Assassinos da Lua das Flores (Crítica) - Martin Scorsese e o pacto da branquitude

[@lueluideandrade952]

Muito bons debates. ❤

[@VinteeQuadro]

Obrigado, é a ideia :)

[@annasantoro5075]

"Eu acho isso muito triste." É uma história horrivelmente triste, querido. Se vai contar a história tem de mostrar, ora!

[@VinteeQuadro]

Isso = o discurso do filme, não o que aconteceu rs. Mas agradeço o contraditório. Essencial debater e a caixa vai estar sempre aberta para réplicas e tréplicas :)

[@annasantoro5075]

Sim, a gente precisa ver essas mortes! (Assim como a gente precisa ver as mortes do genocídio em Gaza.) A única exceção é quanto à morte de Anna: a descrição + o posterior flashback ficou redundante e pesado de fato.

[@VinteeQuadro]

Respondi no outro comentário, mas a forma como a morte da Anna é tratada e o discurso do Scorsese no final me fez repensar todas as demais. Por isso o incômodo, mas sim, estou de acordo com a sua primeira frase

[@annasantoro5075]

Ok. Ainda não cheguei ao fim do vídeo, mas preciso me pronunciar sobre a "crítica ética" segundo a qual referir-se aos assassinatos seria revitimizar os Osage. No obituário, ou se menciona os assassinatos para sublinhar o papel de ativista que Molly teve ou se omite totalmente essa sua faceta de pessoa pública. E ainda há a importância da denúncia desse massacre quase apagado da História. Mas, pela ótica do belo crítico sem bigode, talvez fosse melhor nem ter feito o filme pra que os Osage não fossem mostrados como as vítimas que de fato foram. Assim, eu e muitos ficaríamos na ignorância em relação a + esse crime do "pacto da branquitude".

[@VinteeQuadro]

Mostrar as mortes não é o problema, mas a forma como elas são mostradas. A redundância da descrição de como uma das irmãs morreu (em palavras e em imagens), a necessidade de falar do legado de uma pessoa pelas mortes que a rondaram etc. É isso! E sou terrivelmente contra quem vê necessidade ou o contrário de um filme existir. Mesmo aqueles que não concordamos com o discurso são essenciais para mostrar um valor da época retratada ou pelo menos dar luz a um tema apagado.

[@ilitch_castro]

Deixando meu like pra dizer que concordo com vários pontos, especialmente sobre a exposição desnecessário do assassinato de Anna Brown, logo após a confissão do autor no julgamento. Discordo da leitura do Éder sobre a passividade de Moly. No livro, bem como na história, Moly fica envenenada lenta e gradualmente, o que impossibilita qualquer ação racional, enquanto os brancos planejam o que fazer com ela. A "passividade" e a tirada de cena não são criações da dupla de roteiristas. Trata-se de mais uma vileza dos envolvidos nos crimes. Houve uma opção narrativa de expor a miséria moral e o racismo dos brancos e, embora entenda a insatisfação da comunidade Osage com a abordagem (sou descendente de indígenas), penso que seja extremamente eficaz como exposição do racismo estrutural, da ganância capitalista, do ethos e do processo de formação social daquela nação.

[@VinteeQuadro]

Pois é. Acho que é mais difícil e, se bem-sucedido como é, eficaz criticar a miséria dos brancos partindo de um ponto de vista branco. É o que o Haneke e Buñuel já fizeram bem. E bem, Natan escrevendo aqui, então de acordo com tudo que você fala sobre as personagens indígenas! Obrigado pelo carinho de sempre

[@annasantoro5075]

Volto daqui a uns dias qdo já tiver assistido ao filme.

[@VinteeQuadro]

Boa, aguardamos o comentário :)

[@matheusjustinodossantos7500]

Mais um excelente vídeo, como sempre!

[@VinteeQuadro]

Obrigado pelo carinho de sempre!

[@lucasrsv]

concordo e discordo parcialmente dos dois kk, pra mim o problema é que na medida em que denuncia o massacre dos brancos, não consegue dar protagonismo aos personagens indígenas. e seu começo engana, parece seguir um caminho diferente, mas durante quase todo o seu desenvolvimento soa quase como se fosse um outro clássico filme de máfia do scorsese, enquanto usa o fato de envolver indígenas como um mero background. e sim, sei que é uma decisão do filme contar a história a partir da perspectiva dos brancos, mas soa incoerente quando o encerramento ocorre da maneira oposta, na tentativa de compensar o que não foi feito ao longo do desenvolvimento (aqui estou falando especificamente da cena final e da cena da Molly questionando o Ernest). a Molly, por exemplo, não aceita ser cuidada pelos médicos, mas o Scorsese desvia das possibilidades de explorar isso, e a personagem só é curada quando é levada a um hospital da cidade. é quase como se os indígenas aqui não tivessem outro papel além de serem explorados e mortos pra que a denúncia seja feita.

[@VinteeQuadro]

Valeu pela discussão, Lucas. Eu tenho a impressão de que mesmo no final o ponto de vista é dos brancos. Mollie se revolta, mas ela sai da sala e a gente fica com o DiCaprio. No fim, a gente ouve o Scorsese e outros homens brancos reencenando a história da Mollie. Acho que aqui ele explicita ainda mais que tudo sempre foi contado desse ponto de vista. Então, acho que a proposta é deixar os indígenas sempre de plano de fundo, ainda que se sensibilize com a causa deles e queira fazer jus a isso. O problema é que aí o discurso do filme, com a forma que filma eles, marginaliza eles mais. Aí eu acho que sai da proposta e entra na visão do diretor sobre essas mortes. Pra mim, aqui tem essa contradição muito forte que discutimos no vídeo. Agora sobre o hospital dos brancos como solução, interessante. Não tinha parado para pensar nisso!

[@leticiamnmelo]

Ótimas ponderações sobre a representação das mortes dos indígenas no filme, fazendo-se a ressalva à filmografia do Scorcese e também ao comparativo da visibilidade dada às mortes brancas. Mais uma ótima crítica, meninos!

[@VinteeQuadro]

Valeu, Lê! O Scorsese é brabo, mas é preciso questionar também :)

[@Rafylt]

Sempre passo só pra dar o like, dai volto depois de assistir os filmes 😅

[@VinteeQuadro]

Um querido faz assim ❤️