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Como parte das atividades da disciplina de Tópicos Avançados em Fisiologia, a mesa redonda foi realizada no Anfiteatro Pedreira de Freitas, no Prédio Central da FMRP-USP, no dia 14 de Outubro de 2011, entre 14:30 e 18:00. Teve como Coordenador o Prof. Dr. Norberto Garcia-Cairasco e contou com a participação de três palestrantes:
1. Prof. Dr. Edson Amaro Jr
"Ver para crer: se neuroimagem é a resposta, qual é a questão ..."
Professor Associado - Dep Radiologia. Faculdade de Medicina USP. NIF Neuroimagem Funcional - LIM44
2. Prof. Dr. Paulo Victor Miguel.
"ECOLIG: Inclusão e Expansão da Capacidade Humana Através da Neuroengenharia"
Professor do COTUCA/UNICAMP. Pesquisador do Departamento de Controle e Sistemas Inteligentes da FEEC UNICAMP.
3. Prof. Dr. Mario Sergio Cortella
"Para não apequenar a Vida!: Ciência e Decência"
Professor-Titular do Departamento de Fundamentos da Educação da PUC-SP.
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Finalizando as palestras, o Prof. Cortella "pensa um pouco" (palavras dele) sobre as duas palestras anteriores e inicia sua fala citando Francis Bacon com a ideia de "saber é poder". Isso o remete a outra ideia que a do "poder do saber". Nesse sentido questiona-se o porquê de tudo isso. Para que serviriam, fundamentalmente, todos os avanços apresentados? Qual a opinião da filosofia sobre os avanços científicos?
Segundo o Prof. Cortella, a pergunta fundamental que guiou (e guia) a humanidade, dando origem a ciência, religião, arte, filosofia é: "Porque existe alguma e não o nada?" ou "Por que as coisas são como são ao invés de outro modo?", ou seja, há uma razão para tudo ou poderá haver algo que exista somente pelo acaso?
Na busca de respondermos a tais questões, nos aprofundamos no conhecimento da biologia, da evolução, da inserção do homem na contemporaneidade. Assim corremos alguns riscos, entre eles o de nos apaixonarmos -- especialmente nós, cientistas -- pelo objeto de estudo o que levaria o cientista justificar de tal forma seu trabalho que poderia deixar de lado certos aspectos éticos, "porque a paixão é a suspensão temporária do juízo" e nessa suspensão temporária do juízo, passa-se a acreditar tão piamente no que se estuda que não é improvável que deixe de haver dúvida e quando não há dúvida não há avanço. Temos grandes exemplos disso na ciência, como foi o caso da aceitação da existência de neurogênese no cérebro adulto.
Em paralelo, ciência e filosofia têm respondido a questões diferentes sobre os mesmos assuntos uma vez que a ciência se preocupa e responder "como" algo acontece, enquanto que a filosofia se preocupa em (tentar) responder "porquê" algo acontece. Sob outro aspecto, ciência depende de provas, ou seja, testes, ensaios, com os quais seja possível estabelecer relação causal entre eventos, enquanto que a filosofia se enquadra no campo do "improvável", no sentido de que não se pode provar a filosofia.
Na busca dos porquês, o Prof. Cortella se posiciona quanto às tecnologias apresentadas pelos outros palestrantes e deixa claro que reconhece a relevância de cada uma, mas coloca-se cauteloso quanto a utilização, especialmente, dos protocolos do ECOLIG. No entanto, vale a pena lembrar que a existência da possibilidade não gera a obrigatoriedade, ou seja, talvez seja possível um dia pilotarmos nossos carros com a "força do pensamento", mas sempre teremos a opção de dirigir do modo tradicional.
Exatamente pelo fato de podermos experimentar e tirar conclusões é que somos capazes de nos modificarmos e modificarmos o mundo que nos cerca. Assim, o conceito de autonomia faz-se importante. O ser humano deve se pautar sempre pela busca da autonomia. Assim, um indivíduo que não enxerga passando a enxergar, um indivíduo que não anda passando a andar, aumenta seu grau de autonomia e se aproxima da qualidade de "ser humano", uma vez que tem a possibilidade de tomar decisões e realizar atos apesar da interferência do meio externo.