Рет қаралды 2,754
Sou Maeli, Psicóloga e trabalho com a perspectiva decolonial na prática da Psicologia. Isso significa que eu utilizo de bases epistemológicas não hegemônicas, ou seja, teorias sociais que não partem da ideologia colonizadora, eurocêntica, branca, heteronormativa e patriarcal. Para vocês entenderem, eu vou explicar: epistemologia significa conhecimento e ciência, uma base epistemológica é uma perspectiva de estudo social sobre a sociedade, dizer que a minha base epistemológica não é hegemônica, é dizer que ela parte da leitura de povos que foram colonizados e estão em lugares subalternos e não ocupam, em sua maioria, espaços de poder de decisão como a academia, a política e as instituições religiosas. Sabemos que a colonização aconteceu com o período das grandes navegações e, mais especificamente no Brasil, do momento em que os Portugueses chegaram no Brasil. E é por isso que a história possui um viés eurocêntrico, pois ela é contada a partir da visão de mundo dos colonizadores, então, já se sabe por exemplo que a igreja catequisou índios e negros para salvar as suas almas, impondo uma cultura e uma forma de pensar a espiritualidade importada da Europa. O resultado disso com a colonialidade que é a continuação desse processo colonizador na América, é a demonização de toda a cultura indígena e africana e uma constante desumanização desses povos tanto no âmbito do conhecimento, determinando o que deve ser considerado ou não conhecimento válido, no âmbito da corporalidade, determinando como esses corpos são tratados e aí a gente vê esse processo de forma micro, nas relações cotidianas de desvalorização (ex.: cabelo, tatuagens, ou na forma como os corpos performam a sua sexualidade) e de forma macro, na esfera política na participação social, no sucateamento de serviços públicos, como saúde, educação, cultura, lazer, etc. e por fim nas decisões políticas que envolvem a sobrevivência desses grupos, então quando se elege um presidente da República que extingue Conselhos, que são uma forma de participação social, ou toma decisões que põe em risco a integridade e existência desses grupos como a não demarcação de terras indígenas, a escolha de um homem negro que nega a existência do racismo na fundação Palmares, que é uma fundação de grande importância para População negra, e entre outras coisas. A própria negação de racismo e a criação da democracia racial que defende que somos todos iguais e brasileiros já é uma demonstração da colonialidade do poder, frente a um país que possui 13 milhões de pessoas na extrema pobreza, onde 72% dessa população é preta e parda. Então, a partir do reconhecimento da necessidade de uma ótica mais realista e uma narrativa que parte desses grupos que surge o grupo Modernidade Colonialidade constituído nos anos 1990 defendendo a opção decolonial para compreender e atuar no mundo, marcado pela permanência dessa colonialidade; é o giro decolonial. Essa perspectiva de estudos ainda é, em grande parte, das Ciências Sociais, então eu utilizo da interdisciplinaridade para dar corpo a uma Psicologia Decolonial. Dentre os autores que eu utilizo para isso estão Frantz Fanon, Aníbal Quinjano, Maldonato Torres, Ochy Curriel, Sueli Carneiro, Djamila Ribeiro, Joice Berth, Karla Akotirene, Achile Mbembe, Maria Aparecida Bento, Neuza Santos, e mais um punhado de autores que pensam em como as opressões são capazes de violentar a pisque humana e corromper a subjetividade.
Facebook e Instagram: @psimaelicalmon.
Música: Canto II (disponível em : • Canto II )