Castanhas do Iratapuru - Amapá

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Күн бұрын

O Rio Iratapuru, no Amapá, tem águas turbulentas. Eudimar dos Santos Viana trabalha no meio da floresta, onde também tem cooperativa de castanheiros. No finzinho da época da coleta da castanha, nenhum dia pode ser desperdiçado. Os cooperativados da floresta não podem se dar ao luxo de escolher em que dia vão trabalhar. Faça chuva ou faça sol, o grupo não pára.
Um acampamento erguido na margem do rio é uma espécie de dormitório e depósito. Mas a castanha ainda está longe dali. Depois de quase duas horas de caminhada, os ouriços finalmente aparecem. Eles despencam de árvores gigantes as castanheiras, símbolos da Amazônia e escondem um tesouro cobiçado.
Há mais de cem anos o fruto das castanheiras é aberto com uma machadinha. De repente, o castanheiro Antônio Baía do Nascimento aparece na trilha. Ainda era abril quando ele saiu de casa para catar castanha na floresta. Pode acreditar: 60 anos de idade e 80 quilos de carga nas costas.
Há até bem pouco tempo, todo esse esforço era a troco de quase nada, porque os castanheiros não tinham para quem vender a produção. Quem ganhava com o trabalho deles eram grandes comerciantes que apareciam de barco na região fazendo trocas.
"Tinha gente que trocava uma carga de castanha por uma lata de leite. Isso foi com meu bisavô, com meu avô e um pouco com meu pai", lembra Eudimar, que é presidente da cooperativa Comaru e o primeiro, de quatro gerações, a conseguir ver resultado.
Homens e mulheres passam meses na mata catando castanha. Na vila, fica a castanheira Rosa Gomes Pinheiro, cuidando das crianças. É como se todo mundo fosse da mesma família. "Tem que ter bastante união mesmo. Acho que se alguém tentar viver sozinho aqui morre", diz.
O que esperar de 37 famílias que passam os dias isoladas à beira de um pequeno rio na Amazônia, vivendo do que a floresta dá? União, solidariedade, discussão de problemas? Nada disso é novidade para essa gente. Muito tempo antes de as cooperativas terem sido inventadas, o espírito delas já andava pela região. Junte isso tudo com uma receita de biscoitinho, e olha só o que aconteceu...
Um quilo de farinha, um quilo de manteiga, um quilo de açúcar, um quilo de castanha bem moída e fermento. Depois, 20 minutinhos no forno. Dona Rosa conta que o biscoitinho mudou a vida da comunidade. Fez uma diferença muito grande. Antes, vivíamos na mão dos atravessadores e trocávamos nosso produto por alimentos. Dinheiro, que era bom, não tinha.
Graças à receita, de R$ 0,05 o quilo na época dos atravessadores, a castanha passou a valer na era do biscoito R$ 1 o quilo. Vinte vezes mais! A produção ia toda para a merenda escolar dos alunos da rede pública. O dinheiro começou a entrar. Veio a energia elétrica, e logo surgiu uma indústria no meio da selva.
Mas há quatro anos o espírito de união passou por uma prova de fogo. "No dia 1º de outubro de 2003, às 3h, a fábrica pegou fogo. Criança, mulheres, velhinhas todos carregavam água para conseguir apagar. Mas quanto mais jogavam mais incendiava", lembra o castanheiro Sebastião Freitas Marques.
Onze anos de trabalho viraram fumaça. Eles tinham tudo para desistir, se não fossem de um lugar onde renascer faz parte da vida.
A comunidade recomeçou do zero. Vendendo as castanhas, compraram uma prensa e já estão produzindo óleo. Os cooperativados da floresta estão de novo de cabeça erguida.
"Hoje nós temos a indústria de óleo. Já dá para achar graça porque entra dinheiro no bolso de cada um de nós", comemora Sebastião.
No tapiri central da comunidade, tem reunião quase todo dia. Apesar de todos os problemas, o sonho de voltar a vender os biscoitinhos não ficou para trás. Com o dinheiro que estão juntando, um novo forno vai ser comprado até o fim do ano.
"Com fé em Deus, um dia nós vamos voltar a vender biscoito de castanha no Amapá, do meio da floresta", diz Sebastião.
Exemplo não falta. Em Laranjal do Jari, a 150 quilômetros dali, outro grupo de castanheiros decidiu montar a indústria na cidade.
"Nós temos um secador industrial, uma caldeira, autoclave, 250 máquinas de metal para as operárias que quebram a castanha, empacotadoras a vácuo. Antigamente era só sonho. Idéias que se transformaram em projeto e hoje, 18 anos de trabalho depois, são uma realidade", diz o presidente da cooperativa Comaja, Eliseu Cardoso Viana. Patrimônio de R$ 3,5 milhões. "Na verdade, eu sempre dizia para todos que nós íamos conseguir. Hoje, dizer que nós conseguimos significa muito. Para trás, ficou a história ruim. Uma história que a gente não deseja que volte".
Mais informações:
Cooperativa Mista dos Produtores Extrativistas do Rio Iratapuru Comaru
Contato com Eudimar dos Santos Viana presidente da cooperativa
E-mail: eudviana@gmail.com
Cooperativa de Laranjal do Jari Comaja
Contato com Eliseu Cardoso Viana - presidente da cooperativa
E-mail: eliseu.cardoso@uol.com.br

Пікірлер: 12
@laurens678
@laurens678 4 жыл бұрын
Amo esse povo. Seria meu sonho trabalhar la há um tempo com eles, coletando castanha. Isso é vida rica mesmo pra mim.
@anevaldomouramattos8535
@anevaldomouramattos8535 2 жыл бұрын
Jesus o salvador do mundooo
@galanmegapixel
@galanmegapixel 13 жыл бұрын
Este povo é o maximo! Saudades seu Sabá e Dona Rosa.
@zallemsilva8316
@zallemsilva8316 6 жыл бұрын
La se vão vários anos
@francisconeto1838
@francisconeto1838 5 жыл бұрын
Isso qui é união parabéns povo valente
@edsonjosepeixer5071
@edsonjosepeixer5071 6 жыл бұрын
Saudades...Sr Antonio pescou comigo e me deu segurança quando estive na comunidade extrativista do Rio Uiratapuru e Rio Jari...
@brennoaguiar486
@brennoaguiar486 8 жыл бұрын
otima reportagem !!!!!isso que e documentario ! n essas porcarias que esses you tuber brasileiros postam!
@alexandreadalbertotorresde8483
@alexandreadalbertotorresde8483 3 жыл бұрын
Preciso do contato
@ualissonrodrigues104
@ualissonrodrigues104 7 жыл бұрын
saudades do meu velho ze arara
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