Suicídio e Espiritualidade

No mês de setembro amarelo, a meta é a prevenção do suicídio.
Quais seus fatores de risco e protetores?
O que as melhores pesquisas atuais mostram sobre como a espiritualidade se relaciona com o suicídio?
O Prof. Angus Deaton, Nobel em economia, tem chamado a atenção para impressionante aumento do que ele chama de "mortes por desespero" (por suicídio, overdose por álcool ou outras drogas e lesões hepáticas por álcool).
Essas mortes, que estão relacionadas à desesperança e indiferença em relação à vida, têm gerado, pela primeira vez em 100 anos, uma queda na expectativa geral de vida ao nascer nos EUA.
As causas mais profundas estariam na perda de sentido existencial, desestruturação familiar durante infância/adolescência e diminuição dos vínculos familiares e sociais duradouros.
Nesse sentido, o Prof titular de saúde pública da Univ de Harvard Tyler Vanderweele publicou recentemente em revista da American Medical Association um estudo que seguiu mais de 100.000 profissionais de saúde seguidos por mais de 15 anos.
A frequencia semanal a um grupo religioso se associou com redução de 68% das mortes por desespero em mulheres e 33% em homens. Mesmo após controlar para nível socioeconômico, estilos de vida, depressão e integração social.
Entre os mecanismos que podem explicar esses achados estão que a participação religiosa pode promover sentido positivo para vida e para as dificuldades, esperança, valorização da proteção do corpo (como templo de Deus), mensagens explícitas de desaprovação do suicídio e uso de drogas e promoção da conexão social.
Ainda sobre as relações entre religiosidade e suicídio, o maior e melhor estudo já publicado é do mesmo grupo de pesquisa e seguiu quase 90 mil enfermeiras nos EUA por 14 anos. Mesmo controlando para vários fatores sociodemográficos e clínicos, as enfermeiras que, no início do estudo, frequentavam um grupo religioso pelo menos 1x/semana, morreram 6 vezes menos de suicídio ao longo dos 14 anos em comparação com as que não frequentavam. É muito difícil encontrar um fator de risco u protetor que impacte 6 vezes as taxas de suicídio.
Um desafio é identificar por qual meio essa frequência a serviços religiosos impactou de modo tão marcante as taxas de suicídio. Análises identificaram que as pessoas que frequentavam tinham menores taxas de depressão, uso de álcool e maior integração social, todos conhecidos fatores protetores ao suicídio. No entanto, não foi por esses meios que a frequência protegeu do suicídio nesta amostra.
Artigo sobre impacto da religiosidade sobre as mortes por desespero:
jamanetwork.co...
Vale muito ver o testemunho do Prof. Angus Deaton no Senado americano e autor do principal estudo mostrando o aumento de mortes por desespero:
www.jec.senate...
Artigo da pesquisa que seguiu quase 90 mil enfermeiras por 14 anos
jamanetwork.co...
Apresentação com resumo das melhores pesquisas das relações entre espiritualidade e suicídio. Feita pelo Prof. Alexander Moreira-Almeida no IV Fórum de Prevenção ao Suicídio.do CRM-DF (Conselho Regional de Medician do Distrito Federal) em Set 2020..
• Espiritualidade e suic...
Neste episódio do Podcast Fé Com Ciência o Prof Alexander Moreira-Almeida comenta os fatores de risco e protetores para o suicídio e como a espiritualidade pode ser utilizada de modo protetor.
open.spotify.c...

[@DanielGontijo]

Bacana! Uma revisão sistemática sugere (a partir de alguns achados) que isso se daria por meio de crenças religiosas proibitivas a respeito do suicídio (e.g., a ideia de que quem tira a própria vida vai ranger os dentes eternamente no inferno). Qualquer coisa, trago a referência direitinho aqui depois. 😉

[@FelipeSilvafreud12]

Maravilha!!!