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Ouve!
Ouve.
Ouve o sussurro reconfortante
Do vento nos ramos do salgueiro.
Ouve os estalos d'água da fonte solitária
Vertendo pureza e servindo sem o saber.
Escuta o recital da asa branca
Profundo e rouco atrás de um par que a aceite.
Escuta o canto simples das cigarras
Ecoando na floresta em noites de verão.
Percebe o bater transparente das asas do beija-flor
Frenéticas, quase oitenta vezes, num único segundo.
Percebe o rufar do trovão à distância
Anunciando novo movimento na sinfonia do céu.
Descobre a complexa canção das baleias
Correndo grandes distâncias na imensidão marinha.
Observa a areia regendo as vagas no calar da noite
Nenhum compasso se repete. Uma pauta sem fim.
Ouve o coração acelerado
De quem acabou de voltar ao mundo
Na ânsia de ser mais.
Ouve!
A música do Grande Compositor está em todo lugar.
Desperta e ouve!
Mas, ouve com atenção
Pois, a voz da beleza - falava um grande sábio
A voz da beleza fala baixo...
* *
Camille Flammarion, importante astrônomo e pesquisador psíquico francês, assim se expressou, com propriedade:
Em todas as províncias da vida, a mão do Criador inteligente e previdente se revela aos olhos que sabem verdadeiramente ver.
E sempre que a dúvida nos perturbe, nada melhor se nos impõe que o estudo acurado da natureza, porquanto todos os que tiverem consigo o sentimento do belo e verdadeiro, ante o espetáculo maravilhoso da Criação, logo terão dissipadas as nuvens, qual floração de luz.
A natureza tem harmonias para a alma, tem quadros para o pensamento, tem tesouros para as ambições do Espírito e ternuras para as aspirações do coração.
Sim, ela os tem, porque não nos é estranha. Somos um com ela.
Fazemos parte da grandiosidade do Universo. Somos parte dessa natureza encantadora que cada dia nos surpreende com suas habilidades, perfeições e mistérios.
Precisamos aprender a nos conectar melhor com tudo isso.
A vida moderna nos privou do contato mais constante com os outros seres vivos. O verde passou a ser visto enquadrado em poucas paredes, quando nos permitimos construir janelas.
Areia, grama, pássaros passaram a ser atrações eventuais e não mais convívios diários.
A beleza continua estuante ao nosso redor, por vezes, praticamente gritando: Estou aqui. Mas, não temos tempo, não temos ânimo e nem interesse.
Curioso ver o ser humano doente, agoniado, ansioso, inseguro, com o remédio claramente ao seu lado...
A conexão com Deus através da natureza tem poder terapêutico.
A natureza nos acalma, nos ensina sobre a paciência, nos dá lições de persistência. Desenvolve na alma a empatia, a sensibilidade e tantas e tantas outras virtudes.
Que possamos nos permitir mais momentos de vida na natureza.
Que, assim como outros bons hábitos diários, acrescentemos os momentos de contemplação, a visita e os cuidados com um jardim, namorar o canto de alguns pássaros...
Percebamos esta vida maior que nos envolve. Percebamos o quão grande e bela é a Criação Divina e que fazemos parte dela com muita honra e alegria.
Redação do Momento Espírita, com base no poema Ouve,
de Andrey Cechelero; pt. 4, cap. 2 e pt. 5, cap. 1, do livro
Deus na Natureza, de Camille Flammarion, ed. FEB.
Em 15.6.2023.
Fontes:
Foto de 启明 夏: www.pexels.com...
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