Com as florestas tropicais de várzea como bioma ancestral da tribo Euterpeae, E. oleracea emergiu primeiro em escala evolutiva. A região periférica amazônica como centro de origem (Clement et al. 2010) e registros fósseis de sementes há mais de 13 mil anos (Guimarães et al. 2011, Roosevelt 2013) fortalecem esta hipótese. Mais especificamente, a região estuarina do Estado do Pará (região periférica da Amazônia brasileira) é citada como centro de origem e possuidora das maiores populações e alta variação fenotípica (Oliveira et al. 2009, Clement et al. 2010). Supondo que as áreas montanhosas foram colonizadas a partir da floresta tropical de várzea e os táxons montanhosos são produtos de especiação recente e dinâmica (Gentry 1982, Pichardo-Marcano et al. 2018), então a distribuição atual de E. precatoria (Fig. 3) tipifica a transição e muda da floresta tropical de planície para as montanhas. As regiões de diversidade genética registradas em Sánchez (2013) para variedades de E. precatoria (E. precatoria var. longevaginata - corresponde à região dos Andes; E. precatoria var. precatoria - corresponde à Amazônia Central e Ocidental) oferecem suporte para esta postulação (Fig. 3). Considerando a Amazônia como centro de origem e diversidade genética da Euterpe, Reis et al. (2000) levantaram a hipótese de que E. edulis pode ter se originado da radiação adaptativa de espécies amazônicas e ter sido dispersada na Mata Atlântica por populações indígenas nômades ou mesmo pelo fluxo migratório de animais de grande porte. Pichardo-Marcano et al. (2018) propuseram que eventos ambientais dos biomas cerrado e caatinga poderiam ter promovido barreiras ao fluxo gênico, o que por sua vez causou o isolamento e especiação de E. edulis. A ocorrência de E. oleracea e E. edulis no bioma cerrado podem ser vestígios desse passado recente de especiação. Lopes e cols. (2021) estudaram características evolutivas em E. edulis e E. oleracea comparando seus plastomas completos. As descobertas sugerem que fatores ambientais exercem pressão seletiva sobre o plastoma, e assinaturas positivas para variantes de aminoácidos foram identificadas em E. edulis, indicando variações genéticas adaptativas influenciadas pela especiação vicariante. Tal como acontece com outras palmeiras e árvores na Amazônia, a importância do açaí como alimento desde os tempos pré-colombianos levou a processos precoces de domesticação e dispersão, e a influência de intervenções humanas passadas ligadas a processos ambientais e evolutivos parece ter impulsionado padrões modernos de distribuição (Levis e outros 2017). Considerando a ampla gama de fatores ambientais importantes para o estabelecimento de palmeiras em geral (Einserhardt et al. 2011), estudos ainda precisam explorar essas complexas interações ecológicas e como elas influenciam os atuais padrões de diversidade para açaizeiros. Textos tirado do artigo: A review of the genus Euterpe: botanical and genetic aspects of açai, the purple gold of the Amazon Botanical Journal of the Linnean Society, 2024, XX, 1-13 doi.org/10.1093/botlinnean/boae060 Advance access publication 12 September 2024.
@LerivaldoLenílson16 күн бұрын
Olá Patrícia muito boa suas matérias sobre a juçara ou Euterpe eudules.onde poucas pessoas falam e sabemos que a juçara e muito saborosa
@PatriciaChamma16 күн бұрын
@@LerivaldoLenílson Sim, estou atrás da juçara de touceira para deixar na Embrapa para pesquisas seria interessante pesquisadores estudarem ela, ela é mais rara e recentemente um artigo publicado por pesquisadores brasileiros numa revista inglesa trouxe uma novidade o que tornaria mais justificável explicar porque existe juçara de touceira na Bahia e Espírito Santo e possivelmente em Minas Gerais e talvez no Rio de Janeiro, a teoria diz que o centro de origem das 8 espécie de açaí que ocorre no mundo tem seu centro de origem na Amazônia e possivelmente o açaí do pará(Euterpe oleracea) emergiu primeiro na escala evolutiva e deu origem a todas as espécies de açaí, pesquisas de arqueobotânica em sítios arqueológicos mostram muitas evidências disso, possivelmente a juçara(Euterpe edulis) surgiu das espécies de açaí da Amazônia a teoria diz que por processo de especiação e isolamento por fatores climáticos deu origem a juçara, que suas sementes de seus ancestrais foram levados por povos indígenas nômades ou animais de grande porte, eu acredito que eram da megafauna e dispersaram na Mata Atlântica e isso tem muitas evidências porque foram encontrados sementes de açaí do pará no cerrado e também da juçara e outra essa juçara de touceira ser encontrada mais na Bahia mostra mais isso.
@PatriciaChamma16 күн бұрын
@@LerivaldoLenílson Eu não sei se você já leu artigos de arqueobotânica e palinologia e da Embrapa da Amazônia Oriental que é a do Pará, nos artigos que li diz que a variedade Açu de monocaule(pé único que é da espécie Euterpe precatória o açaí do amazonas) registrada no município de Castanhal no Pará pesava de 10 kg a 15kg e geneticamente era mais parecido com a juçara(Euterpe edulis), aí quando você vai ler o artigo de palinologia diz que a juçara(Euterpe edulis), onde foi feito sequenciamento genético das 2 espécies de açaí que ocorre na Amazônia e da juçara, mostraram que a juçara é uma espécie de açaí intermediária entre o açaí do amazonas(E.precatoria) e o açaí do pará(E.oleracea) e que parecia mais com o açaí do amazonas que com o açaí do pará uma parte do sequenciamento genético do DNA dessa espécie e a juçara parece muito mesmo com o açaí do amazonas até comportamento e aparência em alguns aspectos, por isso que o povo do Amazonas, chamam o açaí do amazonas o Euterpe precatoria de "juçara", se você for dizer onde tem açaí da variedade açu quase ninguém conhece por esse nome no Amazonas, mas aí você já vai saber quando falarem que esse açaí é o "juçara" já sabe que é da variedade Açu do Euterpe precatoria, os cachos dessa variedade de açaí pesam de 10 kg a 40 kg no Amazonas,mas só em algumas localidades do Estado do Amazonas que chegam a pesar 40 kg não é em toda localidade porque o açaí sofre variabilidade genética e Açu significa grande, isso quer dizer que tanto o cacho como o caroço são maiores!
@PatriciaChamma27 күн бұрын
Açaí do pará plantado no Amazonas em Humaitá: 👇🏻 kzbin.info/www/bejne/famckJxnhZWcmrMsi=a517bWLq08GQ6xDO
@PatriciaChamma29 күн бұрын
Esse vídeo é da variedade açu branco do açaí do pará(Euterpe oleracea) ele pesa um cacho de 10 kg a 15kg, cacho é maior que todas as outras variedades dessa espécie de açaí.👇🏻 kzbin.info/www/bejne/oaSXpKGjjK-sZ5osi=4ktU9p_2g0DVFwPM No Brasil, ocorre a maior diversidade de espécies do gênero Euterpe, com registro de cinco das sete espécies consideradas por Henderson e Galeano (1996), a maioria localizada na Amazônia, sendo quatro epítetos infraespecíficos, sem subespécies e quatro variedades, todas terrícolas e de porte arbóreo (Leitman et al., 2015). E. edulis Martius é nativa da Mata Atlântica e endêmica, sendo explorada comercialmente para palmito e mais recentemente para polpa. As demais têm ocorrência na Amazônia, com exploração para polpa e palmito: E. oleracea Martius, nativa do lado Oriental e não endêmica, é atualmente plantada em escala comercial em todo o Brasil para o mercado de polpa; E. longibracteata Barbosa Rodrigues também ocorre no lado Oriental; enquanto E. precatoria Martius (var. precatoria e var. longevaginata) e E. catinga Wallace (var. catinga, var, roraime) ocorrem no lado Ocidental. E. oleracea possui variações morfológicas denominadas de etnovariedades ou tipos. Em suas populações naturais, o tipo predominante é o violáceo, mas existe o verde, também chamado de branco ou tinga, o espada, o vareta, o açu, o sangue-de-boi, o chumbinho, o petecão e o una (Oliveira et al., 2000). Esses tipos se diferenciam no número e diâmetro do estipe, na coloração e tamanho dos frutos maduros, nas inflorescências com ramificações de diversas ordens e na composição química dos frutos, especialmente no teor de lipídios e na presença de antocianinas (Rogez, 2000). Alguns deles sugerem que a espécie pode ter sido selecionada por diferentes grupos indígenas em diferentes partes do baixo Rio Amazonas, indicando o início do processo de domesticação. Tirado de: Açaí Euterpe oleracea.Procisur. Instituto Interamericano de Cooperación para la Agricultura (IICA), 2017
@PatriciaChamma28 күн бұрын
Branqueamento do açaí para evitar doença de chagas e outras contaminações kzbin.info/www/bejne/h3nNknaNq9FpqrMsi=IJAxGuWj71G81PPC