Sua família tem origem no território de Conceição de Macabu, de onde ela herdou sua etnia. Além disso, tem o avô por parte de mãe, que é oriundo do povo Tabajara, na Paraíba. Seu povo sofreu o primeiro genocídio por guerra biológica das Américas, por isso, sobre cultura, ela sabe por teses de mestrado, doutorado e estudos antropológicos. O Brasil foi invadido em 1500, tendo seus povos dizimados, escravizados e suas mulheres violentadas. Foi só a partir de 1551 que começaram a chegar mulheres em território brasileiro, com o propósito de se casarem com colonos que aqui estavam. Vanessa é uma mulher múltipla. Já foi cabeleireira, é empreendedora, entrou no mundo audiovisual e atualmente trabalha como guia de turismo pedagógico com foco no resgate da história indígena carioca. Entrou no mundo do turismo quando uma amiga manicure foi estudar sobre o tema e disse que era a cara dela, por se comunicar bem. Foi assim que ela investiu na área, mas já tinha em mente que em algum momento iria migrar de função devido à sua transição de gênero. No Brasil, transfobia é crime, mas ainda somos líderes como o país que mais mata pessoas trans. As principais vítimas de transfeminicídio são mulheres trans e pessoas transfeminadas. De acordo com um relatório da Transgender Europe, 96% das pessoas assassinadas em todo o mundo pertencem a esses grupos. Além disso, 58% das pessoas trans assassinadas eram profissionais do sexo. A idade média das vítimas é de 30 anos, com 36% dos homicídios ocorrendo na rua e 24% em suas próprias residências. Como começar a mudar essa realidade? Colocando mais Daniela Balbi e Erika Hilton dentro dos parlamentos. Perguntei à Vanessa: Ana: “Você é indígena e uma mulher trans, e vivemos no Brasil. Como é a sensação de insegurança em um país que mata?” Vanessa: “Nunca tenho a certeza de voltar para casa. Isso é um fato! E tenho que ser estratégica nos caminhos e em tudo que se refere à sexualização do corpo feminino. Evito roupas sensuais e afins. À noite, raramente saio desacompanhada.” Queria convidar você a assistir a este podcast. Vanessa sente medos que atravessam mulheres, pessoas trans, pessoas indígenas, pessoas fora do padrão eurocêntrico. Mas, para além desse medo, hoje ela é uma voz que vai atingir futuras gerações. O mundo ideal seria um mundo sem essas lutas, mas essa não é a realidade em que vivemos. --------------------------------------- Matéria: Ana Vitoria Gaspar Apresentação: André Felipe Alves Testemunha Ocular: Ana Vitoria Gaspar e Fábio Brum --------------------------------------- Comenta aqui em baixo para sugerir temas; Deixe sua opinião; Curta, comenta e compartilha. --------------------------------------- Para ficar sabendo dos próximos episódios e acompanhar nosso trabalho @afa_video www.afavideo.com.br
@wandinha5 ай бұрын
Sensacional. ❤
@retalhoscariocas52535 ай бұрын
Que mulher incrivel! Aulas e palestras! Agradecida por me fazer refletir com nova perspectiva varios pontos que a Vanessa colocou!❤
@alfafotoefilme5 ай бұрын
Super aula, quem tiver empatia, se emociona e adquire uma visão bem mais ampla capaz de amar mais. Vanessa poderia ser uma pessoa revoltada, violenta e triste, mas não é.
@victormiguelcruz74415 ай бұрын
Que podcast necessário, com essa mulher maravilhosa e ser incrível, compartilhando suas vivências com todos nós!
@saletesantosdeoliveira14365 ай бұрын
Parabéns pela conquista Vanessa 👏👏👏👏👏
@afavideooficial5 ай бұрын
Obrigada a todos
@ClaudiaOliveira-en8ze5 ай бұрын
Amei!!!! Quando nossos olhos estão voltados para o exterior das pessoas, condenados a "achar" e julgar, como inferior ou superior, vem esse ser humano, pertecente a vários recortes socias, nos mostrar que a criação é a base de tudo. Independente de quem te crie, a educação, os princípios de caráter, o respeito e a empatia com o próximo te torna um ser humano capaz de enfrentar os obstáculos da vida. Parabéns por essa entrevista. Que venha a segunda parte.